sábado, 6 de outubro de 2012

Moçambique: OBRIGADO DHLAKAMA, PAZ AMEAÇADA, MALDITAS MINAS

 


Presidente de Moçambique elogia líder da Renamo por contribuir para manutenção da paz há 20 anos
 
04 de Outubro de 2012, 17:35
 
Maputo, 04 out (Lusa) - O Presidente de Moçambique, Armando Guebuza, elogiou hoje Afonso Dhlakama, líder da Renamo, principal partido da oposição,"pela forma como tem contribuído para a consolidação da paz em Moçambique", um país que a ONU qualifica como "maduro".
 
Discursando na cerimónia central dos 20 anos de paz, o chefe de Estado moçambicano qualificou o líder da Renamo um "parceiro dos acordos de Roma", após 16 anos de conflito armado, que ceifou um milhão de vidas e forçou cerca de quatro milhões a refugiarem-se nos países vizinhos.
 
"Queremos saudar também o senhor Afonso Dhlakama, líder da Renamo, pela forma como tem contribuído para a consolidação da paz em Moçambique. Ele tem dado a sua contribuição como parceiro dos acordos de Roma, reafirmando perante os membros do seu partido, perante toda a sociedade moçambicana e ao mundo que o conflito armado é contrário ao progresso, à democracia multipartidária e ao futuro melhor que queremos para nós e para as gerações vindouras", disse Armando Guebuza.
 
Pobreza e violência continuam a ameaçar a paz - religiosos
 
04 de Outubro de 2012, 17:47
 
Chimoio, Moçambique, 04 out (Lusa) - A pobreza e a crescente onda de violência, caracterizada por linchamentos, podem abrandar os esforços para a preservação da paz em Moçambique, consideraram hoje religiosos em Chimoio, centro, durante a celebração dos 20 anos do Acordo Geral de Paz.
 
Em declarações à agência Lusa, José Campira, representante da Comunidade Sant'Egidio, disse que para se preservar a paz é necessário "preocupar-se para o bem comum do homem", e não individual, "para que não se desprezem e marginalizem os diferentes" (pobres), em alusão as crescentes disparidades sociais no país.
 
"Num tempo de crise económica, grande é a tentação de pensar em si e de culpar os outros pelos próprios problemas. Às vezes utilizam-se, para tal, os pobres como 'bodes expiatórios' de todos os problemas. A presença de mendigos na rua é apresentado como grande inquietação, enquanto os verdadeiros problemas são outros" referiu José Campira.
 
Apesar das adversidades, disse, os governantes e a população no geral são chamados à responsabilidade de preservarem a paz em Moçambique, para garantir o desenvolvimento e não o retorno da guerra e suas consequências.
 
O Acordo Geral de Paz foi assinado a 4 de outubro de 1992, depois de 16 anos de guerra civil, que opunha a Resistência Nacional de Moçambique (Renamo) e a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), no poder.
 
A governadora de Manica, Ana Comoane, disse que o país assinalou enormes ganhos durante os 20 anos de paz e reconciliação, o que se caracterizou pelo aumento de investimentos, maiores rendimentos e melhoria das condições de vida da população.
 
"Somos um país relativamente estável e seguro que inspira confiança. Graças a esta estabilidade política e social descobrimos a solidariedade e temos vindo a alcançar o bem estar que todos almejamos", disse Ana Comoane ao falar a população durante a cerimónia de celebração da data.
 
Reconhecendo que a paz "não é um produto acabado", dependendo do comportamento e atitude de todos moçambicanos, a governante, enumerou a transitabilidade das vias férreas e rodoviárias, o acesso cada vez maior dos serviços de educação e saúde, como frutos da paz.
 
AYAC // NV.
 
Minas em Moçambique comprometem vigilância de fronteira com Zimbabué
 
04 de Outubro de 2012, 18:21
 
Chimoio, Moçambique, 04 out (Lusa) - A existência de explosivos, plantados durante a guerra civil (1976-92), está a comprometer as patrulhas de efetivos da guarda de fronteiras em Moçambique, na linha fronteiriça em Manica, centro, disse hoje à Lusa fonte daquela força.
 
Francisco Amisse, comandante do 3º regimento da força de guarda-fronteira em Manica, assumiu que a existência de engenhos explosivos ao longo da linha fronteiriça, que separa Moçambique do Zimbabué, tem retraído patrulhas nas zonas minadas, facilitando o contrabando de diversas mercadorias.
 
