Henrique Monteiro –
Expresso, opinião, em Blogues
A minha colega e
amiga Helena Garrido, diretora adjunta do Jornal de Negócios, disse uma coisa tão
certa que dificilmente se pode estar mais certo. Que os fundos europeus (que
estão de novo em discussão na UE) tendo contribuído muito para o nosso
desenvolvimento, também facilitaram a nossa desgraça. Diz ela que a partir de
determinada fase, "com as prioridades nas infraestruturas" e com o
objetivo de gastar por gastar a ter mais peso do que a avaliação ponderada
sobre as nossas reais necessidades, esse dinheiro "contribuiu mais para o
nosso atual sobre-endividamento e o comprometimento de despesa pública futura
com as PPP que fizemos nas autoestradas".
Ou seja, como
conclui, se calhar não precisamos de tanto dinheiro, precisaremos, isso sim, de
o saber gastar. Não posso estar mais de acordo, e ainda bem que uma jornalista
especializada em Economia o diz. Sempre que há discussões orçamentais na Europa
anunciam-nos quadros de apoio magníficos. Mas, olhando para trás, conseguimos
ver com clareza que gastámos esse dinheiro em muita coisa de que nada nos vale.
Ser parcimonioso e prudente, não nos faz mal. Se a Europa conseguir aprovar as
suas Perspetivas Financeiras, permitindo-nos investir alguns milhares de
milhões de euros, tenhamos a certeza que o investimos reprodutivamente, criando
riqueza e emprego estável, e não em obras de fachada ou, pior, em inexistências
que tornaram algumas (poucas) pessoas subitamente ricas.
Costuma dizer-se
que à primeira todos caem, mas à segunda só cai quem quer. Este quadro de apoio
em discussão já é para nós o quarto - já só caímos mesmo se quisermos... A
opinião pública não ter ligado minimamente ao que se passa com os fundos
europeus deu no deu. É tempo de todos nós seguirmos com atenção o que se diz e
escreva acerca deste novo quadro, que provavelmente só em Janeiro estará
concluído.
Sem comentários:
Enviar um comentário