domingo, 28 de outubro de 2012

Capitão que liderou ataque em Bissau entrou no país através da Gâmbia - militares

 
Militares e governo golpista exibiram Ntchama envolto numa bandeira portuguesa

MB – PNG - Lusa - foto Aly Siva em Ditadura do Consenso
 
Bissau, 28 out (Lusa) - O capitão Pansau N'Tchamá, suposto líder do grupo que atacou um quartel na Guiné-Bissau e agora capturado, chegou ao país vindo da Gâmbia depois de sair de Portugal, disse hoje o porta-voz das Forças Armadas guineenses.
 
Daba Na Walna explicou que Pansau N'Tchamá "há muito tempo que circulava" entre Portugal e Gâmbia, de onde teria recebido instruções do ex-chefe das Forças Armadas guineenses Zamora Induta para atacar o quartel dos para-comandos no passado domingo, 21 de outubro, de que resultaram seis mortos.
 
"Pansau chegou aqui via Gâmbia, contactou com o seu grupo e foi ao quartel dos para-comandos para aí tentar subtrair armas para vir atacar o Estado-Maior e liquidar o chefe do Estado-Maior e o seu staff", afirmou Daba Na Walna em conferência de imprensa em Bissau.
 
O porta-voz do Estado-Maior das Forças Armadas guineenses adiantou que a operação contou com dinheiro e armas enviados de fora. Negou, contudo, que o grupo de Pansau N'Tchamá tivesse subtraído documentos no Tribunal Militar, onde se encontram, por exemplo, os processos relacionados com a morte do ex-Presidente 'Nino' Vieira.
 
"Isso não corresponde à verdade. Não tiraram nenhum documento do Tribunal Militar, queriam era tirar armas de lá, mas não conseguiram", declarou Na Walna, refutando informações de que Pansau N'Tchama - apontado também como tendo estado envolvido no assassínio de 'Nino' Vieira - teria roubado documentos daquele tribunal.
 
Daba Na Walna confirmou que Pansau N'Tchamá entrou no quartel dos para-comandos, telefonou ao responsável pela unidade, o tenente-coronel Júlio Nsulté, e disse-lhe que se rendesse, já que tinha tomado conta do quartel. Da altercação morreram seis pessoas.
 
"Quando ele se apercebeu que o seu plano tinha falhado, pôs-se em fuga em direção à zona de São Paulo, de lá seguiu para a zona de Antula e seguidamente escondeu-se aqui no porto de Bissau até ser transportado para a ilha do Rei, depois para a ilha das Cobras e mais tarde para Bolama", explicou Na Walna.
 
"Ainda houve quem nos tentasse desviar do alvo, dando-nos informações falsas, mas sempre fomos avisados pela população das deambulações de Pansau N'Tchama até ser capturado em Bolama pelas nossas forças", indicou o porta-voz do Estado-Maior.
 
"A ideia dele era fugir para a Guiné-Conacri, mas isso só não foi possível porque faltou-lhe dinheiro. Quem o ia transportar, de piroga, para Conacri pediu-lhe três milhões de francos, acontece que o seu elo de ligação com Zamora Induta só tinha na altura 500 mil francos", acrescentou Na Walna, contando ainda um episódio que se terá passado durante as operações de caça ao capitão N'Tchamá.
 
"A pessoa que faz a ligação entre Pansau e Zamora, um tal de Didi (familiar do capitão), foi capturado pela nossa gente, sem saber o Zamora liga para esse Didi, e com o telefone em mãos livres, ouviu-se o Zamora a dizer ao Didi que fizesse tudo para pôr o Pansau na Guiné-Conacri. Provas mais que estas não podem existir", sublinhou Daba Na Walna.
 

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