quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Cabo Verde: CRIANÇAS SUJEITAS A TRABALHOS FORÇADOS E VÍTIMAS DE ABUSO SEXUAL

 


É um cenário negro para Cabo Verde
 
Liberal (cv)
 
Um relatório do Departamento de Estado norte-americano diz que o Governo de José Maria Neves não cumpre os padrões mínimos para a eliminação do tráfico humano e indica medidas urgentes para contrariar a actual situação
 
Praia, 2 de Outubro 2012 – O último relatório sobre tráfico humano, da responsabilidade do Departamento de estado norte-americano, é preocupante e, no que respeita a Cabo verde, traça um cenário muito negro da situação das nossas crianças que - diz o documento - “são sujeitas a trabalhos forçados e, por vezes, ao tráfico de sexo dentro do país”, mas de igual modo refere que cidadãos cabo-verdianos são sujeitos ao “transporte forçado de drogas para países como o Brasil, Portugal e outros países na Europa”.
 
Mas a situação dos mais novos é aquela que merece mais atenção e suscita preocupações acrescidas, porquanto "crianças cabo-verdianas são utilizadas em trabalhos domésticos, muitas vezes trabalhando demasiadas horas, e por vezes sendo sujeitas a abusos físicos e sexuais" e “são utilizadas em Santa Maria, Praia e Mindelo para a prostituição”. O que, ainda segundo o relatório, “é um problema crescente em Cabo Verde".
 
GOVERNO NÃO CUMPRE
 
"O Governo de Cabo Verde, não cumpre totalmente com os padrões mínimos para a eliminação do tráfico" e "não desenvolveu esforços para identificar as vítimas de tráfico em 2011, nem para reduzir o apelo ao comércio e turismo sexual envolvendo crianças", pode ler-se ainda, ao mesmo tempo que se avança que, no respeitante à protecção das vítimas, "o governo fez esforços modestos para as proteger", nomeadamente, instalando “mais 5 novos centros de apoio, a acrescentar aos 2 existentes, nomeadamente Sal, S. Nicolau, Fogo, Boavista e Santiago".
 
MEDIDAS URGENTES
 
Para além de diagnosticar a situação, o relatório avança com a indicação de medidas urgentes para contrariar esta triste realidade, nomeadamente: desenvolvimento de legislação anti-tráfico, que inclua uma definição mais ampla desse fenómeno; assegurar que a legislação cabo-verdiana proíba a facilitação da prostituição por crianças de 16 e 17 anos de idade; formar oficiais de justiça na utilização da legislação vigente, para investigar e prosseguir com as ofensas de tráfico; desenvolver e implementar com medidas que permitam identificar sujeitos alvo de tráfico, no âmbito de populações vulneráveis; bem como lançar uma campanha nacional de sensibilização contra o tráfico humano”. Medidas que o Governo de Cabo Verde terá de implementar, sob pena de o País continuar a figurar na lista negra, particularmente no que se refere à exploração do trabalho infantil e ao abuso sexual de crianças.
 
OPOSIÇÃO APOIA MEDIDAS
 
Para o deputado do MpD Miguel Monteiro – que ontem reagiu ao relatório -, as medidas apontadas devem ser adoptadas “de forma a retirar Cabo Verde desta lista negra de países onde o tráfico humano é uma realidade”, pelo que o seu partido as apoia inteiramente, e acrescenta que “não podemos dar-nos por satisfeitos por ter um país de rendimento médio, onde os portos, aeroportos e estradas são uma realidade, mas em que aspectos sociais essenciais, são deixados para trás”.
 
Até ao momento não se conhece qualquer reacção do Governo de Cabo Verde.
 

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