terça-feira, 30 de outubro de 2012

Guiné-Bissau: ANÁLISE À SEGURANÇA DO NARCO-ESTADO, ESPANHA CORTA APOIOS

 


Conselho Superior de Defesa da Guiné-Bissau analisou situação de segurança do país
 
29 de Outubro de 2012, 14:42
 
Bissau, 29 out (Lusa) - O Conselho Superior de Defesa Nacional da Guiné-Bissau reuniu-se hoje em Bissau para analisar "a situação de segurança" do país, disse o ministro da Defesa, que prometeu para breve declarações de Pansau N´Tchama.
 
Pansau N´Tchama é o alegado responsável pelo ataque a um quartel de Bissau no passado dia 21, do qual resultaram seis mortes. Está desde sábado detido no Estado-Maior General das Forças Armadas.
 
Celestino de Carvalho, ministro da Defesa, falava aos jornalistas após a reunião do Conselho, um órgão de consulta do Presidente da República, sem adiantar muitos pormenores, salientando que esta foi a reunião mais curta das três até agora realizadas.
 
De acordo com o ministro, foi analisada "a situação de segurança do país, tendo em conta os últimos acontecimentos" e debatida a detenção de Pansau N´Tchama e as declarações que proferiu.
 
Questionado sobre se os jornalistas teriam acesso a declarações de Pansau N´Tchama, o ministro garantiu que o detido se irá pronunciar "por via da Justiça" e que os jornalistas em breve "podem ser convocados para presenciar as declarações".
 
Um grupo que terá sido comandando por Pansau N´Tchama tentou assaltar no dia 21 o quartel dos para-comandos, uma unidade de elite das Forças Armadas da Guiné-Bissau. O militar pôs-se em fuga mas foi detido no passado fim de semana.
 
O Governo de transição da Guiné-Bissau tem acusado a CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) e Portugal de estarem implicados no caso, e tem insistido para que Portugal dê explicações, já que Pansau N´Tchama vivia em Portugal, onde teria pedido asilo político.
 
O Governo português respondeu que nunca foi dado asilo político a Pansau N´Tchama.
 
FP // VM.
 
Espanha anuncia que corta apoios às organizações não-governamentais na Guiné-Bissau
 
29 de Outubro de 2012, 15:03
 
Bissau, 29 out (Lusa) - A Espanha anunciou recentemente que vai retirar a Guiné-Bissau da lista de países que recebem apoios financeiros para o trabalho das organizações não-governamentais, disse hoje à Lusa o responsável de uma organização.
 
De acordo com Sambatenen Camará, responsável de uma das cerca de 30 ONG guineenses e espanholas que recebem apoios da cooperação espanhola, o Governo de Madrid decidiu não incluir a Guiné-Bissau no seu Plano Diretorio Quatro de cooperação para o período de 2013 a 2016.
 
Sambatenen Camará, que lidera a equipa de organizações não-governamentais guineenses e espanholas que recebem apoios da Espanha, diz não compreender as razões da decisão do Governo de Madrid, uma vez que a Guiné-Bissau "tem todas as condições de elegibilidade" para as ajudas.
 
"A Guiné-Bissau tem todas as condições de elegibilidade. No índice de desenvolvimento humano, a Guiné só supera o Níger, a nível da pobreza geral só está a frente de dois países, o Níger e a Etiópia, faz parte da África subsariana e o Plano dá uma atenção especial a essa zona do mundo", observou o responsável.
 
O Governo espanhol coloca ainda como condição para as ajudas que o país beneficiário tenha um número considerável de cidadãos espanhóis, o que Sambatenen Camará disse ser o caso da Guiné-Bissau, onde, afirmou, existem "muitos cidadãos da Espanha a trabalhar".
 
"A Espanha é o quinto parceiro/doador da Guiné-Bissau a nível da cooperação bilateral. Entre 2010 e 2011, a Espanha só fica atrás de Portugal a nível da cooperação bilateral", enfatizou o coordenador da equipa de trabalho que está a redigir um manifesto das ONG para enviar ao Governo de Madrid pedindo que volte atrás na sua decisão.
 
O responsável disse não ter certeza, mas que acredita que a "constante instabilidade" na Guiné-Bissau poderá estar a pesar na decisão do Governo espanhol.
 
"Se for só pelos indicadores a Guiné-Bissau tem todas as condições de ser ilegível no Plano, agora se assim não for é porque, provavelmente, a constante instabilidade do país poderá estar a pesar nisso tudo", defendeu Camará.
 
"Também pode ser que a Espanha como membro da União Europeia esteja a seguir as orientações da organização. Não sei", disse.
 
Sambatenen Camará afirmou que no caso de a decisão se concretizar as populações irão sentir os efeitos imediatos.
 
"Queremos demonstrar que a população vai sofrer com esta situação. A população está cansada e é ela a beneficiária direta dos apoios da cooperação espanhola. A Espanha pode não ter cooperação com o Governo diretamente, mas pensamos que devia continuar a nível das ONG que trabalham diretamente com as populações", disse Camará.
 
A Espanha apoia as ONG e o próprio Governo guineense nas áreas da saúde, educação, pesca, agricultura, segurança alimentar e igualdade e equidade entre géneros.
 
Entre 2006 e 2010, Madrid deu às ONG guineenses e espanholas que trabalham na Guiné-Bissau cerca de 30 milhões de euros.
 
MB // VM.
 
*O título nos Compactos de Notícias são de autoria PG
 
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