domingo, 16 de setembro de 2012

Moçambique: FESTIVAL DO DOCUMENTÁRIO, PASSOS MENTIU, VALE ROUBA

 


Maputo é durante 10 dias palco mundial de Festival do Documentário
 
14 de Setembro de 2012, 19:02
 
Maputo, 14 set (Lusa) - A capital moçambicana, Maputo, acolhe a partir de sábado a 7.ª edição do Dockanema, Festival do Filme Documentário, que apresentará em antestreia mundial o documentário "Vovós da Guerrilha, Como viver neste mundo", da realizadora holandesa Ike Bertels.
 
Com cerca de 80 documentários a preencher a grelha do 7º Dockamena, o certame vai prolongar-se até 23 de setembro em quatro espaços da capital moçambicana: Centro Cultural Franco-Moçambicano, Centro-Cultural Brasil-Moçambique, Faculdade de Letras e Ciências Sociais e Teatro Avenida.
 
"Vovós da Guerrilha" é o último documentário de uma trilogia iniciada em 1984, com "Mulheres da Guerra", um filme que apresenta o testemunho de três mulheres moçambicanas - Mónica, Maria e Amélia -, que participaram na luta pela independência.
 
"Estas mulheres causaram uma impressão muito grande em mim na época", diz a realizadora holandesa em declarações à agência Lusa.
 
Ike Bertels explica como tudo começou: "Depois de ver imagens das três guerrilheiras no filme de Margaret Dicknson, Behind the Lines (a Luta na Retaguarda), senti-me atraída pelas ideias revolucionários e de independência de Moçambique, realizando mais tarde o primeiro filme da trilogia: Mulheres da Guerra (1984)".
 
A realizadora considera a película "muito otimista, porque transmite a energia de mudança do país depois do período de independência", mas lembra que "depois veio a guerra civil, que acaba por ter efeitos nessa vontade".
 
Quando regressa a Moçambique, em 1994, para fazer o filme Pensão de Guerrilha, depois das primeiras eleições multipartidárias no país, Ike Bertels diz ter encontrado "uma população muito triste, destruída, mas que se mantém com força para evoluir".
 
Por isso, afirma, "este é um filme otimista (Vovós da Guerrilha), pois, apesar do país continuar a ter muitos problemas, creio que os moçambicanos têm mais oportunidades e qualidade de vida hoje".
 
O documentário de abertura do 7º. Dockanema, que substitui o filme anteriormente programado para a inauguração do festival, "Mama Africa - Miriam Mabeka", do realizador finlandês Mika Kaurismäki, é, sobretudo, um relato sobre a emancipação da mulher na sociedade moçambicana.
 
"Com este filme (Vovós da Guerrilha) quis mostrar que elas plantaram as sementes, e agora podem olhar orgulhosamente para os resultados", considera Ike Bertels.
 
MMT.
 
Marinho Pinto acusa Passos Coelho de ter "mentido aos portugueses"
 
15 de Setembro de 2012, 12:33
 
15 set (Lusa) - O Bastonário da Ordem dos Advogados de Portugal, Marinho Pinto, acusou sexta-feira em Maputo o primeiro-ministro português, Passos Coelho, de ter mentido aos portugueses, por estar a exigir sacrifícios que "garantiu" em campanha eleitoral que não iria impor.
 
"Mentiu aos portugueses, enganou aos portugueses, prometeu na campanha eleitoral que nunca tomaria as medidas que veio a tomar", disse Marinho Pinto, comentando à imprensa em Maputo o novo pacote de medidas de austeridade anunciado esta semana pelo Governo português.
 
Para Marinho Pinto, o primeiro-ministro português defraudou o país ao seguir um rumo diferente do conteúdo da campanha eleitoral que lhe permitiu a confiança do eleitorado.
 
"Derrubaram o Governo anterior do engenheiro José Sócrates por ele pedir um décimo ou um vigésimo dos sacrifícios que eles agora estão a impor aos portugueses. Os portugueses acreditaram neles, está aí o resultado, nas próximas eleições os portugueses irão pronunciar-se", disse o Bastonário da Ordem dos Advogados de Portugal.
 
