quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Portugal: VAMOS FALAR A SÉRIO DO PRÓXIMO GOVERNO

 

Henrique Monteiro – Expresso, opinião, em Blogues
 
Este Governo está moribundo? Está. Toda a gente já sabe e não vale a pena discutir mais o assunto. O que me preocupa é o próximo. Vamos ver as hipóteses.
 
Eleições - Além de todo o processo burocrático a que estamos legalmente obrigados (diferente, porque muito mais moroso, de, por exemplo, o grego) não creio que eleições resolvessem alguma coisa. Seriam sempre decididas entre o PSD e o PS, provavelmente com vantagem para os socialistas, mas sem maiorias absolutas. A denúncia do acordo da troika não é para o PS (nem sequer para a sua ala mais esquerda, como se viu com Ana Gomes no Congresso das Alternativas) uma opção. Assim, com toda a despesa e tempo perdidos, a opção eleições obrigaria, muito provavelmente, a um bloco central o que, por si só, não melhoraria substancialmente a estabilidade governativa.
 
CDS sai do Governo , PSD minoritário - É uma opção que, a prazo, conduz a eleições. Se com o CDS amarrado ao Executivo se veem estas brechas, imagine-se com o CDS fora. Sendo que, a partir dessa altura teríamos dois partidos subscritores do acordo da troika a lutar entre si por alternativas ao Governo. O PSD sozinho estaria ainda mais desnorteado do que está e sem capacidade para atrair, ainda assim, os independentes que conseguiu levar para alguns ministérios.
 
O PS entra no Governo, maioria alargada - Seria a solução mais forte, mas ao mesmo tempo a mais perigosa. Todas as alternativas às políticas de austeridade ficariam de fora do arco da governação, entregues ao BE e ao PCP, o que poderia tornar a situação ainda mais explosiva. De qualquer modo, Seguro já disse que não quer ir para o Governo sem eleições, o que inviabiliza esta possibilidade.
 
Governo presidencial - Desastre total. Os três partidos do poder entrariam imediatamente em campanha e, mesmo que deixassem o Governo passar no Parlamento seria sempre um Executivo sem força para aprovar reformas de fundo.
 
Remodelação do Governo atual - É, claramente, a minha opção preferida. Melhor ainda se o Presidente da República conseguir um acordo entre os três partidos subscritores da troika para a reforma do Estado (extinção de autarquias, institutos, observatórios e etc.), a relação com as PPP, revisão constitucional e uma política orçamental estruturada naquilo que foi aprovado (2/3 pelo lado da despesa e 1/3 pelo lado da receita). Para isto, apenas basta que saiam do Governo alguns ministros (como Relvas) que são mais problema do que solução, entrando outros com mais peso político. Seria também necessário que o Presidente usasse a sua influência positivamente, que o primeiro-ministro soubesse governar sem impor e que o líder do PS se sentisse à vontade para entrar neste jogo, controlando a deriva demagógica de alguma esquerda do seu partido. Devido a estas exigências de responsabilidade, é provavelmente a solução mais difícil.
 
Continuar assim, conduz a uma destas soluções, mas já sem possibilidade de a escolhermos conscientemente.
 
Twitter: @HenriquMonteiro https://twitter.com/HenriquMonteiro
 
 

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