quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Portugal: ENFERMEIRO DESPEDE-SE DE CAVACO SILVA ANTES DE EMIGRAR

 


Lusa, publicado por Ricardo Simões Ferreira – Diário de Notícias - Ontem
 
Pedro Marques, enfermeiro português de 22 anos, emigra quinta-feira de madrugada para o Reino Unido, mas antes despediu-se, por carta, do Presidente da República e pediu-lhe para não criar "um imposto" sobre as lágrimas e sobre a saudade.
 
"Quero despedir-me de si", lê-se na missiva do enfermeiro portuense, enviada hoje a Cavaco Silva e que tem como título "Carta de despedida à Presidência da República".
 
O enfermeiro Pedro Marques, que diz sentir-se "expulso" do seu próprio país, implora a Cavaco Silva para que não crie um "imposto sobre as lágrimas e muito menos sobre a saudade" e apela ao Presidente da República para que permita poder regressar um dia a Portugal.
 
"Permita-me chorar, odiar este país por minutos que sejam, por não me permitir viver no meu país, trabalhar no meu país, envelhecer no meu país. Permita-me sentir falta do cheiro a mar, do sol, da comida, dos campos da minha aldeia", lê-se.
 
Em entrevista à Lusa, Pedro Marques conta que vai ser enfermeiro num hospital público de Northampton, a 100 quilómetros de Londres, que vai ganhar cerca de 2000 euros por mês com condições de progressão na carreira, mas diz também que parte triste por "abandonar Portugal" e a "família".
 
Na mala, Pedro vai levar a bandeira de Portugal, ao pescoço leva um cachecol de Portugal e como companhia leva mais 24 amigos que emigram no mesmo dia
 
Mónica Ascensão, enfermeira de 21 anos, é uma das companheiras de Pedro na diáspora.
 
"Adoro o meu país, mas tenho de emigrar, porque não tenho outra hipótese, porque quero a minha independência, quero voar sozinha", conta Mónica, emocionada, pedindo ao Presidente da República e aos governantes de Portugal para que "se preocupem um pouco mais com a geração que está agora a começar a trabalhar".
 
"Adoraria retribuir ao meu país tudo aquilo que o país deu de bom", diz, acrescentando que está "zangada" com os governantes, porque o "país não a quer mais".
 
Pedro Marques não pretende que o Presidente da República lhe responda.
 
"Sei que ser político obriga a ser politicamente correto, que me desejará boa sorte, felicidades. Prefiro ouvir isso de quem o diz com uma lágrima no coração, com o desejo ardente de que de facto essa sorte exista no meu caminho", lê-se na carta de despedida do filho de uma família de emigrantes que se quis despedir de Cavaco Silva.
 

Sem comentários:

Mais lidas da semana