"Temos a cautela de evitar o envio de patrulhas para zonas minadas, embora estejam identificadas e notificadas a direcção da desminagem. Neste momento, preocupa-nos a violação da fronteira e contrabando pela população de ambos países" disse à agência Lusa Francisco Amisse.
 
De Moçambique para o Zimbabué, disse, estão a ser contrabandeados fardos de sapatos, roupa usada e bebidas. Já do Zimbabué para Moçambique, a polícia está a enfrentar o problema de contrabando de cigarros (em toneladas) para abastecer o país e a vizinha África do Sul.
 
As policias da guarda-fronteira de Moçambique e Zimbabué reuniram-se hoje, em Manica, para traçar uma estratégia para desminar a área e reafirmar a fronteira que divide aqueles dois países, para uma maior presença e actuação das patrulhas, e retrair violações e contrabando.
 
"Estamos envolvidos no trabalho de identificar os pontos onde a fronteira não esta nitidamente traçada, através de líderes influentes temos as informações exactas ou aproximadas dos limites fronteiriços. Nas áreas em que as 'farmas' (fazendas) e quintas são cortadas ao meio notificamos as direcções respectivas para a solução do problema", explicou.
 
Segundo o Instituto Nacional de Desminagem (IND), em Manica cerca de três milhões de metros quadrados de terra estão ainda por ser desminados. Trabalhos já feitos, permitiram a libertação de cerca dois milhões de metros quadrados de terra que, outrora, estavam cobertos de engenhos explosivos.
 
Os cerca de três milhões de metros quadrados de terras por desminar correspondem à 37 campos de minas existentes na província, onde se espera a entrada em funcionamento, brevemente, de mais uma companhia de desminagem, que deverá se juntar à organização Halo Trust, apoiada pelo governo nipónico.
 
Em declarações à Lusa, Felex Daud, delegado regional da zona centro do IND, assinalou avanços nos trabalhos de desminagem em Manica, particularmente em locais onde estão implantadas infraestruturas sociais e económicas de grande vulto, como a cintura da barragem de Chicamba, central eléctrica de Mavúzi e, ao longo da fronteira, a linha férrea de Machipanda-Beira.
 
AYAC // NV.
 
Líder da oposição em Moçambique e antigo número dois reencontraram-se para uma "verdadeira reconciliação"
 
05 de Outubro de 2012, 11:50
 
Maputo, 05 out (Lusa) - O presidente da Renamo, principal partido da oposição moçambicana, Afonso Dhlakama, e o seu antigo número dois, Raul Domingos, expulso do partido em 2000, festejaram juntos o Dia da Paz num reencontro de "verdadeira reconciliação".
 
Raul Domingos, que combateu com Afonso Dhlakama ao lado da guerrilha de 16 anos movida pela Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), foi afastado do partido por alegadamente negociar favores pessoais com o Governo da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo).
 
Raul Domingos terá alegadamente colocado os seus interesses pessoais acima dos do partido, durante reuniões secretas com o Governo destinadas a encontrar uma solução política para a crise gerada pela recusa da Renamo em reconhecer os resultados das eleições gerais de 1999, ganhas pela Frelimo.
 
Para assinalar o 20.º aniversário do Acordo Geral de Paz, celebrado quinta-feira em todo o país, Afonso Dhlakama e Raul Domingos encontraram-se em Quelimane, posando depois sorridentes para a comunicação social, pela primeira vez após as divergências que tiveram em 2000.
 
"Quer ao mais baixo nível quer ao mais alto nível da liderança da Renamo, cumprimentamo-nos com sorrisos nos lábios, sem remorsos e sem ressentimentos. Esta é que é a verdadeira reconciliação", disse aos jornalistas Raul Domingos, aproveitando para fazer uma exortação ao país sobre a necessidade de maior concórdia.
 
"É uma paz mais do calar das armas, mas não de benefícios económicos, porque passados 20 anos, há ainda pessoas que não sabem o que vão comer, se vão conseguir levar o filho à escola ou ao hospital por falta de meios", enfatizou Raul Domingos.
 
Apesar de o líder da oposição ter fundamentado a expulsão do seu antigo número dois com "traição", analistas da vida política do país interpretaram a media como uma forma de Afonso Dhlakama afastar um adversário ao posto de presidente da Renamo, que ocupa desde 1979.
 
PMA //JMR.
 
*O título nos Compactos de Notícias são de autoria PG
 
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