MB - Lusa
Bissau, 19 jul (Lusa) - O Presidente de transição da Guiné-Bissau, Serifo Nhamadjo, disse hoje que quer eleições gerais em abril do próximo ano e que o chefe de Estado eleito seja investido no cargo em maio.
"Eu quero que as eleições sejam feitas em abril - primeira e segunda volta - e que a tomada de posse seja em maio", afirmou Nhamadjo em entrevista à Agência Lusa, num primeiro balanço dos dois meses em que dirige a transição no país.
"É nesse quadro que estamos a organizar o calendário para concluirmos a cartografia, fazer o recenseamento que pretendemos que seja biométrico de forma global, meter também a confeção de passaportes e bilhete de identidade, criar um banco de dados que possa credibilizar qualquer eleição que se faça na Guiné-Bissau", disse o Presidente de transição, nomeado para o cargo após o golpe de Estado de 12 de abril, que depôs as autoridades anteriores.
Serifo Nhamadjo disse que até novembro terá todos os elementos necessários para poder, em fevereiro, marcar uma data exata para as eleições gerais. O Presidente de transição tem liderado pessoalmente reuniões de concertação entre as diferentes instituições que trabalham na preparação das eleições.
"Já tive três reuniões com os técnicos da CNE (Comissão Nacional de Eleições), da GTAPE (Gabinete Técnico de Apoio ao Processo Eleitoral), com os ministros das Finanças e da Administração Territorial, exigindo o cumprimento dessas ideias", disse Nhamadjo, acrescentando que os preparativos "estão muto avançados".
Sobre o país, Nhamadjo diz ser preciso "uma auditoria às contas e aos procedimentos", bem como às últimas eleições presidenciais - interrompidas pelo golpe de Estado e que tinham sido contestadas por ele e mais quatro outros candidatos - para que se saiba o que existe e o que as novas autoridades irão herdar.
O Presidente de transição afirma estarem em curso os preparativos para uma auditoria internacional às contas do Estado bem como ao banco de dados da CNE, mas desde já avisa que quem, das autoridades de transição, for apanhado à margem das leis e normas será levado à justiça.
Nhamadjo tem a consciência das dificuldades de gerir um país sem os apoios da comunidade internacional, que, à exceção da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental não reconhece as novas autoridades, mas ainda assim diz acreditar que "o pior já passou", uma vez que o país "soube evitar uma guerra civil".
"Felizmente estamos a conseguir que haja um diálogo entre os guineenses, para gerir a transição num espaço de tempo razoável, para que os doze meses sejam para as eleições legislativas e presidenciais, primeira e segunda volta, e tomada de posse do novo Presidente. Para que não passe nem um dia", sublinhou o Presidente de transição.
Serifo Nhamadjo diz ter corrido um risco quando aceitou ser Presidente de transição, mas fê-lo, disse, para "salvar o país".
"Pus em risco a minha carreira politica assumindo esta transição. Consciente de que não posso vir a candidatar-me. Mas o que está em causa é o país. Para mim o país está acima dos caprichos de qualquer político", enfatizou Nhamadjo.
"Eu acredito ter assumido uma responsabilidade num momento em que poucos ousariam fazê-lo. Desafiei tudo e todos para dar a minha contribuição para a estabilização do país", observou.
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