quinta-feira, 19 de julho de 2012

OS PAÍSES MAIS PREGUIÇOSOS DO MUNDO




Os países onde se trabalha menos horas também são dos países mais ricos da OCDE e onde se pagam os melhores salários

André Cabrita Mendes - Dinheiro Vivo

O debate tem sido recorrente nos últimos anos em Portugal: é necessário trabalhar mais para aumentar a produtividade do país, mas as estatísticas provam que trabalhar mais não é sinónimo de trabalhar de forma eficaz.

Em vários países do Sul da Europa, incluindo Portugal, o desemprego tem vindo a aumentar mas olhando mais a Norte, o panorama muda completamente, com a queda do desemprego, ou com taxas baixas, juntamente com a redução do número de horas trabalhadas.

Segundo o relatório Employment Outlook da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), existem duas razões para os trabalhadores passarem menos horas no trabalho: A primeira, a mais óbvia, é que os trabalhadores a tempo inteiro passam mesmo menos horas no emprego. A segunda, é que o número de trabalhadores em part-time está a aumentar, influenciando assim as estatísticas, segundo o 24/7 Wall St..

Dos 10 países da OCDE com menos horas de trabalho, nove estão entre os países com mais trabalhadores em part-time. A Holanda lidera o número de empregados em part-time, com 37,2%, mais do dobro da média da OCDE.

Os países onde se trabalha menos horas também são dos países mais ricos da OCDE, onde se pagam os melhores salários e com as taxas de desemprego a caírem nos últimos anos ou a manterem-se estáveis.

Mark Keese, responsável da divisão de emprego na OCDE, disse ao 24/7 Wall St. que a riqueza e a produtividade de uma nação desempenham um papel importante na estrutura de emprego no país, o que significa que devido à sofisticação tecnológica da indústria as pessoas trabalham menos horas.

"Geralmente, os países mais ricos podem e devem ter reduções no número de horas trabalhadas... basicamente, existe maior produtividade e eventualmente estão a substituir os trabalhadores por máquinas, o que vai permitir reduzir o número de horas no trabalho".

Os países onde se trabalham menos horas

5 - Bélgica
- Média de horas anuais por trabalhador: 1,446
- Média de horas semanais por trabalhador: 27,8
- Ordenado médio por hora: 31 euros
- Desemprego em 2011: 7,2%

O desemprego no Reino da Bélgica sofreu uma queda no ano passado quando passou dos 8,4% registados em 2010 para os 7,2%. Entre 2009 e 2011, o número de trabalhadores em part-time subiu dos 18,2% para os 18,8%, sendo a maior parte destes mulheres, que representavam 79,9% dos trabalhadores em part-time em 2011.

4 – Áustria
- Média de horas anuais por trabalhador: 1,431
- Média de horas semanais por trabalhador: 27,5
- Ordenado médio por hora: 29 euros
- Taxa de desemprego em 2011: 4,2%

O desemprego na Áustria ficou-se pelos 4,2% em 2011, cerca de 50% abaixo da média dos países da OCDE. Apesar do baixo valor, muitos trabalhadores não conseguiram empregos a tempo inteiro, com 18,9% em regime de part-time, acima da média da OCDE de 16,5%. Apesar de alguns austríacos trabalharem menos horas, outros, 9,02%, trabalham mais de 50 horas por semana.

Os salários no país aumentaram apenas 0,3% entre 2007 e 2011, contra a média da OCDE de 0,5%, enquanto o número de horas trabalhadas por empregado caiu para os 3,7%, durante este período.

3 – França
- Média de horas anuais por trabalhador: 1,392
- Média de horas semanais por trabalhador: 26,8
- Ordenado médio por hora: 27 euros
- Taxa de desemprego em 2011: 9,3%

A media de horas anuais por trabalhador em França caiu em quase 100 horas desde 1995. Os franceses são devotos das horas de lazer, com cada um, em média, a dedicar 15,33 horas a actividades pessoais, o quarto valor mais elevado da OCDE. Em média, os trabalhadores em França passam menos 17% de tempo no trabalho em comparação com a média dos 26 países da OCDE.

2 – Holanda
-Média de horas anuais por pessoa: 1,336
- Média de horas semanais por pessoa: 25,7
- Ordenado médio por hora: 34 euros
- Desemprego em 2011: 4,4%

Os trabalhadores na Holanda gozam de baixos níveis de desemprego, rendimentos elevados e uma das proporções mais pequenas de empregados a trabalhar mais de 50 horas semanais, somente 0,7%. No relatório da OCDE, a Holanda tinha a maior proporção de trabalhadores em part-time, 37,2%.

1 – Alemanha
- Média de horas anuais por trabalhador: 1,330
- Média de horas semanais por trabalhador: 25,6
- Ordenado médio por hora: 28 euros
- Taxa de desemprego em 2011: 6%

Desde 2007 que a Alemanha é o país onde em média se trabalha menos horas, com um mínimo a ser registado em 2009, com 1,296 horas anuais. Este valor é baixo porque em 2011, 14,7% de todos os empregados eram trabalhadores temporários, enquanto 22,1% trabalhavam em part-time, valores acima da média da OCDE.

Apenas 5,14% dos alemães trabalham mais de 50 horas por semana. Em média, os alemães tem 15,31 horas diárias para o lazer, um dos valores mais elevados da OCDE. Em 2009, o Governo de Angela Merkel introduziu um programa que permite às empresas eliminar semanas de trabalho, para não os despedir, com o com o governo a cobrir parte dos salários.

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