Manuel Vicente, de
empresário a político
26 de Setembro de
2012, 12:19
Luanda, 26 set
(Lusa) - Manuel Vicente tomou hoje posse como vice-Presidente de Angola,
traduzindo a continuidade da relação de confiança com o chefe de Estado, José
Eduardo dos Santos, depois de 13 anos à frente da petrolífera Sonangol.
Dos negócios para a
política, em seis meses Manuel Vicente tornou-se no 'número dois' de José
Eduardo dos Santos na lista do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA)
às eleições gerais em Angola. Segundo a Constituição angolana, os números um e
dois da lista vencedora das eleições gerais tornam-se automaticamente
Presidente e vice-Presidente da República.
A 31 de janeiro,
depois de muita especulação, Manuel Vicente, até então presidente da empresa
pública de petróleos Sonangol, foi confirmado pelo Presidente da República como
ministro de Estado e da Coordenação Económica.
Já na altura visto
como uma estrela em ascensão, Vicente, de 56 anos, tornou-se no principal
coadjutor do Presidente na condução da política económica de Angola e tem vindo
a aparecer cada vez mais como uma "figura proeminente" do MPLA.
A 13 de junho
assumiu o segundo lugar na lista do partido às eleições gerais de 31 de agosto,
ultrapassando dirigentes com peso e folha de serviços partidária, mas que não
conseguiram contrapor as suas vontades aos desejos do Presidente.
Fiel a uma
reputação de discrição, a sua primeira aparição pública como ministro só
aconteceu três meses depois de entrar no Governo, a 10 de maio, quando
apresentou o balanço das atividades do executivo de José Eduardo dos Santos no
primeiro trimestre de 2012.
Os rumores que o
situavam como o preferido de José Eduardo dos Santos na cadeia de sucessão
começaram em março de 2011, quando Vicente, citado pelo semanário angolano Novo
Jornal, disse que até ao final desse ano deixaria a presidência do conselho de
administração da Sonangol.
Engenheiro de
formação e presidente da Sonangol entre 1999 e 2012, Vicente tem um perfil
atípico, já que não fez carreira no exército nem no MPLA.
Manuel Vicente
construiu o seu passado sempre nos petróleos, subindo a pulso no interior da
Sonangol, tornando esta empresa de simples concessionária e distribuidora numa
importante investidora, com ativos financeiros na Europa, Ásia e América, além
de ter criado subsidiárias em alguns países africanos, sobretudo de língua
portuguesa.
Da passagem de
Vicente pela Sonangol há também a reter o facto de ter transformado uma empresa
petrolífera num conglomerado onde coexistem participações nos capitais sociais
dos mais variados setores: dos combustíveis aos serviços, passando pela banca,
seguros e transportes.
Manuel Vicente
formou-se em Engenharia na Universidade Agostinho Neto, em Luanda, e antes de
ser nomeado diretor-geral adjunto da Sonangol, em 1991, desempenhou, entre 1981
e 1987, as funções de chefe da unidade de energia da Sociedade Nacional de
Estudos e Financiamento de Empreendimentos Ultramarinos.
TQ (FPA/EL)
José Eduardo dos
Santos prometeu medidas de apoio à produção interna
26 de Setembro de
2012, 15:12
Luanda, 26 set
(Lusa) - José Eduardo dos Santos, hoje empossado no cargo de Presidente da
República, prometeu no discurso de investidura a adoção de "medidas bem
doseadas de incentivo e de proteção à indústria interna".
"As políticas
de emprego, de combate à pobreza, de fomento e incentivo às oportunidades e
realização de negócios vão ser implementadas como vias para atingir essa meta.
Partimos do pressuposto de que a nossa economia tem condições para garantir
muito mais empregos", disse José Eduardo dos Santos.
Intervindo perante
milhares de pessoas, concentradas no memorial onde se encontram os restos
mortais do primeiro Presidente de Angola, António Agostinho Neto, Eduardo dos
Santos salientou como objetivo do seu Governo o atingir "uma taxa mais
elevada de ocupação laboral", que se situa atualmente em cerca de 70 por
cento.
Ao mesmo tempo,
impõe-se um "ajuste da legislação laboral, de modo a torná-la mais flexível
para os empregadores, capaz de proporcionar maior mobilidade laboral, inclusive
de emprego temporário, sem deixar de garantir o princípio da estabilidade do
emprego e os direitos fundamentais dos trabalhadores".
O ponto de partida
será uma "ampla discussão" com os parceiros sociais.
"O esforço de
valorização dos angolanos implica também, e fundamentalmente, a melhoria
constante das suas condições de vida, através do aperfeiçoamento dos mecanismos
e vias de acesso à saúde, ao saneamento básico, à água potável e a habitação
condigna", acentuou.
Apesar do
"grande investimento" realizado nesse domínio, José Eduardo dos
Santos reconheceu que há ainda um "longo caminho a percorrer até que cada
cidadão sinta que atingiu o nível adequado para viver com dignidade".
"Não devemos
esmorecer, vamos encarar com otimismo e esperança o futuro, que depende
fundamentalmente da nossa entrega e atitude face ao trabalho", frisou.
A concluir o
discurso, José Eduardo dos Santos reiterou o compromisso inscrito na fórmula de
juramento, assegurando que empregará todo o seu "esforço" e
"capacidades" como "Presidente de todos os angolanos sem
exceção".
Depois do discurso
de investidura, foi a vez do presidente do Tribunal Constitucional, Rui
Ferreira, empossar Manuel Vicente no cargo de vice-Presidente da República,
criado na revisão constitucional de 2010.
Assistiram à
cerimónia somente convidados nacionais e o corpo diplomático acreditado em
Luanda, a que se juntaram milhares de pessoas que corresponderam ao apelo do
Governador da Província de Luanda, Bento Francisco Bento, na sequência da
tolerância de ponto decretada para hoje.
Com a posse, José
Eduardo dos Santos, Presidente de Angola desde 1979, inicia um mandato de cinco
anos.
Na sequência da
última revisão constitucional, os mandatos presidenciais, até três
interpolados, deixaram de ser de quatro anos e o chefe de Estado e o seu vice
passam a ser eleitos por via indireta.
José Eduardo dos
Santos tornou-se Presidente da República por ter encabeçado a lista vencedora
das eleições gerais de 31 de agosto passado, em que o Movimento Popular de
Libertação de Angola (MPLA), partido que lidera, obteve 71,84 por cento dos
votos, seguindo-se a União Nacional para a Independência Total de Angola
(UNITA) (18,66%) e a Convergência Ampla de Salvação de Angola -- Coligação
Eleitoral (CASA-CE) (6,00%).
EL.
*O título nos
Compactos de Notícias são de autoria PG
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