segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Angola: CREDIBILIDADE ELEITORAL, CASA-CE TOMA POSSE APESAR DE FRAUDE

 


CEAST indica obstáculos a serem evitados nas próximas eleições para dar mais credibilidade
 
24 de Setembro de 2012, 15:39
 
Luanda, 24 set (Lusa) - A diminuta presença de fiscais dos partidos e de observadores nas mesas e assembleias de voto, nas eleições de 31 de agosto, são obstáculos, apontados pela igreja católica, a serem evitados no futuro, para conferir credibilidade ao processo.
 
A recomendação consta do relatório de constatação da Comissão Episcopal de Justiça e Paz, da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), lido hoje em Luanda pelo coordenador dos observadores, padre Belmiro Chissengueti.
 
O documento, dividido em aspetos positivos, negativos, recomendações e conclusões, conclui que todos os agentes eleitorais deverão fazer o esforço de cumprirem melhor os respetivos papéis, com isenção e imparcialidade, tal como recomenda o Código de Conduta eleitoral.
 
Os observadores católicos recomendaram à Comissão Nacional Eleitoral (CNE) que os observadores sejam admitidos e credenciados com maior antecedência para que possam concertar melhor o seu trabalho.
 
"Considerando que os delegados de lista são parte integrante e necessária para se aferir sobre a transparência e a credibilidade do processo, será necessário encontrar, no futuro, um modelo que permita a sua presença nas assembleias de voto ou com credencial da CNE ou com o cartão do respetivo partido, bastando, para o efeito, a aprovação das listas submetidas pelos partidos e coligações", recomenda ainda o relatório, que nos aspetos negativos considera essa ausência "uma mancha grave" para as eleições.
 
A abstenção de perto de 40 por cento dos eleitores é um dado negativo referenciado no relatório, e um assunto que deve merecer "uma profunda reflexão e análise para se aferirem os fenómenos objetivos e subjetivos que estiveram na base deste comportamento".
 
A falta de isenção dos órgãos de comunicação social públicos antes, durante e depois das eleições, consta igualmente dos aspetos negativos, por terem favorecido "claramente" o partido no poder, Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), dando pouco espaço ao contraditório.
 
"O Jornal de Angola hostilizou em demasia os partidos de oposição, confundindo o serviço de informar e o serviço de propaganda", refere o relatório, acrescentando que a rádio Despertar, afeta à UNITA, "confundiu os eleitores, ressaltando os defeitos e raramente evocando as virtudes do processo eleitoral".
 
A Comissão de Justiça e Paz da CEAST, que foi convidada pela CNE a participar no processo eleitoral com 18 observadores, apenas teve 13 credenciados, facto que para si "mutilou ainda mais o já pobre contingente".
 
"O pouco tempo disponível entre o credenciamento e a data das eleições não permitiu uma boa preparação do grupo, pois alguns receberam o 'kit' de observador um dia antes das eleições", sublinha o documento.
 
Nas eleições gerais de 31 de agosto, o partido mais votado foi o MPLA, que governa o país desde a independência, em 1975, tendo obtido 71,84 por cento dos votos e eleito 175 deputados.
 
A UNITA, que totalizou 18,66 por cento, elegeu 32 deputados, a CASA-CE obteve 6,00 por cento e ficou com oito deputados, enquanto o PRS teve apenas 1,70 por cento, formando um grupo parlamentar com três deputados.
 
NME.
 
CASA-CE vai tomar posse na Assembleia Nacional, mas continua a alegar fraude
 
24 de Setembro de 2012, 16:08
 
Luanda, 24 set 8Lusa) - O líder da coligação eleitoral Convergência Ampla de Salvação de Angola (CASA-CE), Abel Chivukuvuku, disse hoje em Luanda que esta formação política vai tomar posse na Assembleia Nacional, apesar dos resultados fraudulentos das eleições de 31 de agosto.
 
A posição consta de uma declaração política, que Abel Chivukuvuku leu hoje à imprensa, num primeiro posicionamento após o acórdão do Tribunal Constitucional, que valida as eleições de 31 de agosto, considerando "improcedentes", o recurso apresentado pela CASA-CE, a UNITA e o PRS sobre o resultado do pleito eleitoral.
 
"Apesar dos resultados definitivos das eleições gerais de 31 de agosto de 2012 não corresponderem à verdade e à vontade expressa por grande parte dos angolanos, a CASA-CE assume a sua obrigação histórica, de corresponder positivamente aos desígnios dos eleitores angolanos, que almejaram ver a CASA-CE a participar nas instituições públicas angolanas, defendendo os seus interesses e direitos", refere a declaração política sobre as eleições gerais.
 
Nessa declaração, a CASA-CE refere ainda que "acata e respeita" o acórdão do Tribunal Constitucional, "apesar de o considerar injusto, incoerente e faltando a verdade".
 
"A CASA-CE considera e declara que o processo eleitoral de 2012 não foi justo, transparente ou credível", salienta o documento.
 
Na fase de perguntas e respostas, Chivukuvuku rejeitou a classificação de "ambígua e contraditória" a posição da CASA-CE, justificando que cumpre apenas o desejo dos cidadãos que votaram para aquela força política.
 
"A busca da verdade é compatível com a participação nas instituições. Os cidadãos que votaram para a CASA, votaram porque queriam que a CASA participasse e provavelmente como Governo nas instituições da República e a CASA tem a obrigação de respeitar essa vontade dos cidadãos", referiu.
 
O líder da terceira força política mais votada nestas eleições (6,00%) disse ainda que, a CASA-CE "assume a responsabilidade patriótica de se manter firme nos seus ideais políticos e de continuar a luta na busca da verdade e da justiça".
 
"Para tal, a CASA-CE vai fazer uso de todos os meios políticos, nos planos nacional e internacional, no quadro da Constituição e da Lei vigentes na República de Angola e do Direito internacional, visando a plena institucionalização em Angola de um verdadeiro Estado democrático e de direito", acrescenta.
 
O responsável salientou ainda que a CASA-CE tem neste momento técnicos que estão a realizar a avaliação da viabilidade destes recursos a instituições internacionais, que defendem os direitos políticos e civis dos cidadãos quando são violados.
 
"O que queremos é e busca da verdade simplesmente. Temos noção de que não vai repor mais nada do que já foi em termos de processo eleitoral, mas a necessidade de buscar a verdade ajudará o futuro deste país", frisou.
 
Os três partidos que contestam os resultados são a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), que elegeu 32 deputados (18,6%), a CASA-CE, com oito deputados (6,00%) e o Partido de Renovação Social (PRS), com três deputados (1,70%).
 
O partido mais votado foi o MPLA, que governa o país desde a independência, em 1975, tendo obtido 71,84 por cento dos votos e eleito 175 deputados.
 
NME.
 
*O título nos Compactos de Notícias são de autoria PG
 
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