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Lusa
Macau, China, 16
nov (Lusa) - A cimeira da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN, na
sigla inglesa), que decorrerá no Camboja entre domingo e terça-feira, deverá
ser dominada pela procura de soluções para as disputas territoriais que ameaçam
a estabilidade na região.
A China reclama a
soberania de praticamente todo o Mar do Sul da China, com rotas marítimas
vitais para o comércio mundial, o que gerou disputas com membros da ASEAN como
as Filipinas, o Vietname, Brunei, Malásia, que também reivindicam parte das
águas.
As Filipinas e o
Vietname manifestaram este ano a sua preocupação crescente face ao que entendem
tratar-se de uma postura cada vez mais agressiva por parte da China no que se
refere às suas reivindicações territoriais.
O bloco regional
tinha este ano a esperança de negociar um código de conduta nas águas
disputadas, mas as negociações estagnaram quando os ministros dos Negócios
Estrangeiros da ASEAN começaram a discutir esta questão na capital cambojana,
Phnom Penh, em julho.
O Camboja, aliado
da China que assume a presidência da ASEAN, recusou permitir ao Vietname e
Filipinas a referência específica a desentendimentos com Pequim sobre o Mar do
Sul da China, o que impediu o grupo de divulgar um comunicado conjunto pela
primeira vez na sua história de 45 anos.
Segundo analistas
de assuntos asiáticos, estas disputas deverão ser os temas que dominarão a
cimeira.
O Presidente dos
Estados Unidos, Barack Obama, é esperado na segunda-feira em Phnom Penh , proveniente
da Birmânia, para participar na cimeira, no âmbito da sua primeira deslocação à
Ásia desde a sua reeleição. Esta também será a primeira vez que um Presidente
norte-americano visitará o Camboja.
Os analistas
antecipam que Obama deverá reiterar o interesse fundamental dos Estados Unidos
na manutenção da liberdade de navegação no Mar do Sul da China e apelar à ASEAN
e à China para chegarem a um acordo sobre um código de conduta a implementar
nessas águas.
Os confrontos
étnicos no norte da Birmânia e as negociações sobre a criação de uma zona de
comércio livre com a China, Japão, Coreia do Sul, Índia, Austrália e Nova
Zelândia, são outros temas na agenda da cimeira.
Além de Barack
Obama, a 21.ª Cimeira da ASEAN contará com a presença do primeiro-ministro
chinês, Wen Jiabao e do Presidente sul-coreano, Lee Myung-bak, bem como do
primeiro-ministro japonês, Yoshihiko Noda, do líder do Governo indiano,
Manmohan Singh, da primeira-ministra australiana, Julia Gillard, e do
primeiro-ministro da Nova Zelândia, John Key.
O Governo cambojano
informou que o Presidente russo, Vladimir Putin, que esteve inicialmente na
lista de participantes, não participará na Cimeira por ter obrigações a cumprir
no seu país.
Fundada em 1967, a
ASEAN tem como membros o Brunei, Birmânia, Camboja, Indonésia, Laos, Malásia, Filipinas,
Singapura, Tailândia e o Vietname, criando um bloco com uma população total de
600 milhões de pessoas.
Timor-Leste tem
estatuto de observador na ASEAN e é candidato a membro, mas o ministro dos
Negócios Estrangeiros timorense disse em finais de outubro à Lusa que ainda não
há data para a adesão, dado que Singapura tem ainda algumas reservas,
relacionadas com a preparação de quadros técnicos timorenses.
A candidatura de
adesão de Timor-Leste à ASEAN foi admitida em novembro de 2011 durante uma conferência
de chefes de Estado e de Governo da organização, em que o Presidente da
Indonésia, Susilo Bambang Yudhoyono, defendeu que Timor deveria tornar-se
membro de pleno direito na cimeira de 2013, mas Singapura tem defendido o ano
de 2015.
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