FP - Lusa
Bissau, 24 set
(Lusa) - O Presidente de transição da Guiné-Bissau, Serifo Nhamadjo, garantiu
hoje que os compromissos para o período de transição "estão no bom
caminho", nomeadamente a realização de eleições, e negou que as
autoridades estejam a implementar um programa militar.
"Também temos
para nós como indiscutível que este regime de transição não é um regime militar
nem na sua forma nem no seu fulcro, como o programa que as autoridades de
transição procuram executar não é um programa militar, nem pouco mais ou
menos", disse Serifo Nhamadjo na cerimónia de comemoração dos 39 anos da
independência.
Assistida pelas
principais autoridades de transição e por chefias militares de países vizinhos,
a cerimónia contou com uma manhã de desfiles pelas ruas de Bissau, com milhares
de pessoas a assistir à passagem de escuteiros, associações juvenis e
desportivas, grupos culturais e ministérios e que culminou com um desfile
militar.
O único discurso
coube a Serifo Nhamadjo e a cerimónia serviu também para lançar na Guiné-Bissau
os passaportes da CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental).
Serifo Nhamadjo e o primeiro-ministro, Rui Duarte de Barros, foram os primeiros
a recebê-los, seguindo-se as chefias militares e alguns membros do Governo de
transição.
Num longo discurso,
Serifo Nhamadjo pediu ajuda a todas as instituições internacionais no combate
"à passagem de estupefacientes pelo território nacional", prometeu
"fazer tudo" para satisfazer as "legitimas reivindicações"
dos sindicatos, e encorajou o Ministério Público e os tribunais a serem rápidos
no andamento dos processos pendentes e nos novos.
"Também o
recurso ao diálogo se apresenta como instrumento indispensável e urgente na
construção de uma sociedade justa. Um diálogo construtivo, inclusivo e
permanente, que tenha em conta a participação dos partidos políticos, da
sociedade civil e entidades religiosas, dentro do espírito do respeito pela
diferença", disse.
E reafirmou o
desejo das autoridades de transição em "estreitar laços de
cooperação" com outros países e organizações.
"É certo que a
ordem política que vigora na Guiné-Bissau não é a mesma que vigorava antes do
levantamento militar de 12 de abril. Disso ninguém tem dúvidas, se bem que
assiste a cada um de nós o direito de aceitar ou não, concordar ou discordar, o
que obviamente respeitamos", disse, apelando à cooperação dos países e
instituições internacionais que suspenderam os programas depois do golpe de
abril, "em nome do povo da Guiné-Bissau".
Serifo Nhamadjo
falou ainda da importância do funcionamento do Parlamento, paralisado desde o
golpe de Estado, já que os principais partidos não se entendem, e apelou à
prevalência do bom senso, "sentido de Estado e compromisso maior para com
a Guiné-Bissau".
E deixou palavras
de apoio e reconhecimento à diáspora, a quem prometeu que poderá votar nas
próximas eleições, frisando sempre que não poupará esforços para unir os
guineenses e que o país precisa de "apaziguamento, de uma verdadeira
reconciliação e de se reencontrar consigo próprio".
Para os que duvidam
que as eleições se possam realizar em abril do próximo ano, o Presidente de
transição disse que já foi feito um cronograma das atividades, que está
avançado o processo de escolha da empresa que fará o recenseamento e que os
trabalhos da revisão cartográfica das regiões que faltavam (Cacheu, Biombo e
Bissau) começaram a 16 de agosto passado.
A Guiné-Bissau
proclamou unilateralmente a independência a 24 de setembro de 1973, no interior
do país. Coube a João Bernardo "Nino" Vieira, entretanto assassinado
em Bissau, ler a proclamação da independência.
Sem comentários:
Enviar um comentário