Na capital
moçambicana registaram-se nesta quinta-feira (15.11) tumultos devido ao aumento
do preço dos transportes públicos. Os transportadores, por seu lado,
fracionaram as rotas para compensar os cutos da atividade.
A nova tarifa dos
transportes semicoletivos de passageiros e dos transportes públicos entrou em
vigor a partir desta quinta-feira (15.11), nas cidades de Maputo e Matola.
Assim, de 12
cêntimos de euro, o transporte passa a custar 18 cêntimos para os transportes
públicos e 24 cêntimos de euro contra os anteriores 13 cêntimos para os
transportes semicolectivos.
Por causa destes aumentos as duas cidades viveram alguns momentos de tumultos provocados por alguns munícipes que além do preço protestavam contra os encurtamentos de rotas.
Ouvida pela DW
África uma utente lamenta um caso em especial: "Principalmente as senhoras
que vêm do Zimpeto, porque são obrigadas a pagar por cada carga que
transportam, e há ainda o problema do encurtamento de rotas."
E porque o preço
subiu a população faz contas à vida, como é o caso de outro utente ouvido pela
DW África: "Pelo salário que recebo e os preços praticados, acho que não
vai dar certo."
Os operadores de transportes semi-coletivos de passageiros prometeram não encurtar as rotas. Mas alguns deles mostram que não vão cumprir com esta medida e explicam porque: "Isso é devido ao custo de manutenção e de combustível que não corresponde. Tentamos fazer o máximo possível."
Outro operador
considera mesmo que o custo da tarifa deveria ser de dez meticais, mas está
consciente de que o povo não tem dinheiro, mas diz "vamos ter de trabalhar
mesmo assim".
População
amedrontada
Durante três horas, quando tudo parecia que estava a correr bem, eis que nas zonas suburbanas de Maputo os cidadãos ergueram barricadas, impedindo a circulação de viaturas. Mais ainda, os estabelecimentos comerciais tiveram que encerrar.
Foi um cenário que a polícia rapidamente controlou e a circulação de viaturas foi retomada, mas apenas os privados e os transportes públicos.
Os chamados "chapas", não mais se fizeram às estradas por temerem represálias dos populares.
O município de
Maputo garantiu que vai controlar os encurtamentos tal como disse o comandante
da polícia municipal, António Espada: "Nós, por exemplo, a polícia
municipal temos levado a cabo campanhas de sensibilização. Vamos apelar aos
munícipes para que não paguem antes de chegar ao destino."
Espada quer que os
utentes façam denúncias, no caso de transgressões das normas: encurtar ou
desviar a rota.”
Municípios
justificam o aumento
Os municípios de
Maputo e Matola afirmam que com aumento da tarifa pretendem atrair mais
investidores na área, segundo disse João Matlombe, vereador para a área dos
transportes em Maputo: "O que nós estamos a dar como exemplo agora é que
temos uma empresa pública com 250 autocarros e não temos receitas suficientes
para pôr os autocarros a funcionar.
Matlombe defende
que a revisão da tarifa vai impulsionar o setor privado para investir no
próprio setor, e acrescenta: "obviamente há mais medidas para o
melhoramento de outras infraestruturas, do aumento da frota que é
responsabilidade do Estado e isso vamos continuar a fazer."
Operadores
discordam dos preços
Os representantes dos transportadores semicoletivos de passageiros não concordam com o atual preço. Segundo eles, o ideal seria 24 cêntimos de euros para arcar com todos os cutos de operação. João Cabral afirma:
"Nós estamos a pensar nos 15 meticais. Há quem pegue na cabeça a pensar que isso é muito. Mas se formos ver a vida de um transportador, esse valor é insignificante."
Recorde-se que em setembro de 2010 os transportadores rodoviários das cidades moçambicanas tentaram agravar o preço de viagem e a população respondeu com protestos violentos, que mereceram uma atuação também violenta da polícia, o que resultou em avultados danos materiais e mortos entre civis.
Autor: Romeu da
Silva (Maputo) - Edição: Nádia Issufo/António Rocha
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