terça-feira, 25 de setembro de 2012

Bissau: Presidente de transição parte para Nova Iorque sem certezas de falar na ONU

 
Carlos Gomes Júnior, PR eleito e legítimo, deverá falar na AG da ONU
FP - Lusa
 
Bissau, 25 set (Lusa) - O Presidente de transição da Guiné-Bissau, Serifo Nhamadjo, partiu hoje para Nova Iorque sem certezas de poder dirigir-se à Assembleia Geral das Nações Unidas, mas afirmando que "o mundo não acaba" caso seja impossibilitado de o fazer.
 
Serifo Nhamadjo chefia uma comitiva das autoridades de transição e pretende discursar na ONU na próxima quinta-feira, mas as autoridades depostas no golpe de Estado de 12 de abril, Carlos Gomes Júnior e Raimundo Pereira, também estão em Nova Iorque com o mesmo fim.
 
Na segunda-feira, o secretário-executivo da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), Murade Murargy, disse à Lusa que os restantes países da comunidade tinham decidido mobilizar-se para impedir que fossem as autoridades de transição a intervir na quinta-feira.
 
"Não estou preocupado com isso, o mundo não acaba com o discurso ou não discurso", disse hoje em Bissau o Presidente de transição, minutos antes de deixar o país.
 
Falando ou não perante a Assembleia-Geral Serifo disse que quer passar a mensagem de que a Guiné-Bissau "está a fazer tudo para que a transição seja pacífica" e que se possa chegar às eleições (previstas para abril) em ambiente de paz e que os candidatos possam fazer campanha "de forma tranquila, e que o país possa voltar definitivamente à norma constitucional".
 
O Presidente da transição quer também agradecer aos países que se têm mostrado solidários para com a Guiné-Bissau, em particular a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), e pedir à comunidade internacional para que apoie "a Guiné-Bissau e a transição" para que se possam fazer as eleições.
 
"Vou fazer esse apelo se tiver possibilidade de o fazer", ressalvou.
 
Serifo Nhamadjo reconheceu que não há ainda no país um Governo de inclusão, como as Nações Unidas em Bissau têm pedido, e disse que tem havido esforços nesse sentido.
 
Houve algumas forças políticas que rejeitaram na altura "mas agora com o tempo começam a sentir que é imperativo estarem presentes".
 
"Esse trabalho está a ser desenvolvido e acredito que brevemente haverá a inclusão das partes que estavam fora do grupo", disse.
 
O governo de transição não integra o PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde), a maior força política e que estava no poder até o golpe de Estado de 12 de abril passado.
 
Raimundo Pereira, Presidente interino, e Carlos Gomes Júnior, primeiro-ministro, eram até ao golpe os dirigentes máximos e estão a viver há vários meses em Portugal.
 
Questionado sobre se seria possível um encontro com os dois, Serifo Nhamadjo disse que se houver um acordo nesse sentido ele o verá "com bom grado". "Falarei com todos os que possam contribuir para a estabilidade do país", disse.
 
SERIFO NHAMADJO, DESCARAMENTO DE FANTOCHE - opinião PG
 
A anormal noção de legitimidade deste presidente fantoche - Nhamadjo - que por nomeação dos militares golpistas se considera com o direito a representar o PR da Guiné-Bissau na ONU só demonstra que o povo guineense está sob o jugo de uns quantos indivíduos doentios e antidemocráticos que como um bando de tresloucados se arrogam de direitos que obtiveram pela força de mais um golpe de estado em detrimento e contra os eleitos pelo povo guineense.
 
A cena é triste, mas mais triste é o presente e o futuro dos guineenses dominados por indivíduos que não passam de tétricos monstros inimigos da legitimidade democrática reconhecida pela comunidade internacional no seu maior areópago, as Nações Unidas.(PG)
 
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