domingo, 30 de setembro de 2012

Espanha: PEDRO ALMODÓVAR CRITICA GOVERNO RAJOY POR REPRESSÃO A MANIFESTANTES

 


João Novaes – Opera Mundi – foto efe
 
Diretor afirma que, mesmo que muitos espanhóis como ele não tivessem protestado, a maioria está descontente com o governo
 
O cineasta espanhol Pedro Almodóvar escreveu um artigo nesta sexta-feira (28/09) ao jornal El País em que fez duras críticas ao governo de seu país, comandado pelo conservador Mariano Rajoy. O principal ponto de críticas foi a repressão aos manifestantes que tentaram cercaram o Congresso de Deputados, em Madri, na última terça-feira (25).
 
No texto “Realidade e Narração”, Almodóvar ironizou a declaração do presidente de governo que, no dia seguinte à tumultuada manifestação, elogiou a “imensa maioria dos espanhóis que não se manifestaram”.
 
“Sr. Rajoy, eu sou parte dessa maioria silenciosa que não se manifestou no dia 25 de setembro, e peço que não tergiverse e muito menos se aproprie de meu silêncio. O fato de não estar presente fisicamente na Praça Netuno não significa que eu não me indigne ante a violência policial, a desmedida reação da delegada de governo (de Madri, Cristina Cifuentes), a manipulação da TV estatal pelas imagens do ocorrido, a petulância dos policiais que se negaram a se identificar na estação (de metrô) de Atocha e intimidaram os passageiros – nenhum deles estava protestando no Congresso, enquanto proibiam alguns fotógrafos de trabalhar”, protestou o diretor.
 
Segundo ele, muitos dos madrilenhos que preferiram não protestar também estão contra o governo, já que este foi eleito por “fatalidades” e por uma lista eleitoral fechada.
 
Para ele, a imprensa manipulou as informações para favorecer a versão do governo, mas muitos dos manifestantes que conseguriam gravar os abusos por meios das novas tecnologias “(benditas sejam elas agora)”, trabalho o qual classifica semelhante ao dos repórteres de guerra.
 
Os protestos
 
Os manifestantes, chamados de “indignados” pedem o fim da adoção das medidas de austeridade fiscal, principalmente os cortes na saúde, educação e auxílio-desemprego, e a convocação de novas eleições.
 
Na ocasião, 64 pessoas ficaram feridas e 35 foram presas, com a ocorrência de vários casos de abuso policial. Rajoy, que estava em Nova York, defendeu a repressão e cumprimentou o que ele classificou de “maioria que não se manifesta”: “Trata-se da maioria das 47 milhões de pessoas que vivem na Espanha. (...) Essa imensa maioria dos espanhóis está trabalhando, fazendo o que pode e dando o melhor de si”. Na quinta-feira, o governo apresentou seu orçamento e um novo plano de reformas.
 
O governo de Madri, que já obteve uma promessa de empréstimo de seus sócios europeus de até 100 bilhões de euros para sanear seu bancos, tem o objetivo de reduzir seu déficit público a 2,8% do PIB em 2014, frente a 8,9% em 2011.
 
Neste sábado, os manifestantes se reuniram uma vez mais na praça Neutno. Além das reivindicações anteriores, eles pedem a libertação dos ativistas que foram presos.
 
Leia mais
 

Sem comentários:

Mais lidas da semana