Jornal i - Lusa
O presidente da
Câmara Municipal da Praia da Vitória, na ilha Terceira, Roberto Monteiro acusou
hoje o Governo da República de se ter "distraído" nas negociações com
os EUA sobre a Base das Lajes.
“O Governo
português distraiu-se de forma clara neste processo”, disse Roberto Monteiro,
em declarações à Lusa, acrescentando que a administração norte-americana não
respeitou a suspensão, até às eleições nos EUA, do processo de redução do seu
efetivo militar na Base das Lajes, na ilha Terceira, Açores.
De acordo com o
jornal Expresso, a presença norte-americana na Base das Lajes será reduzida dos
cerca de 800 militares e 600 familiares atuais para 160 elementos, o que
colocará em causa cerca de 300 postos de trabalho portugueses diretos, num
universo atual de 790.
Para Roberto
Monteiro, “qualquer que seja a redução do contingente americano, terá um
impacto brutal na economia da ilha”, tendo em conta que se estima que os
Estados Unidos deixem todos os anos entre 60 a 70 milhões de euros na Terceira,
quer através de salários a trabalhadores diretos e indiretos ou através do
consumo de bens e serviços no mercado local.
O autarca da Praia
da Vitória, concelho em que está instalada a Base das Lajes, disse que há uma
“preocupação enorme” com a redução do efetivo militar norte-americano, até
porque entende que a estratégia dos Estados Unidos passa por “reencaminhar
meios do Atlântico para o Pacífico”.
Roberto Monteiro
criticou, no entanto, a “conduta” do Governo português, por “afastar de todo o
processo o Governo Regional dos Açores e as entidades locais”, não ouvindo quem
“está próximo”.
“A preocupação do
Governo da República foi sempre de natureza militar, nunca teve em consideração
o impacto socioeconómico na ilha Terceira”, acusou.
O autarca
considerou que o Governo português “entra nesta fase final das negociações em
desvantagem”, por ter “o trabalho de casa mal feito”.
Para Roberto
Monteiro, Portugal perdeu terreno ao acreditar que o processo estava suspenso
até às eleições nos Estados Unidos, período em que o autarca soube,
informalmente, que decorreram “reuniões internas de altas patentes” na Base das
Lajes, para dar continuidade ao processo de redução da presença militar norte-americana.
O presidente da
Câmara Municipal da Praia da Vitória salientou que existem “sinais concretos”
que comprovam que a administração norte-americana não esperou pelas negociações
com Portugal, referindo que tem existido um desvio de voos da Base das Lajes e
que os militares que abandonam o local não estão a ser substituídos.
Contactado pela
Lusa, o presidente do Governo Regional dos Açores, Vasco Cordeiro, não quis
comentar a possibilidade de serem despedidos 300 trabalhadores portugueses,
remetendo qualquer reação para o Ministério dos Negócios Estrangeiros.
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