Henrique Monteiro – Expresso, opinião, em Blogues
Este Governo está
moribundo? Está. Toda a gente já sabe e não vale a pena discutir mais o
assunto. O que me preocupa é o próximo. Vamos ver as hipóteses.
Eleições - Além de
todo o processo burocrático a que estamos legalmente obrigados (diferente,
porque muito mais moroso, de, por exemplo, o grego) não creio que eleições
resolvessem alguma coisa. Seriam sempre decididas entre o PSD e o PS,
provavelmente com vantagem para os socialistas, mas sem maiorias absolutas. A
denúncia do acordo da troika não é para o PS (nem sequer para a sua ala mais
esquerda, como se viu com Ana Gomes no Congresso das Alternativas) uma opção.
Assim, com toda a despesa e tempo perdidos, a opção eleições obrigaria, muito
provavelmente, a um bloco central o que, por si só, não melhoraria
substancialmente a estabilidade governativa.
CDS sai do Governo
, PSD minoritário - É uma opção que, a prazo, conduz a eleições. Se com o CDS
amarrado ao Executivo se veem estas brechas, imagine-se com o CDS fora. Sendo
que, a partir dessa altura teríamos dois partidos subscritores do acordo da troika
a lutar entre si por alternativas ao Governo. O PSD sozinho estaria ainda mais
desnorteado do que está e sem capacidade para atrair, ainda assim, os independentes
que conseguiu levar para alguns ministérios.
O PS entra no
Governo, maioria alargada - Seria a solução mais forte, mas ao mesmo tempo a
mais perigosa. Todas as alternativas às políticas de austeridade ficariam de
fora do arco da governação, entregues ao BE e ao PCP, o que poderia tornar a
situação ainda mais explosiva. De qualquer modo, Seguro já disse que não quer
ir para o Governo sem eleições, o que inviabiliza esta possibilidade.
Governo
presidencial - Desastre total. Os três partidos do poder entrariam
imediatamente em campanha e, mesmo que deixassem o Governo passar no Parlamento
seria sempre um Executivo sem força para aprovar reformas de fundo.
Remodelação do
Governo atual - É, claramente, a minha opção preferida. Melhor ainda se o
Presidente da República conseguir um acordo entre os três partidos subscritores
da troika para a reforma do Estado (extinção de autarquias, institutos,
observatórios e etc.), a relação com as PPP, revisão constitucional e uma
política orçamental estruturada naquilo que foi aprovado (2/3 pelo lado da
despesa e 1/3 pelo lado da receita). Para isto, apenas basta que saiam do
Governo alguns ministros (como Relvas) que são mais problema do que solução,
entrando outros com mais peso político. Seria também necessário que o
Presidente usasse a sua influência positivamente, que o primeiro-ministro
soubesse governar sem impor e que o líder do PS se sentisse à vontade para
entrar neste jogo, controlando a deriva demagógica de alguma esquerda do seu
partido. Devido a estas exigências de responsabilidade, é provavelmente a
solução mais difícil.
Continuar assim,
conduz a uma destas soluções, mas já sem possibilidade de a escolhermos
conscientemente.
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