Kathimerini,
Atenas – Presseurop – imagem jdn /
flickr
Residências
secundárias, hotéis, terrenos e clube de futebol: o dinheiro russo jorra a
rodos, em particular na região de Salónica. Um maná financeiro que pode atingir
a privatização das infraestruturas do país.
O ultranacionalista
Vladimir Jirinovski pode estar satisfeito. A sua profecia, com a queda do bloco
soviético, segundo a qual “o dia em que os russos lavariam os pés em águas
quentes” estaria próximo, parece estar a concretizar-se. Não pela força das armas
do império – que se estenderia do Mediterrâneo ao oceano Índico, como sonhava o
Czar – mas através de fluxos turísticos.
O empresário Sergei
Fentorov, da Câmara do Comércio e da Indústria de Moscovo e antigo oficial da
Marinha Nuclear, já está em campo. Propõe umas férias de luxo em casas na
península de Kassandra [no sudeste de Salónica]. E, entenda-se, não é o único.
Mesmo à frente, a península de Sithonias, com uma vista única sobre o Monte
Athos, abriga uma moradia no meio de 0,7 hectares de colinas de pinheiros, que
pertencia a Yuri Tchaïka, procurador-geral e um homem poderoso na Rússia a
seguir a Putin.
Empresas russas
compram hotéis e terrenos
Os russos ricos
compram cada vez mais residências secundárias em Calcídica [no Norte do país],
ao passo que as empresas russas compram hotéis e investem na compra de
terrenos. Ninguém sabe ao certo aquilo que já terão comprado. Mas tudo indica
que já compraram um grande complexo hoteleiro em Potideia, um outro em
Psakoudia e parece que estão dispostos a participar na oferta pública de
aquisição de um grande hotel em Gerakini. Simultaneamente, construíram nesta
região um hotel com 600 quartos em parceria com uma sociedade grega. Há uma
outra sociedade russa envolvida na venda e na compra de um terreno de 4200 hectares
em Sithonia destinado à construção de um hotel de 5 estrelas, visto que há
interesses russos a controlar a quase totalidade do aumento do fluxo turístico
proveniente dos países do antigo bloco soviético.
“Habitualmente,
procuram bons negócios para comprar a preços inferiores a 30% do valor real”,
explica Gregori Tasios, presidente da União dos Hoteleiros de Calcídica.
“Investem em terrenos, em moradias secundárias de luxo e em hotéis. Já
compraram entre oito e dez hotéis.”
“Não me parece que
possa haver outro país no mundo com o qual a Rússia mantenha a mesma relação
que tem com a Grécia”, explica Terenty Mescheryakov, membro do governo regional
de São Petersburgo. É por isso que investem capital no imobiliário por toda a
parte e não apenas em Calcídica.
Interesse em Creta,
Corfu e Patmos
Os investidores
russos têm interesse em ilhas como Creta, Corfu e Patmos. A equipa de futebol
PAOK Salónica foi comprada com financiamento russo, há um interesse na OSE, a
companhia nacional de caminhos de ferro, e correm rumores no meio empresarial
de que não ficaram indiferentes à aquisição, no quadro das privatizações do
país, de um porto no norte da Grécia, sobretudo o de Salónica. Evitavam assim o
pesadelo de transpor o estreito de Dardanelos, maioritariamente controlado
pelos turcos [mas com o estatuto de águas internacionais] e a um preço
incomportável.
Mesmo que os russos
se lancem em massa em investimentos e no turismo, a “Pérola do Mar Egeu”, como
lhe chamam, atrai outros países dos Balcãs que funcionam bem em matéria de
aquisição de casas, pequenos hotéis e fluxo turístico na região. O atual
Presidente búlgaro, Rossen Plevneliev, por exemplo, possui um chalé em
Ouranoupolis, o antigo primeiro-ministro da Macedónia, Vlado Boutskofki, em
Neos Marmaras, e representantes do Governo sérvio e albanês, nas redondezas.
“Agora temos de ter em conta que o turismo e a nossa economia em geral, aqui no
Norte da Grécia, estão vivos graças aos Balcãs”, conclui um hoteleiro da região.
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