domingo, 18 de novembro de 2012

ASEAN: Disputas marítimas no centro de cimeira de países do sudeste asiático

 

PNE (MSE) JMR - Lusa
 
Macau, China, 16 nov (Lusa) - A cimeira da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN, na sigla inglesa), que decorrerá no Camboja entre domingo e terça-feira, deverá ser dominada pela procura de soluções para as disputas territoriais que ameaçam a estabilidade na região.
 
A China reclama a soberania de praticamente todo o Mar do Sul da China, com rotas marítimas vitais para o comércio mundial, o que gerou disputas com membros da ASEAN como as Filipinas, o Vietname, Brunei, Malásia, que também reivindicam parte das águas.
 
As Filipinas e o Vietname manifestaram este ano a sua preocupação crescente face ao que entendem tratar-se de uma postura cada vez mais agressiva por parte da China no que se refere às suas reivindicações territoriais.
 
O bloco regional tinha este ano a esperança de negociar um código de conduta nas águas disputadas, mas as negociações estagnaram quando os ministros dos Negócios Estrangeiros da ASEAN começaram a discutir esta questão na capital cambojana, Phnom Penh, em julho.
 
O Camboja, aliado da China que assume a presidência da ASEAN, recusou permitir ao Vietname e Filipinas a referência específica a desentendimentos com Pequim sobre o Mar do Sul da China, o que impediu o grupo de divulgar um comunicado conjunto pela primeira vez na sua história de 45 anos.
 
Segundo analistas de assuntos asiáticos, estas disputas deverão ser os temas que dominarão a cimeira.
 
O Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, é esperado na segunda-feira em Phnom Penh, proveniente da Birmânia, para participar na cimeira, no âmbito da sua primeira deslocação à Ásia desde a sua reeleição. Esta também será a primeira vez que um Presidente norte-americano visitará o Camboja.
 
Os analistas antecipam que Obama deverá reiterar o interesse fundamental dos Estados Unidos na manutenção da liberdade de navegação no Mar do Sul da China e apelar à ASEAN e à China para chegarem a um acordo sobre um código de conduta a implementar nessas águas.
 
Os confrontos étnicos no norte da Birmânia e as negociações sobre a criação de uma zona de comércio livre com a China, Japão, Coreia do Sul, Índia, Austrália e Nova Zelândia, são outros temas na agenda da cimeira.
 
Além de Barack Obama, a 21.ª Cimeira da ASEAN contará com a presença do primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao e do Presidente sul-coreano, Lee Myung-bak, bem como do primeiro-ministro japonês, Yoshihiko Noda, do líder do Governo indiano, Manmohan Singh, da primeira-ministra australiana, Julia Gillard, e do primeiro-ministro da Nova Zelândia, John Key.
 
O Governo cambojano informou que o Presidente russo, Vladimir Putin, que esteve inicialmente na lista de participantes, não participará na Cimeira por ter obrigações a cumprir no seu país.
 
Fundada em 1967, a ASEAN tem como membros o Brunei, Birmânia, Camboja, Indonésia, Laos, Malásia, Filipinas, Singapura, Tailândia e o Vietname, criando um bloco com uma população total de 600 milhões de pessoas.
 
Timor-Leste tem estatuto de observador na ASEAN e é candidato a membro, mas o ministro dos Negócios Estrangeiros timorense disse em finais de outubro à Lusa que ainda não há data para a adesão, dado que Singapura tem ainda algumas reservas, relacionadas com a preparação de quadros técnicos timorenses.
 
A candidatura de adesão de Timor-Leste à ASEAN foi admitida em novembro de 2011 durante uma conferência de chefes de Estado e de Governo da organização, em que o Presidente da Indonésia, Susilo Bambang Yudhoyono, defendeu que Timor deveria tornar-se membro de pleno direito na cimeira de 2013, mas Singapura tem defendido o ano de 2015.
 

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