O BAILE - O Primeiro Ministro Passos Coelho reafirmou a sua total confiança no Ministro Miguel Relvas. O que quer dizer que sendo tão evidente para todos que a sua licenciatura é uma treta, quando o Miguel Relvas cair o Passos Coelho deveria cair com ele. (http://wehavekaosinthegarden.wordpress.com/)
São José Almeida - Público
Miguel Relvas "pode até estar e continuar no Governo, mas já não é do Governo", afirma ao PÚBLICO o conselheiro de Estado António Bagão Félix, que foi ministro das Finanças do Governo PSD-CDS liderado por Pedro Santana Lopes. Bagão Félix explica que "a governação não se faz em círculo fechado, é para as pessoas que se governa", e sustenta que a situação de Miguel Relvas "contamina todo a acção governativa".
O conselheiro de Estado considera que "os assobios que foram dirigidos a Miguel Relvas nos jogos da CPLP atingem todo o Governo". Há assim aquilo a que se chama "tomar a nuvem por Juno". E prossegue dizendo que "a autoridade de um ministro vem do exemplo, não da expressão formal do cargo". Por isso, garante, "a autoridade substantiva conquista-se, a autoridade formal não tem interesse".
Sobre a viabilidade de o ministro Miguel Relvas ter condições de permanecer no Governo, Bagão Félix comenta que "este arrastamento só tem uma variável, o tempo". E sublinha ainda que esta continuação "vulnerabiliza o primeiro-ministro, até porque toda a gente sabe que a relação entre eles é muito forte".
O antigo ministro frisa ainda que "o primeiro-ministro, Passos Coelho, tem uma imagem pública de pessoa elegante na expressão, verdadeiro, autêntico, frontal, de pessoa com seriedade, e esta imagem deve ser preservada e não contaminada". E reafirma que Miguel Relvas "é um problema para o Governo", porque "há um padrão em política que está para além da posição ideológica" e que é o de se "ser o mais possível coerentes, e a situação faz lembrar a da licenciatura de José Sócrates, que na altura foi considerada um factor de vulnerabilidade".
Bagão Félix conclui: "Eu imagino que, se estivesse na posição do ministro Miguel Relvas, já tinha pedido a demissão. Está em situação de desvantagem e de vulnerabilidade. Em política não basta ser, tem que se parecer."
"Não é confiável"
Também a historiadora do Instituto de Ciências Sociais Fátima Bonifácio tem uma apreciação negativa da sustentabilidade de Relvas no Governo. "Não é uma questão de imagem pública, é uma pessoa com mau carácter, como dizem os ingleses", afirma, prosseguindo: "Uma pessoa com a falta de carácter de Miguel Relvas não é confiável e não pode governar Portugal."
Fátima Bonifácio considera que "o problema está para além da imagem pública degradada, o mais grave é termos alguém com aquele tipo de carácter". E confessa que já tinha uma opinião negativa sobre Miguel Relvas. "Sempre me deu uma péssima impressão, quando ia aos frente-a-frente de Mário Crespo, revelou-se um fala-barato, perito em demagogia, que não deixava falar ninguém, um espertalhão." E conclui: "Já tenho saudades de Santana Lopes."
António Capucho, ex-conselheiro de Estado, antigo ministro e antigo secretário-geral do PSD, defende que "o primeiro-ministro devia aproveitar as férias de Verão para pensar numa remodelação". O que poderia permitir mesmo "diminuir o Governo", com mais ministros mas com a eliminação de "oito secretarias de Estado", cujos assuntos "serão assumidos pelos ministros."
Capucho considera que a ministra Assunção Cristas é "apta" e "respeitada", mas a dimensão do ministério coloca nos seus ombros "uma carga grande". Sobre Álvaro Santos Pereira, diz que "é bem-intencionado", mas "tem dificuldade com o protagonismo político" e tem "um ministério gigante".
Quanto a Relvas, Capucho considera que "o ministério é excessivo em tamanho, acumula secretarias de Estado", diz, além de que tem uma "coordenação do Governo que não existe". E sustenta que "Miguel Relvas tem problemas de imagem graves e a sua presença no executivo é muito negativa para o Governo, pela força da sucessão de incidentes, o que para a opinião pública é uma coisa devastadora".
O politólogo e professor no ISCTE André Freire considera, também, que em causa está "um problema de credibilidade do ministro que fica muito fragilizado". Mas afirma que o problema é mais vasto. Por um lado, Freire aponta "a responsabilidade da Universidade Lusófona e a sua descredibilização". Recorda mesmo que, "após o caso Sócrates, que era de muito menor grau de gravidade, a universidade acabou por fechar". E questiona: "O doutor Nuno Crato era o campeão da exigência e do rigor, mas agora não se lhe ouviu uma palavra."
André Freire sublinha, ainda, as responsabilidades gerais do Governo. "Os governantes actuais vivem a exigir rigor e na sua vida privada não o aplicam, antes aplicam o facilitismo", comenta Freire, acrescentando: "Diziam que Novas Oportunidades é facilitismo, põem rigor extremo para dar rendimento social de inserção e depois para si mesmos é facilitismo. Isto mostra como são fracas as elites do país". E conclui que é um caso que "descredibiliza a universidade e mancha a classe política".
Sobre a viabilidade de o ministro Miguel Relvas ter condições de permanecer no Governo, Bagão Félix comenta que "este arrastamento só tem uma variável, o tempo". E sublinha ainda que esta continuação "vulnerabiliza o primeiro-ministro, até porque toda a gente sabe que a relação entre eles é muito forte".
