Martinho Júnior, Luanda
1 – No dia 20 de
Setembro de 2012, na residência da Embaixadora de Cuba, teve lugar o encontro
de despedida da Delegação Angolana que em representação do país esteve presente
no “IVº Encontro Africano de Solidariedade com Cuba”.
Os encontros
africanos de solidariedade com Cuba têm-se feito sentir desde 1995: entre 6 e 8
de Outubro desse ano realizou-se o primeiro na África do Sul, com a presença de
Nelson Mandela.
Posteriormente realizaram-se
sequencialmente em Acra (capital do Gana), entre 18 e 20 de Novembro de 1997 e
entre 10 e 12 de Setembro de 2010, em Luanda.
Os amigos africanos
de Cuba pretendem realizar os encontros de dois em dois anos, enquanto se
mantiver a política de bloqueio dos Estados Unidos para com Cuba.
2 – No acto da
despedida da Delegação Angolana, tomaram a palavra Jorge Inocêncio Dombolo,
membro do Bureau Político do MPLA, Chefe da Delegação e Domingos Coelho da
Cruz, Director da Liga Angolana de Amizade e Solidariedade com os Povos; do
lado de Cuba foi a própria Embaixadora, Gizela Rivera, que agradeceu.
Jorge Dombolo
sintetizou em nome de Angola (http://www.portalangop.co.ao/motix/pt_pt/noticias/politica/2012/8/38/Povo-cubano-deu-grande-contributo-para-liberdade-Angola-Jorge-Dombolo,79299bf8-0da7-4276-bf35-35039e2f5a0b.html):
“nós consideramos que nos dias actuais já não deve existir bloqueio económico
contra nenhum país, constituído um consenso mundial que este bloqueio contra
Cuba que ainda hoje se faz não tem razão de ser”.
Acrescentou ainda
que “nós vamos para a Etiópia animados com este sentimento, partilhamos com
Cuba a solidariedade no sentido de serem alcançados os principais objectivos do
encontro”.
Domingos Coelho da
Cruz por seu turno enfatizou (http://www.portalangop.co.ao/motix/pt_pt/noticias/politica/2012/8/38/Angola-tem-divida-moral-com-povo-cubano-Coelho-Cruz,ef2b74f2-2a16-40ca-92e0-2e96ee6a66e9.html)
que “a nossa amizade com Cuba não data de hoje e todos nós angolanos sabemos
nos momentos difíceis em que precisávamos confirmar a nossa independência
muitos países que hoje dizem que Angola está bem entregue e bem governada nos
viraram as costas, facto que nunca aconteceu com o país caribenho” e por isso “este
constitui mais um momento para Angola manifestar a sua solidariedade para com a
causa cubana, no concernente ao levantamento do bloqueio económico e a
libertação dos cinco cidadãos presos injustamente nos Estados Unidos”.
O pronunciamento da
Embaixadora Gizela Rivera (http://www.portalangop.co.ao/motix/pt_pt/noticias/politica/2012/8/38/Embaixadora-cubana-agradece-participacao-Angola-encontro-africano,9261aa6b-11a4-4fcd-89b5-2002c22297f4.html)
salientou em especial a campanha mediática que foi feita à volta do julgamento
dos 5 cubanos anti-terroristas nos Estados Unidos: “os documentos apresentados
pelo advogado de defesa demonstram a campanha mediática da imprensa em Miami
através dos jornais Nuevo Herald, Miami Herald, Voz da América, antes e durante
o julgamento no circuito de Miami contra as leis que estabelecem não intervir
com informações pública no acto de julgamento.
O governo dos
Estados Unidos pagou com dinheiro a jornalistas encarregados de fazer a
propaganda e mentir antes e durante o julgamento.
Mais de 12
jornalistas receberam dinheiro, a fiscal do julgamento foi a principal
instigadora da imprensa de Miami”…
3 – A identificação
recíproca Cuba / África, resulta duma trajectória comum que teve sua expressão
maior durante a luta de libertação em África de há mais de 50 anos a esta
parte, praticamente o mesmo tempo que dura o bloqueio norte americano à ilha!
Cuba Revolucionária
prestou seu compromisso de solidariedade desde a luta de libertação da Argélia
(substancialmente em 1963 e 1964) com sequência no apoio ao movimento de
libertação contra o colonialismo português por alturas da passagem do Che por
África, em 1965.
O papel
desempenhado por Cuba em estreita solidariedade com o movimento de libertação
em África atingiu o clímax na luta contra o regime do “apartheid” da África do
Sul.
Essa solidariedade
vincada década após década, à medida que foi vencido colonialismo e “apartheid”
tem tido continuidade e sentido na luta contra o subdesenvolvimento, tirando-se
partido do facto da Revolução Cubana ter colocando o homem no centro de todas
as atenções fundamentalmente no que diz respeito à educação e à saúde.
Em Cuba formaram-se
mais de 40.000 especialistas africanos e Cuba tem acordos em funcionamento que
abrangem 51 dos 54 estados que compõem África! (http://tudoparaminhacuba.wordpress.com/2012/09/20/cerca-de-40-mil-jovens-africanos-formaram-se-nas-mais-diversas-especialidades-em-cuba/).
4 – A identidade de
Cuba para com África é um resultado da própria história e do papel da Revolução
Cubana: quase todas as nações africanas emergiram na asa leste da rota dos
escravos que foi imposta logo nos alvores do colonialismo, enquanto as nações
americanas na asa ocidental do Atlântico foram o destino dos escravos
africanos, na ordem de largos milhões de seres.
As culturas
africanas existem nos dois lados do Atlântico e, à medida que o império
britânico cedeu espaço ao imperialismo norte americano, a Revolução Cubana
soube diagnosticar os maiores desafios que se levantavam e levantam até hoje,
nos dois lados do Atlântico, assumindo responsabilidades pelos resgates que se
impunham, como nenhum outro estado, nenhum outro povo.
O reconhecimento
africano a essa coragem internacionalista exemplar tem sido manifestado de
muitas formas, mas é sobretudo em relação ao bloqueio que dura há tantos anos
quanto Cuba se tem vindo a solidarizar com o movimento de libertação em África
e à luta pela libertação dos 5 anti-terroristas cubanos, que o continente-berço
se procura cada vez mais levantar: o bloqueio bárbaro imposto pelas sucessivas
administrações norte americanas a Cuba é, em função das lições da história, uma
contínua e persistente afronta a África e às comunidades afro-descendentes dos
próprios Estados Unidos!
Foto de Martinho
Júnior: Intervenção de
Jorge Inocêncio Dombolo durante a despedida da Delegação Angolana participante
no “IVº Encontro Africano de Solidariedade com Cuba”.
Sem comentários:
Enviar um comentário