quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Angola: O “NÚMERO DOIS” CONTINUA, PR PROMETE APOIO À PRODUÇÃO INTERNA

 


Manuel Vicente, de empresário a político
 
26 de Setembro de 2012, 12:19
 
Luanda, 26 set (Lusa) - Manuel Vicente tomou hoje posse como vice-Presidente de Angola, traduzindo a continuidade da relação de confiança com o chefe de Estado, José Eduardo dos Santos, depois de 13 anos à frente da petrolífera Sonangol.
 
Dos negócios para a política, em seis meses Manuel Vicente tornou-se no 'número dois' de José Eduardo dos Santos na lista do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) às eleições gerais em Angola. Segundo a Constituição angolana, os números um e dois da lista vencedora das eleições gerais tornam-se automaticamente Presidente e vice-Presidente da República.
 
A 31 de janeiro, depois de muita especulação, Manuel Vicente, até então presidente da empresa pública de petróleos Sonangol, foi confirmado pelo Presidente da República como ministro de Estado e da Coordenação Económica.
 
Já na altura visto como uma estrela em ascensão, Vicente, de 56 anos, tornou-se no principal coadjutor do Presidente na condução da política económica de Angola e tem vindo a aparecer cada vez mais como uma "figura proeminente" do MPLA.
 
A 13 de junho assumiu o segundo lugar na lista do partido às eleições gerais de 31 de agosto, ultrapassando dirigentes com peso e folha de serviços partidária, mas que não conseguiram contrapor as suas vontades aos desejos do Presidente.
 
Fiel a uma reputação de discrição, a sua primeira aparição pública como ministro só aconteceu três meses depois de entrar no Governo, a 10 de maio, quando apresentou o balanço das atividades do executivo de José Eduardo dos Santos no primeiro trimestre de 2012.
 
Os rumores que o situavam como o preferido de José Eduardo dos Santos na cadeia de sucessão começaram em março de 2011, quando Vicente, citado pelo semanário angolano Novo Jornal, disse que até ao final desse ano deixaria a presidência do conselho de administração da Sonangol.
 
Engenheiro de formação e presidente da Sonangol entre 1999 e 2012, Vicente tem um perfil atípico, já que não fez carreira no exército nem no MPLA.
 
Manuel Vicente construiu o seu passado sempre nos petróleos, subindo a pulso no interior da Sonangol, tornando esta empresa de simples concessionária e distribuidora numa importante investidora, com ativos financeiros na Europa, Ásia e América, além de ter criado subsidiárias em alguns países africanos, sobretudo de língua portuguesa.
 
Da passagem de Vicente pela Sonangol há também a reter o facto de ter transformado uma empresa petrolífera num conglomerado onde coexistem participações nos capitais sociais dos mais variados setores: dos combustíveis aos serviços, passando pela banca, seguros e transportes.
 
Manuel Vicente formou-se em Engenharia na Universidade Agostinho Neto, em Luanda, e antes de ser nomeado diretor-geral adjunto da Sonangol, em 1991, desempenhou, entre 1981 e 1987, as funções de chefe da unidade de energia da Sociedade Nacional de Estudos e Financiamento de Empreendimentos Ultramarinos.
 
TQ (FPA/EL)
 
José Eduardo dos Santos prometeu medidas de apoio à produção interna
 
26 de Setembro de 2012, 15:12
 
Luanda, 26 set (Lusa) - José Eduardo dos Santos, hoje empossado no cargo de Presidente da República, prometeu no discurso de investidura a adoção de "medidas bem doseadas de incentivo e de proteção à indústria interna".
 
"As políticas de emprego, de combate à pobreza, de fomento e incentivo às oportunidades e realização de negócios vão ser implementadas como vias para atingir essa meta. Partimos do pressuposto de que a nossa economia tem condições para garantir muito mais empregos", disse José Eduardo dos Santos.
 
Intervindo perante milhares de pessoas, concentradas no memorial onde se encontram os restos mortais do primeiro Presidente de Angola, António Agostinho Neto, Eduardo dos Santos salientou como objetivo do seu Governo o atingir "uma taxa mais elevada de ocupação laboral", que se situa atualmente em cerca de 70 por cento.
 
Ao mesmo tempo, impõe-se um "ajuste da legislação laboral, de modo a torná-la mais flexível para os empregadores, capaz de proporcionar maior mobilidade laboral, inclusive de emprego temporário, sem deixar de garantir o princípio da estabilidade do emprego e os direitos fundamentais dos trabalhadores".
 
O ponto de partida será uma "ampla discussão" com os parceiros sociais.
 
"O esforço de valorização dos angolanos implica também, e fundamentalmente, a melhoria constante das suas condições de vida, através do aperfeiçoamento dos mecanismos e vias de acesso à saúde, ao saneamento básico, à água potável e a habitação condigna", acentuou.
 
Apesar do "grande investimento" realizado nesse domínio, José Eduardo dos Santos reconheceu que há ainda um "longo caminho a percorrer até que cada cidadão sinta que atingiu o nível adequado para viver com dignidade".
 
"Não devemos esmorecer, vamos encarar com otimismo e esperança o futuro, que depende fundamentalmente da nossa entrega e atitude face ao trabalho", frisou.
 
A concluir o discurso, José Eduardo dos Santos reiterou o compromisso inscrito na fórmula de juramento, assegurando que empregará todo o seu "esforço" e "capacidades" como "Presidente de todos os angolanos sem exceção".
 
Depois do discurso de investidura, foi a vez do presidente do Tribunal Constitucional, Rui Ferreira, empossar Manuel Vicente no cargo de vice-Presidente da República, criado na revisão constitucional de 2010.
 
Assistiram à cerimónia somente convidados nacionais e o corpo diplomático acreditado em Luanda, a que se juntaram milhares de pessoas que corresponderam ao apelo do Governador da Província de Luanda, Bento Francisco Bento, na sequência da tolerância de ponto decretada para hoje.
 
Com a posse, José Eduardo dos Santos, Presidente de Angola desde 1979, inicia um mandato de cinco anos.
 
Na sequência da última revisão constitucional, os mandatos presidenciais, até três interpolados, deixaram de ser de quatro anos e o chefe de Estado e o seu vice passam a ser eleitos por via indireta.
 
José Eduardo dos Santos tornou-se Presidente da República por ter encabeçado a lista vencedora das eleições gerais de 31 de agosto passado, em que o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido que lidera, obteve 71,84 por cento dos votos, seguindo-se a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) (18,66%) e a Convergência Ampla de Salvação de Angola -- Coligação Eleitoral (CASA-CE) (6,00%).
 
EL.
 
*O título nos Compactos de Notícias são de autoria PG
 
Leia mais sobre Angola (símbolo na barra lateral)
 

Sem comentários:

Mais lidas da semana