Marinho Pinto está em Maputo a convite da Ordem dos Advogados de Moçambique para participar no Congresso da Justiça, um evento organizado pela organização dos advogados moçambicanos.
 
PMA
 
Angelina lamenta o que Vale fez perder pela carvão de Tete
 
16 de Setembro de 2012, 09:33
 
Manuel Matola, da Agência Lusa
 
Tete, 16 set (Lusa) - Angelina, mãe de quatro filhos, tinha três casas antes da implantação do projeto Vale em Tete, no centro de Moçambique, mas perdeu duas ao ser transferida para Cateme, onde "a terra não é favorável para fazer machambas" (hortas).
 
Em janeiro, 750 famílias protestaram contra a mineira brasileira Vale por terem sido transferidas para Cateme, na província de Tete, denunciando as dificuldades de acesso à água potável, terra arável e energia elétrica.
 
Mas volvidos nove meses, as casas ainda "têm problemas de racha", diz Angelina Fulano em declarações à Lusa, encostada a parede da sua casa rodeada de seus filhos.
 
"Na primeira zona eu tinha três casas, mas quando saímos viemos para outra zona, fizemos uma casa grande que tinha dois quartos, uma dispensa, uma sala e uma varanda", descreve. "Nós perdemos aquela casa grande, eles vieram e construíram estas duas casas. Agora já não são três. Perdemos uma casa", afirma.
 
O processo de realojamento das famílias abrangidas, lançado em 2009, estava avaliado em 120 milhões de dólares (91 milhões de euros), mas até à altura das reivindicações foram investidos cerca de 100 milhões de dólares.
 
A Vale reconheceu a justeza das reivindicações, pois havia "melhorias a serem feitas" para corrigir os defeitos das casas atribuídas pela empresa às famílias que foram transferidas para Cateme, no entanto, a situação continua a não agradar os afetados.
 
"Estamos a sofrer", resume Angelina Fulano, que lembra as más condições dos solos para a prática de agricultura numa província onde chove, em média, 72 dias por ano.
 
Para minorar o sofrimento das famílias, a Vale e o governo local decidiram doar bens alimentares durante três meses, programa que já parou.
 
"Não nos dão (alimentação). No mês de maio/abril recebemos mas foi a primeira e a última vez, até agora", conta Angelina, enumerando, de seguida, os produtos doados pela Vale à população afetada: "Três sacos de farinha, dois quilogramas de sal, dois de açúcar, 12 litros de óleo, 15 quilogramas de feijão".
 
O rancho só "fez um mês, como era (uma alimentação à base de) farinha".
 
"Só se fosse milho, fazia três meses. Como foi farinha não deu certo para nós acabarmos três ou quatro meses a comermos. Acabou".
 
Hoje, Angelina Fulano e as diversas famílias anteriormente camponesas, fazem biscates na movimentada região de Moatize para sobreviver, porque "ir lá meter o problema" de que se perdeu uma casa "não deu certo".
 
"O meu marido disse que não é preciso ir meter queixa sobre a casa. E, como mulher, o que posso fazer? Estamos assim com estas duas casas, duas dependências e esta casa que tem uma sala e um quarto", aponta.
 
A relação com a Vale e governo local agora "está normal", mas o sonho de ter a sua própria machamba permanece.
 
"Nós não temos machambas. Estamos a sofrer por causa de machambas", diz.
 
A Vale é uma das companhias mineiras que exploram carvão mineral em Moçambique, tendo iniciado as suas exportações em agosto do ano passado.
 
A multinacional investiu cerca de 1,9 mil milhões de dólares nas operações em Moatize, província de Tete, centro de Moçambique, e investirá mais 6,4 mil milhões de dólares na expansão da produção da mina e nos projetos de logística.
 
MMT

*O título nos Compactos de Notícias são de autoria PG

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