Jornal i – Lusa, com foto
O presidente da
comissão representativa dos trabalhadores portugueses na Base das Lajes, nos
Açores, João Ormonde, disse hoje que não pode avaliar o impacto da redução do
efetivo militar norte-americano, sem conhecer a proposta dos EUA.
"Não temos
conhecimento dos termos desta proposta nem dos detalhes", salientou, em
declarações à Lusa, revelando, no entanto, saber que o Governo português já
teria sido informado sobre esta proposta.
O porta-voz do
Ministério dos Negócios Estrangeiros, Miguel Guedes, disse hoje à Lusa que
"o Governo dos Estados Unidos da América informou segunda-feira desta
semana o Governo português que o secretário da Defesa ratificou, recentemente,
uma proposta da Força Aérea americana, que prevê uma forte redução da dimensão
da sua presença na base aérea portuguesa n.º 4 (Lajes, Açores)".
Para João Ormonde,
se a redução for "muito significativa" terá "forçosamente"
como consequência o despedimento de trabalhadores portugueses, mas
desconhecendo se essa redução vai implicar "uma reestruturação ou uma
eventual desativação de serviços", não consegue prever a dimensão do seu
impacto.
"O que nos
preocupa é perceber em que medida é que isto afeta os trabalhadores, quantos
afetará e como é que serão feitos os despedimentos", salientou.
João Ormonde
revelou ainda que a comissão esteve reunida com o Comandante da Zona Aérea dos
Açores, que disse "não ter conhecimento de qualquer informação adicional,
para além daquela que foi divulgada no início do ano".
O representante dos
trabalhadores portugueses na Base das Lajes considera, no entanto, que
"haverá dados novos e que estarão na posse do Governo Regional",
tendo em conta que o executivo açoriano esteve reunido na passada quarta-feira
com o Governo da República, quando foi informado da ratificação do acordo.
Nesse sentido, a
comissão representativa dos trabalhadores portugueses na Base das Lajes pediu
um encontro com o Governo Regional para os próximos dias, onde vão procurar um
"esclarecimento" sobre as intenções dos EUA e sobre o "plano"
que poderá ser traçado pelas entidades portuguesas.
O presidente do
Governo Regional dos Açores, Vasco Cordeiro, já se tinha pronunciado sobre a
ratificação da proposta norte-americana, na passada quarta-feira, na Assembleia
Legislativa da Região, alegando que esta matéria exige "o comprometimento
total, absoluto e pleno do Governo de Portugal".
"Ao Governo da
República exortamos para que assuma, plenamente, uma abordagem que denote a
consciência clara do que aqui está em causa", salientou, acrescentando que
podem ser afetados "centenas de trabalhadores açorianos", o que
corresponde a "uma percentagem demasiado elevada da economia da ilha
Terceira e muito significativa da economia regional".
Vasco Cordeiro
adiantou que o executivo açoriano "apoia, inequivocamente, todos os
esforços, diligências ou medidas do Governo Português destinadas a salvaguardar
a letra e o espírito do Acordo de Cooperação e Defesa", salientando que
esta questão "não se esgota em componentes sectoriais porventura mais
visíveis, antes só pode estar centrada no âmbito do relacionamento diplomático
entre os dois países".
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