Paulo Gaião –
Expresso, opinião, em Blogues
O primeiro-ministro
passou à chantagem com o PS. Se não houver entendimento com os socialistas para
a reforma do Estado há segundo pacote de resgaste.
Parece o PEC IV de
Sócrates. Não é difícil adivinhar o que poderá acontecer. O PS vai rejeitar o
ultimato de Passos. O primeiro-ministro vai tentar passar o ónus para o PS.
Passos pode chegar a demitir-se. Tal e qual como fez Sócrates.
Depois será o
foge-foge para não apanhar o segundo pacote de resgate (tipo é o bicho, é o
bicho vou-te devorar, crocodilo eu sou) Será ainda Passos demissionário a
pedi-lo, como foi Sócrates a solicitar formalmente o primeiro resgate, ou será
já Seguro como primeiro-ministro a fazê-lo?
Chega de
brincadeira. Com este jogo súbito da refundação do memorando ( numa parada altíssima)
Passos tropeçou na sua própria sofisticação e colocou a nu as suas fraquezas.
Que andou este
homem a fazer ano e meio para além de cortar subsídios e aumentar impostos?
Podia ter ele feito a reforma do Estado que está inscrita no memorando (como a redução
em metade dos concelhos). A reforma que, avaliação após avaliação, a troika
tentou que ele fizesse. Nem a Constituição era impedimento, como agora
reconhece Passos. Então se não era, porque não fez as reformas sozinho com o
seu governo de maioria?
Passos tentou
convencer-nos que era o redentor de Portugal. O que ficou hoje a nu? Num
momento de gravidade extrema, um dos piores da história do país, trabalhou para
a pura chincana política borrifando-se nos interesses do Estado.
Cavaco Silva devia
colocar fim a este regabofe. Está em causa o regular funcionamento das
instituições? Pode estar? Portugal não perdeu ano e meio da sua vida? Não se
afundou mais nas medidas de Passos? Não está a caminho de um segundo resgate,
como o próprio reconheceu?
Incrivelmente, com
este puro jogo político, Passos põe também em causa o próprio Orçamento de
Estado para 2013. Que solidez e credibilidade tem este primeiro-ministro para o
aplicar?
Seria perigosa a
demissão de Passos, com um OE em cima da mesa? Talvez não fosse.
A Troika poderia
compreender porque deve estar com Passos pelos cabelos.
É preciso lembrar
que a Grécia viveu um engulho muito pior com uma eleição legislativa a seguir à
outra porque os maiores partidos não se conseguiam entender para formar
Governo. E a troika não pareceu então muito preocupada.
Por último, já
tivemos uma experiência de queda de um Governo com um Orçamento pronto para ser
aprovado. Com Santana Lopes em 30 de Novembro de 2004.
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