O antigo ministro frisa ainda que "o primeiro-ministro, Passos Coelho, tem uma imagem pública de pessoa elegante na expressão, verdadeiro, autêntico, frontal, de pessoa com seriedade, e esta imagem deve ser preservada e não contaminada". E reafirma que Miguel Relvas "é um problema para o Governo", porque "há um padrão em política que está para além da posição ideológica" e que é o de se "ser o mais possível coerentes, e a situação faz lembrar a da licenciatura de José Sócrates, que na altura foi considerada um factor de vulnerabilidade".
Bagão Félix conclui: "Eu imagino que, se estivesse na posição do ministro Miguel Relvas, já tinha pedido a demissão. Está em situação de desvantagem e de vulnerabilidade. Em política não basta ser, tem que se parecer."
"Não é confiável"
Também a historiadora do Instituto de Ciências Sociais Fátima Bonifácio tem uma apreciação negativa da sustentabilidade de Relvas no Governo. "Não é uma questão de imagem pública, é uma pessoa com mau carácter, como dizem os ingleses", afirma, prosseguindo: "Uma pessoa com a falta de carácter de Miguel Relvas não é confiável e não pode governar Portugal."
Fátima Bonifácio considera que "o problema está para além da imagem pública degradada, o mais grave é termos alguém com aquele tipo de carácter". E confessa que já tinha uma opinião negativa sobre Miguel Relvas. "Sempre me deu uma péssima impressão, quando ia aos frente-a-frente de Mário Crespo, revelou-se um fala-barato, perito em demagogia, que não deixava falar ninguém, um espertalhão." E conclui: "Já tenho saudades de Santana Lopes."
António Capucho, ex-conselheiro de Estado, antigo ministro e antigo secretário-geral do PSD, defende que "o primeiro-ministro devia aproveitar as férias de Verão para pensar numa remodelação". O que poderia permitir mesmo "diminuir o Governo", com mais ministros mas com a eliminação de "oito secretarias de Estado", cujos assuntos "serão assumidos pelos ministros."
Capucho considera que a ministra Assunção Cristas é "apta" e "respeitada", mas a dimensão do ministério coloca nos seus ombros "uma carga grande". Sobre Álvaro Santos Pereira, diz que "é bem-intencionado", mas "tem dificuldade com o protagonismo político" e tem "um ministério gigante".
Quanto a Relvas, Capucho considera que "o ministério é excessivo em tamanho, acumula secretarias de Estado", diz, além de que tem uma "coordenação do Governo que não existe". E sustenta que "Miguel Relvas tem problemas de imagem graves e a sua presença no executivo é muito negativa para o Governo, pela força da sucessão de incidentes, o que para a opinião pública é uma coisa devastadora".
O politólogo e professor no ISCTE André Freire considera, também, que em causa está "um problema de credibilidade do ministro que fica muito fragilizado". Mas afirma que o problema é mais vasto. Por um lado, Freire aponta "a responsabilidade da Universidade Lusófona e a sua descredibilização". Recorda mesmo que, "após o caso Sócrates, que era de muito menor grau de gravidade, a universidade acabou por fechar". E questiona: "O doutor Nuno Crato era o campeão da exigência e do rigor, mas agora não se lhe ouviu uma palavra."
André Freire sublinha, ainda, as responsabilidades gerais do Governo. "Os governantes actuais vivem a exigir rigor e na sua vida privada não o aplicam, antes aplicam o facilitismo", comenta Freire, acrescentando: "Diziam que Novas Oportunidades é facilitismo, põem rigor extremo para dar rendimento social de inserção e depois para si mesmos é facilitismo. Isto mostra como são fracas as elites do país". E conclui que é um caso que "descredibiliza a universidade e mancha a classe política".
O politólogo e historiador do Instituto de Ciências Sociais António Costa Pinto considera também que a saída de Relvas do Governo surge como inevitável. Costa Pinto começa por frisar que "o ministro Relvas é um ministro político que foi central na ascensão e tomada de poder de Passos Coelho e tem uma influência muito grande no partido". E frisa que Passos Coelho sabe disto e "sabe como é importante dar atenção ao partido". O momento da remodelação dependerá assim "formalmente do timing em que o primeiro-ministro decidir fazê-la e como eles têm muita proximidade, Passos Coelho terá de deixar passar a resistência ao afastamento".
Para Costa Pinto, não há um caso mais grave que leve à demissão, mas sim uma sucessão de casos - secretas, ameaças ao PÚBLICO, Metro do Porto, licenciatura. "O mais grave é a persistência", frisa, advertindo: "Os ministros políticos são discretos, o ministro Relvas tem um destaque negativo."
E conclui que "a situação é o dilema clássico de um primeiro-ministro: não tem problemas em afastar um ministro não político, mas Miguel Relvas e Miguel Macedo são os únicos ministros com peso político autónomo no PSD". Por isso, o primeiro-ministro poderá resistir a fazer remodelação sobre pressão, mas "não hesitará em remodelar se a sua sobrevivência for insustentável".
*Notícia substituída às 12h35 de 13 de Julho: substitui texto de agência por notícia própria
Para Costa Pinto, não há um caso mais grave que leve à demissão, mas sim uma sucessão de casos - secretas, ameaças ao PÚBLICO, Metro do Porto, licenciatura. "O mais grave é a persistência", frisa, advertindo: "Os ministros políticos são discretos, o ministro Relvas tem um destaque negativo."
E conclui que "a situação é o dilema clássico de um primeiro-ministro: não tem problemas em afastar um ministro não político, mas Miguel Relvas e Miguel Macedo são os únicos ministros com peso político autónomo no PSD". Por isso, o primeiro-ministro poderá resistir a fazer remodelação sobre pressão, mas "não hesitará em remodelar se a sua sobrevivência for insustentável".
*Notícia substituída às 12h35 de 13 de Julho: substitui texto de agência por notícia própria
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