segunda-feira, 24 de setembro de 2012

PR de transição nega que regime seja militar e garante respeito de compromissos

 

FP - Lusa
 
Bissau, 24 set (Lusa) - O Presidente de transição da Guiné-Bissau, Serifo Nhamadjo, garantiu hoje que os compromissos para o período de transição "estão no bom caminho", nomeadamente a realização de eleições, e negou que as autoridades estejam a implementar um programa militar.
 
"Também temos para nós como indiscutível que este regime de transição não é um regime militar nem na sua forma nem no seu fulcro, como o programa que as autoridades de transição procuram executar não é um programa militar, nem pouco mais ou menos", disse Serifo Nhamadjo na cerimónia de comemoração dos 39 anos da independência.
 
Assistida pelas principais autoridades de transição e por chefias militares de países vizinhos, a cerimónia contou com uma manhã de desfiles pelas ruas de Bissau, com milhares de pessoas a assistir à passagem de escuteiros, associações juvenis e desportivas, grupos culturais e ministérios e que culminou com um desfile militar.
 
O único discurso coube a Serifo Nhamadjo e a cerimónia serviu também para lançar na Guiné-Bissau os passaportes da CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental). Serifo Nhamadjo e o primeiro-ministro, Rui Duarte de Barros, foram os primeiros a recebê-los, seguindo-se as chefias militares e alguns membros do Governo de transição.
 
Num longo discurso, Serifo Nhamadjo pediu ajuda a todas as instituições internacionais no combate "à passagem de estupefacientes pelo território nacional", prometeu "fazer tudo" para satisfazer as "legitimas reivindicações" dos sindicatos, e encorajou o Ministério Público e os tribunais a serem rápidos no andamento dos processos pendentes e nos novos.
 
"Também o recurso ao diálogo se apresenta como instrumento indispensável e urgente na construção de uma sociedade justa. Um diálogo construtivo, inclusivo e permanente, que tenha em conta a participação dos partidos políticos, da sociedade civil e entidades religiosas, dentro do espírito do respeito pela diferença", disse.
 
E reafirmou o desejo das autoridades de transição em "estreitar laços de cooperação" com outros países e organizações.
 
"É certo que a ordem política que vigora na Guiné-Bissau não é a mesma que vigorava antes do levantamento militar de 12 de abril. Disso ninguém tem dúvidas, se bem que assiste a cada um de nós o direito de aceitar ou não, concordar ou discordar, o que obviamente respeitamos", disse, apelando à cooperação dos países e instituições internacionais que suspenderam os programas depois do golpe de abril, "em nome do povo da Guiné-Bissau".
 
Serifo Nhamadjo falou ainda da importância do funcionamento do Parlamento, paralisado desde o golpe de Estado, já que os principais partidos não se entendem, e apelou à prevalência do bom senso, "sentido de Estado e compromisso maior para com a Guiné-Bissau".
 
E deixou palavras de apoio e reconhecimento à diáspora, a quem prometeu que poderá votar nas próximas eleições, frisando sempre que não poupará esforços para unir os guineenses e que o país precisa de "apaziguamento, de uma verdadeira reconciliação e de se reencontrar consigo próprio".
 
Para os que duvidam que as eleições se possam realizar em abril do próximo ano, o Presidente de transição disse que já foi feito um cronograma das atividades, que está avançado o processo de escolha da empresa que fará o recenseamento e que os trabalhos da revisão cartográfica das regiões que faltavam (Cacheu, Biombo e Bissau) começaram a 16 de agosto passado.
 
A Guiné-Bissau proclamou unilateralmente a independência a 24 de setembro de 1973, no interior do país. Coube a João Bernardo "Nino" Vieira, entretanto assassinado em Bissau, ler a proclamação da independência.
 

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