sábado, 6 de outubro de 2012

Brasil: FAMÍLIAS SEM ABRIGO EM SÃO PAULO, AS ELEIÇÕES E O RASCA JOSÉ SERRA

 


Despejadas de ocupação, famílias vivem ao relento no centro de São Paulo
 
Correio do Brasil, com Rede Brasil Atual - de São Paulo
 
O tempo seco tem incomodado a maioria dos paulistanos que esperam a chuva com grande expectativa. Mas para as 97 famílias acampadas na praça do Correio, no centro da cidade e a menos de meio quilômetro da sede da prefeitura, é melhor que não caia nenhuma gota. Desde que foram despejadas de um prédio na avenida Ipiranga, em 28 de agosto, as famílias vivem em moradias improvisadas, feitas de lona e madeira. Elas, com mais precisão do que qualquer instituto de pesquisas meteorológicas, sabem que desde que estão morando lá, há 35 dias, choveu apenas duas vezes, o que foi suficiente para destruir alguns barracos e inutilizar colchões e cobertores.
 
O prédio em que viviam, abandonado há 9 anos, antes de ser ocupado estava entre os prédios que a própria administração de Gilberto Kassab (PSD) havia decretado de interesse social (DIS) em 2010. A ordem de reintegração de posse indicava que as famílias deveriam ser “alojadas em abrigos provisórios”. A prefeitura ofereceu vagas em albergues.
 
A opção foi rechaçada, já que nesses locais homens e mulheres da mesma família não podem ficar juntos.“No albergue você só pode ir para dormir a noite. Durante o dia você fica na rua. Na rua nós já estamos. E vamos ficar aqui até que eles resolvam nossa situação”, diz Luzia Pinto, de 70 anos, uma das coordenadoras do acampamento. “Eu era casada, aí meu marido morreu. Ou eu comia ou pagava aluguel. Imagina quem tem filho pequeno”, conta Luzia, que trabalhava como recepcionista até se aposentar por invalidez, depois de um acidente. Hoje ela recebe um salário mínimo, o equivalente a R$ 622.
 
O grupo está junto há pelo menos quatro anos. Antes de ocuparem o prédio na avenida Ipiranga, viveram sete meses na ocupação Alto Alegre, em um terreno no bairro de mesmo nome na zona leste. Saíram de lá depois de serem surpreendidas durante a madrugada por uma reintegração de posse promovida pela Tropa de Choque da Polícia Militar. O proprietário do terreno à época era processado por dano ambiental, e devia aos cofres públicos cerca de R$ 2 milhões. Ao serem despejadas, as famílias receberam a promessa de que 600 unidades habitacionais seriam construídas no local e que elas poderiam voltar. Mas isso nunca ocorreu. Depois de três meses, a verba emergencial dada a elas foi cortada. O grupo chegou a acampar diante da Câmara Municipal e no viaduto do Chá, ao lado da sede da administração municipal. Desamparados, ocuparam o prédio. Dessa vez, nenhum auxílio financeiro foi oferecido.
 
Segundo o Observatório de Remoções da Universidade de São Paulo, lançado na última semana, pelo menos 7.666 famílias já foram removidas na cidade nós últimos anos e milhares que vivem em 486 favelas correm o mesmo risco em função de grandes intervenções urbanísticas promovidas pelos governos estadual e municipal e por empresas privadas na cidade.
 
Trabalhadores
 
No acampamento, uma cozinha improvisada foi montada. Doações, restos colhidos no Mercado Municipal e compras feitas em esquema de rateio são guardadas a chave. Maria da Glória, de 72 anos, é a responsável pelo preparo das refeições. Também com o grupo desde a remoção no Alto Alegre, ela conta que o jantar é a refeição mais disputada, já que na hora do almoço a maioria dos sem-teto está no trabalho.
 
- A maioria das pessoas que passam aqui acha que nós somos mendigos. Mas aqui a maioria é trabalhador – explica Carina dos Reis Araújo, de 27 anos, acampada com a filha de 10 anos e o marido.
 
Os dois adultos fazem ‘bicos’. Ela de noite, como recepcionista, e seu marido como motorista. “A gente não quer nada de graça. Queremos algo que a gente possa pagar”, conta enquanto se prepara para o trabalho.
 
