Correio do Brasil,
com Reuters - de Havana
O governo da
Colômbia e a guerrilha marxista Farc se sentam à mesa nesta segunda-feira, em
Havana, para sua primeira negociação de paz em dez anos. O conflito se arrasta
há quase meio século e, resistindo a três tentativas anteriores de acordo, já causou
milhares de mortos e deixou milhões de refugiados internos. Mas desta vez o
governo e a guerrilha demonstram mais otimismo.
Os negociadores do
governo e das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) vão se reunir
no principal centro de convenções de Havana, numa parte da cidade chamada
Cubanacan, habitada principalmente por diplomatas estrangeiros.
O presidente da
Colômbia, Juan Manuel Santos, deseja um acordo dentro de nove meses, mas os
dois lados terão muitas questões espinhosas a resolver na sua pauta de cinco
itens. Ela começa com o desenvolvimento rural, passando em seguida para temas
como o futuro político e jurídico dos rebeldes, o fim definitivo do conflito, o
problema do narcotráfico e a compensação para vítimas da guerra civil.
- Esperamos, como
espera a maioria dos colombianos, que as Farc demonstrem que consideram este um
momento para a força das ideias, não para a força das balas – disse o
negociador governamental Humberto de la Calle , no domingo, ao partir de Bogotá para
Havana.
O conflito começou
em 1964, quando as Farc surgiram como um movimento agrário comunista, decidido
a reverter o longo histórico de desigualdades sociais na Colômbia. O grupo
perdeu força por causa de uma ofensiva militar patrocinada pelos EUA desde
2002, e que reduziu seu contingente para cerca de 8.000 guerrilheiros,
concentrados principalmente em remotas zonas de selvas e montanhas.
Mas os rebeldes
continuam sendo capazes de realizar ataques, e críticos dizem que nos últimos
anos as Farc se financiam principalmente com o narcotráfico, com sequestros e
com “impostos de guerra” cobrados nos territórios sob seu controle.
Os líderes da
guerrilha negam relação com o narcotráfico, e neste ano renunciaram aos
sequestros. EUA e União Europeia, no entanto, continuam qualificando as Farc
como um grupo terrorista. Iván Márquez, membro do secretariado das Farc, irá
comandar uma delegação com cerca de 30 pessoas na negociação, lançada
formalmente no mês passado na Noruega.
A Noruega, junto
com Cuba, atua como observadora do processo. As autoridades desejam manter as
negociações sob estrito sigilo, provável razão para sua realização em Cuba cujo
governo é especialista em reter informações e manter a imprensa afastada. Chile
e Venezuela também terão observadores no processo.
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