sábado, 13 de outubro de 2012

Medidas impostas pela UNESCO são mais caras do que parar Barragem do Tua

 

PLI – ARA – Lusa, com foto
 
Vila Real, 12 out (Lusa) – Ambientalistas, defensores da Linha do Tua e quintas do Douro afirmaram hoje que a concretização das medidas pedidas pela UNESCO para “tolerar” a Barragem de Foz Tua “será mais cara do que parar o empreendimento”.
 
O Ministério da Agricultura e Ambiente divulgou quarta-feira que o relatório da missão da UNESCO ao Douro concluiu que a construção do aproveitamento hidroeléctrico de Foz Tua, de acordo com o projeto revisto, é compatível com a manutenção do Alto Douro Vinhateiro (ADV) na Lista do Património Mundial”.
 
Depois de consultarem o relatório, diversas entidades opositoras do empreendimento acusam o Governo de revelar uma “alegação parcial e errada”.
 
O comunicado é assinado, entre outros, pelo Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA), Liga para a Proteção da Natureza (LPN), Quercus, Fundo para a Proteção dos Animais Selvagens (FAPAS), Quinta do Crasto e Quinta dos Murças (Esporão SA).
 
“A UNESCO tolera a barragem, mas faz críticas muito duras ao processo e exige medidas difíceis, cuja concretização será mais cara do que parar a barragem”, referem.
 
Os signatários do comunicado defendem que, “só o custo de enterramento da central elétrica, alteração da subestação e linha custará mais do que o resgate da concessão da barragem”.
 
“Podemos estimar que os custos para os consumidores contribuintes de a barragem avançar serão 20 a 30 vezes superiores ao custo da paragem imediata da barragem”, frisam as entidades subscritoras.
 
A UNESCO “exige” a criação de um “Plano de Gestão da Zona”, com força de lei, que proteja o Douro “dos impactos cumulativos de infraestruturas como barragens, linhas elétricas e estradas, como por impactes incrementais resultantes da ausência de políticas de gestão consistentes”.
 
Este plano terá de ser submetido à organização até 01 de fevereiro 2013.
 
Ainda segundo o comunicado, a UNESCO concorda com o enterramento da central elétrica, mas exige conhecer e pré-aprovar soluções para a subestação e para a linha de muito alta tensão, para as quais ainda não existem projetos.
 
Os signatários referem que, no relatório, a UNESCO “critica duramente o Estado pelo incumprimento de medidas de gestão, salvaguarda e reporte sobre o Alto Douro Vinhateiro ao longo dos últimos onze anos, em particular os procedimentos que levaram à aprovação da barragem de Foz Tua”.
 
A organização critica ainda a inutilização da Linha Ferroviária do Tua, considerando que solução de mobilidade proposta pela EDP e pelo Governo (com teleférico e barco) “não satisfaz minimamente as necessidades, quer das populações locais, quer do turismo, e exige uma solução alternativa.
 
Os opositores da barragem admitem que neste relatório “há um recuo, o qual consideram ter um “caráter político e não técnico”, mas defendem que a “decisão é condicional”.
 
“Até que todas estas questões estejam cabalmente resolvidas, o que poderá demorar anos, a UNESCO exige que as obras se mantenham a ritmo lento”, acrescentaram.
 
Em conclusão, exigem a suspensão imediata das obras da barragem e a revogação da portaria, que prevê a atribuição de 300 milhões de euros de subsídios a fundo perdido às empresas elétricas, considerando que isto daria “folga orçamental para resgatar a concessão”.
 

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