Governo de
transição da Guiné-Bissau exige explicações de Portugal sob pena de rever
relações
Bissau, 28 out
(Lusa) - O Governo de transição guineense exigiu hoje "uma explicação
clara e justificada" de Lisboa sobre "a expedição terrorista do
capitão Pansau N´Tchama à Guiné-Bissau", antes de "ser forçado a
rever as suas relações com Portugal".
A exigência surgiu
hoje em forma de comunicado do Conselho de Ministros, após uma reunião
extraordinária na sequência da prisão, no sábado, de Pansau N´Tchama, acusado
pelas autoridades da Guiné-Bissau de ter sido o responsável por um ataque a um
quartel no passado domingo.
As autoridades de
transição têm acusado Lisboa de envolvimento no caso, alegando que Pansau
N´Tchama vivia em Portugal, onde teria pedido asilo político.
Um dia depois da
prisão do alegado responsável pelo ataque, do qual resultaram seis mortes, o
Governo de transição manifestou também "reservas nas suas futuras relações
com a CPLP" (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), entidade que
também tem acusado de ligação com o que considerou hoje ter sido uma tentativa
de “golpe de Estado”.
O Governo de
transição decidiu também "comunicar a todas as representações diplomáticas
acreditadas no país que não tolerará atos que impliquem auxílio e proteção de
terroristas que atentem conta a segurança nacional", lê-se no comunicado.
No mesmo documento,
o Governo de transição agradece o apoio da Comunidade Económica dos Países da
África Ocidental (CEDEAO) e pede à organização e aos países amigos para que
acompanhem "todo este processo de invasão e de tentativa de golpe de
Estado montado no exterior com conivência externa".
No comunicado, lido
pelo ministro da Presidência do Conselho de Ministros e porta-voz do executivo,
Fernando Vaz, o Governo de transição acusa a CPLP e particularmente Portugal e
Cabo Verde "de uma política de terrorismo de Estado contra as instituições
da República da Guiné-Bissau, que visa a criação de um clima de instabilidade
política e social, de forma a justificar a intervenção de forças militares sob
a alçada das Nações Unidas".
Fernando Vaz disse
também aos jornalistas que "pelas primeiras informações" de que o
Governo dispõe, Pansau N´Tchama "estava na Gâmbia desde finais de
abril". Ainda assim, o porta-voz não quis envolver o país vizinho no caso,
afirmando que se está em fase de investigações.
Também pelo mesmo
motivo, em relação a Portugal não fez outros comentários. "Estamos na fase
de investigação, não vamos acusar Portugal se não houver provas, não falamos
nada de ânimo leve", disse.
"Não
condenamos Portugal, exigimos que Portugal se explique. Tem um asilado
político, terá a obrigação de se justificar como é que esse indivíduo, pelo
menos, saiu de Portugal para atacar de seguida um quartel na Guiné-Bissau e
protagonizar uma tentativa de golpe de Estado", afirmou.
Segundo Fernando
Vaz, no ataque de domingo havia a conivência de militares e políticos dentro do
país. O ministro não adiantou mais pormenores.
FP // PNG
Militar acusado de
ataque em Bissau nunca teve estatuto de asilo político em Portugal - Governo
Lisboa, 28 out
(Lusa) – O Governo português esclareceu hoje, através do Ministério dos
Negócios Estrangeiros, que o militar acusado pelo Governo de transição
guineense de ter liderado um ataque em Bissau “não tem, nem nunca teve, o
estatuto de asilo político em Portugal”.
“Em relação a
alegações recentemente efetuadas pelas entidades guineenses não reconhecidas
internacionalmente de que o capitão Pansau N’Tchama teria tido estatuto de
asilo político em Portugal, o Governo português esclarece que esse cidadão
guineense não tem, nem nunca teve, o estatuto de asilo político em Portugal”,
disse à Lusa o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Miguel
Guedes.
“O Estado português
não se presta por isso, em nenhumas circunstâncias, a qualquer instrumentalização
para efeitos de questões internas do poder militar em Bissau”, acrescentou.
O Governo de
transição guineense, formado na sequência do golpe militar de 12 de abril deste
ano, exigiu hoje "uma explicação clara e justificada" de Lisboa sobre
"a expedição terrorista do capitão Pansau N´Tchama à Guiné-Bissau",
antes de "ser forçado a rever as suas relações com Portugal".
A exigência surgiu
em forma de comunicado do Conselho de Ministros, após uma reunião
extraordinária na sequência da prisão, no sábado, de Pansau N´Tchama, acusado
pelas autoridades da Guiné-Bissau de ter sido o responsável por um ataque a um
quartel no passado domingo, 21 de outubro, de que resultaram seis mortos.
Também hoje, o
porta-voz do Estado-Maior das Forças Armadas guineenses, o tenente-coronel Daba
Na Walna, afirmou que Portugal de forma "direta ou indireta sabia das
movimentações" do capitão Pansau N'Tchama.
“Como é que um
indivíduo que se encontrava em Portugal, com o estatuto que ninguém sabe ao
certo se residente ou se exilado político, aparece aqui a atacar um quartel
fortificado? Portugal não cuidou bem da vigilância ao Pansau", afirmou Na
Walna.
PNG // MSF
*O título nos
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