terça-feira, 25 de setembro de 2012

O BLOQUEIO A CUBA É TAMBÉM UMA AFRONTA A ÁFRICA

 

Martinho Júnior, Luanda
 
1 – No dia 20 de Setembro de 2012, na residência da Embaixadora de Cuba, teve lugar o encontro de despedida da Delegação Angolana que em representação do país esteve presente no “IVº Encontro Africano de Solidariedade com Cuba”.
 
Os encontros africanos de solidariedade com Cuba têm-se feito sentir desde 1995: entre 6 e 8 de Outubro desse ano realizou-se o primeiro na África do Sul, com a presença de Nelson Mandela.
 
Posteriormente realizaram-se sequencialmente em Acra (capital do Gana), entre 18 e 20 de Novembro de 1997 e entre 10 e 12 de Setembro de 2010, em Luanda.
 
Os amigos africanos de Cuba pretendem realizar os encontros de dois em dois anos, enquanto se mantiver a política de bloqueio dos Estados Unidos para com Cuba.
 
2 – No acto da despedida da Delegação Angolana, tomaram a palavra Jorge Inocêncio Dombolo, membro do Bureau Político do MPLA, Chefe da Delegação e Domingos Coelho da Cruz, Director da Liga Angolana de Amizade e Solidariedade com os Povos; do lado de Cuba foi a própria Embaixadora, Gizela Rivera, que agradeceu.
 
Jorge Dombolo sintetizou em nome de Angola (http://www.portalangop.co.ao/motix/pt_pt/noticias/politica/2012/8/38/Povo-cubano-deu-grande-contributo-para-liberdade-Angola-Jorge-Dombolo,79299bf8-0da7-4276-bf35-35039e2f5a0b.html): “nós consideramos que nos dias actuais já não deve existir bloqueio económico contra nenhum país, constituído um consenso mundial que este bloqueio contra Cuba que ainda hoje se faz não tem razão de ser”.
 
Acrescentou ainda que “nós vamos para a Etiópia animados com este sentimento, partilhamos com Cuba a solidariedade no sentido de serem alcançados os principais objectivos do encontro”.
 
Domingos Coelho da Cruz por seu turno enfatizou (http://www.portalangop.co.ao/motix/pt_pt/noticias/politica/2012/8/38/Angola-tem-divida-moral-com-povo-cubano-Coelho-Cruz,ef2b74f2-2a16-40ca-92e0-2e96ee6a66e9.html) que “a nossa amizade com Cuba não data de hoje e todos nós angolanos sabemos nos momentos difíceis em que precisávamos confirmar a nossa independência muitos países que hoje dizem que Angola está bem entregue e bem governada nos viraram as costas, facto que nunca aconteceu com o país caribenho” e por isso “este constitui mais um momento para Angola manifestar a sua solidariedade para com a causa cubana, no concernente ao levantamento do bloqueio económico e a libertação dos cinco cidadãos presos injustamente nos Estados Unidos”.
 
O pronunciamento da Embaixadora Gizela Rivera (http://www.portalangop.co.ao/motix/pt_pt/noticias/politica/2012/8/38/Embaixadora-cubana-agradece-participacao-Angola-encontro-africano,9261aa6b-11a4-4fcd-89b5-2002c22297f4.html) salientou em especial a campanha mediática que foi feita à volta do julgamento dos 5 cubanos anti-terroristas nos Estados Unidos: “os documentos apresentados pelo advogado de defesa demonstram a campanha mediática da imprensa em Miami através dos jornais Nuevo Herald, Miami Herald, Voz da América, antes e durante o julgamento no circuito de Miami contra as leis que estabelecem não intervir com informações pública no acto de julgamento.
 
O governo dos Estados Unidos pagou com dinheiro a jornalistas encarregados de fazer a propaganda e mentir antes e durante o julgamento.
 
Mais de 12 jornalistas receberam dinheiro, a fiscal do julgamento foi a principal instigadora da imprensa de Miami”…
 
3 – A identificação recíproca Cuba / África, resulta duma trajectória comum que teve sua expressão maior durante a luta de libertação em África de há mais de 50 anos a esta parte, praticamente o mesmo tempo que dura o bloqueio norte americano à ilha!
 
Cuba Revolucionária prestou seu compromisso de solidariedade desde a luta de libertação da Argélia (substancialmente em 1963 e 1964) com sequência no apoio ao movimento de libertação contra o colonialismo português por alturas da passagem do Che por África, em 1965.
 
O papel desempenhado por Cuba em estreita solidariedade com o movimento de libertação em África atingiu o clímax na luta contra o regime do “apartheid” da África do Sul.
 
Essa solidariedade vincada década após década, à medida que foi vencido colonialismo e “apartheid” tem tido continuidade e sentido na luta contra o subdesenvolvimento, tirando-se partido do facto da Revolução Cubana ter colocando o homem no centro de todas as atenções fundamentalmente no que diz respeito à educação e à saúde.
 
Em Cuba formaram-se mais de 40.000 especialistas africanos e Cuba tem acordos em funcionamento que abrangem 51 dos 54 estados que compõem África! (http://tudoparaminhacuba.wordpress.com/2012/09/20/cerca-de-40-mil-jovens-africanos-formaram-se-nas-mais-diversas-especialidades-em-cuba/).
 
4 – A identidade de Cuba para com África é um resultado da própria história e do papel da Revolução Cubana: quase todas as nações africanas emergiram na asa leste da rota dos escravos que foi imposta logo nos alvores do colonialismo, enquanto as nações americanas na asa ocidental do Atlântico foram o destino dos escravos africanos, na ordem de largos milhões de seres.
 
As culturas africanas existem nos dois lados do Atlântico e, à medida que o império britânico cedeu espaço ao imperialismo norte americano, a Revolução Cubana soube diagnosticar os maiores desafios que se levantavam e levantam até hoje, nos dois lados do Atlântico, assumindo responsabilidades pelos resgates que se impunham, como nenhum outro estado, nenhum outro povo.
 
O reconhecimento africano a essa coragem internacionalista exemplar tem sido manifestado de muitas formas, mas é sobretudo em relação ao bloqueio que dura há tantos anos quanto Cuba se tem vindo a solidarizar com o movimento de libertação em África e à luta pela libertação dos 5 anti-terroristas cubanos, que o continente-berço se procura cada vez mais levantar: o bloqueio bárbaro imposto pelas sucessivas administrações norte americanas a Cuba é, em função das lições da história, uma contínua e persistente afronta a África e às comunidades afro-descendentes dos próprios Estados Unidos!
 
Foto de Martinho Júnior: Intervenção de Jorge Inocêncio Dombolo durante a despedida da Delegação Angolana participante no “IVº Encontro Africano de Solidariedade com Cuba”.
 

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