segunda-feira, 2 de julho de 2012

LADRÕES AO PODER? NÃO. ESSES JÁ LÁ ESTÃO!




Orlando Castro*, jornalista – Alto Hama*

A oposição, política, social, cultural e faminta diz que o governo português fracassou em todas as frentes. É falso, como todos sabem, a começar pelo milhão e duzentos mil desempregados.

"Para que serve esta receita que o Governo está a impingir aos portugueses?", questiona o líder socialista a propósito da ligeira derrapagem (três mil milhões de euros) na execução orçamental.

António José Seguro considerou que a "receita de austeridade somada a mais austeridade" é "um crime" e um "disparate", que "só aumenta o desemprego, atira as empresas para a falência, provoca mais empobrecimento e mais destruição da classe média", sem conseguir equilibrar as contas públicas.

Tivesse António José Seguro as qualificações de Passos Coelho (ser dono da verdade e de milhões de escravos), saberia que o mais importante não é a sociedade que se quer construir mas, apenas, a sociedade que se quer destruir.

Façamos um pequeno exercício de memória, sobretudo porque os portugueses estão anestesiados, sedados e lixados com o fantasma da crise, com a barriga vazia e com os bolsos cheios de… cotão. Quem terá afirmado que os políticos "recebem porcaria de volta dos cidadãos quando se lhes dirigem com falta de respeito e com promessas não-cumpridas"?

"Se lhes transmitirmos credibilidade os portugueses compreendem, se lhes falarmos sem verdade e com falta de respeito, eles compreendem que estamos a ser batoteiros e em Portugal já temos um Estado batoteiro", afirmou esse político.

Esse dirigente partidário falava no Bom Jesus de Braga, no dia 5 de Julho de 2008, sobre "Jovens e Política" durante uma conferência que foi uma espécie de "universidade de Verão" para os militantes do seu partido, antecâmara de entrada na Assembleia da República e nas empresas públicas.

Esse político considerou que, na política portuguesa, tem de acabar a situação de os poderes públicos darem emprego aos amigos em vez de optarem pela qualidade técnicas daqueles que escolhem para os cargos.

Abordando um estudo na altura encomendado pelo Presidente da República, Cavaco Silva, sobre a participação dos jovens na política, disse que os dados revelados sobre o afastamento dos jovens "não são diferentes dos de Espanha, França ou mesmo de quase todo o mundo ocidental".

Também disse que "é preciso atacar as causas" desse afastamento, entre as quais destacou o facto de, muitas vezes, ainda se "confundir rituais democráticos e democracia".

"Vemos isso acontecer em países de África ou da Ásia, mas, mesmo em democracias ocidentais, há, por vezes, mais ritual do que democracia", acentuou.

Em consequência dessa constatação, sublinhou que muitos jovens pensam que "votam mas o resultado é sempre o mesmo", o que os leva a afastarem-se das urnas e dos partidos ou movimentos políticos.

"Não interessa chegar ao poder apenas pelo poder, mas sim indicar ao eleitorado o que se vai fazer, dentro de paradigmas satisfatórios e cumprir", reforçou, considerando ser necessário "cultivar o gosto pelas novas soluções", apontando o caso dos problemas ligados ao estado social, para dizer que, quando se candidatou às eleições directas no seu partido, "não encontrou ninguém que fosse especialista na matéria".

"Precisamos de ter grupos de reflexão sobre a problemática social e há muita gente social-democrata que sabe pensar o problema, e o mesmo acontece na área das relações internacionais, quer no que toca à Europa quer noutras áreas", defendeu.

Disse ser fundamental que as pessoas, em vez de se habituarem a depender do Estado, pensem no que podem fazer para seu bem e da sociedade: "Porque não se propõe aos manifestantes desempregados que criem uma empresa, eventualmente com outros colegas, em vez de andarem em manifestações?", perguntou.

Foi também esse político que exigiu na negociação para viabilizar o Orçamento para 2011 que não houvesse aumento de impostos. Foi o mesmo que exigiu igualmente que“toda a diminuição da despesa fosse feita para que o país pudesse proceder à consolidação das contas públicas”.

Foi o mesmo que chegou a dizer que mexer no subsídio de férias ou no subsídio de Natal seria um autêntico disparate.

Ora então quem foi esse colossal batoteiro? Nada mais nada menos do que Pedro Passos Coelho, por sinal primeiro-ministro, dono do reino, paradigma da hipocrisia.

* Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.

Título anterior do autor, compilado em Página Global: DE MAL A PIOR A BEM DO QUERIDO LÍDER

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