De fato, durante a visita da RBA ao acampamento apenas algumas mulheres e crianças estavam presentes, mas o mar de colchões espalhados pelo chão não deixa dúvida da quantidade de gente que vive no local e das condições precárias da moradia improvisada. “No calor é um forno, no inverno um gelo”, descreve Carina.
 
Para usar o banheiro, os sem-teto contam com a solidariedade de um bar que funciona de segunda a sábado. “Aos domingos é um sufoco. Banho a gente toma em um prédio da avenida São João”, conta Luzia. O prédio a que se refere é a ocupação São João, cuja ordem de reintegração de posse já foi expedida e só não foi executada porque o proprietário do imóvel não garantiu os meios para que os ocupantes retirassem seus pertences de lá.
 
Depois do despejo, o edifício que abrigava em condições razoáveis as famílias na avenida Ipiranga voltou a ser fechado e não cumpre nenhuma função social, como determina a Constituição. Os ex-ocupantes desconfiam que o prédio foi comprado pela própria prefeitura, mas não há informação oficial a respeito. Assim como não se sabe quantos e quais dos prédios que constavam no DIS foram de fato desapropriados. “A terra era para ser para as pessoas, não para os ratos e cobras como era no Alto Alegre antes da gente ocupar lá. Não para ficar fechado como o prédio da Ipiranga que está lá enquanto a gente está nessa situação”, desabafa Luzia. Que parece ser a única que não se importa com o prenúncio de chuva. “A gente já acostumou. Vai ser só um banho a mais”.
 
Serra censura publicação por expor seu “currículo
 
Correio do Brasil, com Rede Brasil Atual - de São Paulo
 
As informações que “denigrem” a imagem de José Serra (PSDB) e são capazes de provocar “dano irreparável” à sua candidatura para prefeito de São Paulo – segundo as palavras do despacho judicial que censurou e apreendeu a edição de quinta-feira do jornal Folha Bancária – estão em um texto de quatro parágrafos que resume a trajetória política e administrativa do tucano e informa, no final, que ele ainda não apresentou programa de governo.
 
A representação foi protocolada pelo PSDB, sob argumento de que o jornal “promovia” o petista Fernando Haddad e prejudicava Serra. A edição trazia textos sobre os três principais candidatos à prefeitura – Serra, Haddad e Celso Russomanno (PRB) – e uma nota de rodapé informando que a maioria dos diretores do Sindicato dos Bancários apoia o petista.
 
O texto que Serra considera depreciativo diz que ele, quando governador de São Paulo, vetou projetos que determinavam a instalação de portas segurança em todas as agências bancárias. Também afirma que seu partido, o PSDB, foi responsável pela privatização de vários bancos públicos, entre eles o Banespa.
 
Em protesto, o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região afirmou nesta sexta-feira que fará um ato simbólico contra censura do jornal pela coligação do candidato do PSDB. Caminharão com lenços na boca para simbolizar a mordaça à liberdade de expressão.
 
Leia a íntegra do que foi publicado sobre o tucano na Folha Bancária censurada por ele:
 
José Serra é economista. Já foi eleito governador de São Paulo, deputado federal por dois mandatos e senador. Foi prefeito de São Paulo entre 2005 e 2006, q uando deixou o mandato para concorrrer ao governo do estado. A gestão do município foi então assumida pelo prefeito Gilberto Kassab.
 
Em sua gestão como governador, Serra vetou dois projetos de lei que determinavam a instalação de portas de segurança em todas as agências bancárias do estado. O mesmo caminho tomou seu sucessor na prefeitura paulista: Kassab também vetou projeto que determinava a instalação de dispositivos nas agências bancárias do município.
 
O então governador também abriu mão da Nossa Caixa, que passou na ser controlada pelo Banco do Brasil. A legenda, o PSDB, foi responsável por privatizações de diversas instituições financeiras, como o Banespa e o Banerj, além de empresas como a Vale do Rio Doce.
 
SEM PROPOSTAS – O plano de governo de Serra não foi divulgado em nenhum dos sites oficiais da campanha nem no TRE. Dessa forma, não é possível averiguar suas propostas para mobilidade, saúde e segurança.
 
*O título nos Compactos de Notícias são de autoria PG
 
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