domingo, 21 de outubro de 2012

Portugal: ONDE ESTÁ O WALLY?

 


 
Isto está tudo 'lixado'. Cumprimentar alguém com a costumeira pergunta "Está tudo bem?" resulta, por estes dias, numa resposta também ela trivial: "Vamos vivendo um dia de cada vez." Estar 'vivo' passou a ser um privilégio. Ter sucesso hoje é ter sido capaz de mudar de vida. Regressar ao campo e ao domínio do tempo passou a ser mais importante que a migração para as grandes cidades à conquista de bons ordenados. A alternativa é ter sucesso no estrangeiro.
 
Por cá, ocupamos o tempo a dizer mal da vida como se fôssemos velhos a queixar-se do reumatismo. Já poucos acreditam nas suas próprias capacidades, quanto mais na capacidade dos que têm a tarefa de nos liderar. D. Sebastião deve estar a dar voltas no túmulo. Nem com sol, nem com nevoeiro. O nosso Salvador já não tem nome português. Políticos de alto gabarito, analistas de toda a espécie e povo em geral perguntam: "Onde está o nosso Monti?"
 
Olham para o caso italiano e suspiram pela intervenção de Cavaco Silva. Começa a formar-se um consenso à volta da necessidade de ter no poder uma outra estirpe de políticos. E disparam-se nomes: Carlos Costa, António Vitorino, Rui Rio, António Costa, Eduar- do Catroga, Luís Amado, Paulo Macedo... Há mais nomes a circular, mas eu ficava-me por aqui porque com estes já me parece possível fazer um Conselho de Ministros de Salvação Nacional. Com a vantagem de qualquer um deles poder ser o primeiro.
 
Parafraseando o ministro das Finanças, é chegado o momento de os melhores retribuírem ao País o que o País lhes deu. Nós até somos bem melhores do que pensamos, não temos um, temos vários Monti. O que lhes pedimos é que humildemente façam o que puderem para garantir o futuro de um país que, neste momento, anda perdido em querelas políticas.
 
Vivemos com medo de uma crise política e este medo revela inteligência, porque precisamos de estabilidade para fazer o caminho duro que temos de fazer. Acontece que a crise política não está para chegar, já chegou. A desconfiança instalou-se dentro da coligação. E, se eles não confiam uns nos outros, como querem que o povo confie neles? O jogo das culpas já começou e não vai parar. O Governo vai acabar por cair. A pergunta de um milhão de euros é: "Em que dia?"
 
Aos partidos, se prezam a Democracia que os sustenta, o que se exige é que sejam capazes de interpretar a angústia do povo. Façam hibernar os interesses egoístas dos vossos militantes, avivem o interesse colectivo e mostrem disponibilidade para salvar Portugal. Quem se julga capaz de andar de cabeça erguida cruzando com um povo cabisbaixo não entende nada do que é a vida. Só se deve respeito a quem sabe respeitar todos os outros.
 

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