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OS ASPECTOS
GEOGRÁFICOS DE ANGOLA
Cada país para além
da sua dimensão tem o seu formato, em função das fronteiras que ao longo da
história foram traçadas.
Depois das
controvérsias entre a coroa portuguesa e a coroa britânica sobre o “mapa
cor-de-rosa” português, a potência colonial de 2ª ordem que foi Portugal
sujeitou-se ao “ultimatum” britânico.
A partir dessa
altura tornou-se impossível a Portugal enquadrar um território colonial que
ligasse o Atlântico ao Índico, (a potência de 1ª ordem que era a Grã Bretanha
impôs a ligação do espaço “do Cabo ao Cairo”, o “mapa vermelho” britânico).
Foi assim que
Portugal, em relação à costa Atlântica ao sul do Equador, definiu o espaço
geográfico de Angola enquanto um quadrado (exceptuando o caso concreto de
Cabinda).
O quadrado angolano
passou a situar-se, com os acertos de fronteira que foram entretanto
efectuados, entre os meridianos 12ºE e 24ºE e os paralelos 6ºS e 18ºS.
O território é pois
bastante homogéneo, sendo fácil definir o centro por via das diagonais do
quadrado: o centro resulta do cruzamento do meridiano 18ºE com o paralelo 12ºS.
A definição do
centro interessa para melhor compreender vários dos fenómenos
físico-geográficos e humanos do território:
- É ao redor do
centro geográfico que nascem os principais rios das cinco regiões hidrográficas
(as cinco vertentes);
- Com base no
espaço quadrado e nas suas diagonais, definem-se quatro triângulos, cada um
deles com características físico-geográficas e humanas distintas;
- É no triângulo do
litoral, cuja base é a costa atlântica (entre a foz do Congo e a do Cunene) e
vértice no centro, onde estão concentrados cerca de ¾ da população total de
Angola, o que define a zona de ocupação, enquanto os outro 3 triângulos (a
nordeste, a leste e a sudeste), são os de menor densidade humana, ou seja,
podem-se considerar de triângulos de intervenção; todos os rios deste triângulo
(vertente atlântica) têm curso nacional e entre eles destacam-se o Cuanza e o
Catumbela; o Cuanza, tal como o Cunene, nascem na região central das grandes
nascentes;
- O triângulo
nordeste possui base na fronteira com a RDC, entre a foz do Congo e o ponto de
entrada do rio Cassai na RDC; os rios que neles fluem pertencem à bacia do
Congo e, entre eles estão o Cuango e o Cassai que nascem na região central das
grandes nascentes (vertente Congo); possui uma densidade populacional menor que
o triângulo do litoral;
- O triângulo leste
tem como base as fronteiras com a RDC e a Zâmbia, tendo o saliente de Cazombo
no meio e a separar aqueles países; é rarefeito em população principalmente do
CFB para sul; todos os rios são afluentes da margem direita do Zambeze (Luena,
Lungué-Bungo e Cuando-Chobe entre outros, que nascem na região central das
grandes nascentes); vertente Zambeze;
- O triângulo sul,
cuja base é a fronteira da Namíbia, o menos densamente povoado de todos; possui
como sistemas hídricos principais a bacia do Cubango (Okawango) e a bacia subterrânea
do Cuveli, cujas águas escorrem em direcção ao Lago Etosha, na Namíbia; o
Okawango perde-se num enorme delta em pleo Kalahári : o deserto traga as suas águas;
vertentes Okawango e Cuvelai.
A planificação geo
estratégica integrada para todo o espaço nacional, deve assentar nos
fundamentos dessas características físico-geográficas, ambientais e humanas e o
facto do território ser um quadrado, com o centro a coincidir também como a
região das grandes nascentes, fulcro portanto da rede hidrográfica de Angola, é
um benefício para o delineamento da panificação geo estratégica a muito longo
prazos segundo a perspectiva da economia real e das possibilidades de
desenvolvimento sustentável.
Os fundamentos da
planificação geo estratégica integrada para o espaço nacional deste modo
tornam-se imperiosos desde logo como a alternativa à planificação capitalista
neo liberal e em relação ao inventário de recursos, por que obriga a uma
verdadeira descoberta científica do país por parte da inteligência nacional, na
origem da economia real e na pista do desenvolvimento sustentável:
- Desse modo põe-se
de lado a lógica capitalista, esbanjadora, especulativa, promotora de tráficos
e consumista que tem provocado os desequilíbrios, as assimetrias, as tensões,
os conflitos, as guerras, a hipoteca das riquezas nacionais e distorce as
possibilidades de planificação geo estratégica;
- Permite também a
gestação de sustentabilidade da planificação geo estratégica integrada, tirando
partido do essencial que constitui a vida no país, ou seja, a água interior, a
rede hidrográfica distribuída de forma muito equilibrada por todos os pontos
cardeais e colaterais da rosa dos ventos que abrange a partir do centro todo o
espaço nacional;
- Possibilita
garantir sempre em benefício das novas gerações o conhecimento científico que
for sendo adquirido e acumulado, bem como a gestão inteligente, através dos
tempos, dos limitados recursos existentes, processo intimamente associado à
transferência para as energias renováveis e não poluentes as potencialidades
energéticas a médio, longo e muito longo prazos;
- Torna-se método
essencial na criação duma cultura inteligente e consolidada, capaz de promover
uma integração regional que defenda não só os recursos nacionais limitados, mas
que conduza também todos os outros componentes do espaço SADC aos mesmos
critérios e motivações, de forma a que seja a própria natureza determinante na
planificação conjunta e integrada, de que o primeiro exemplo pode ser o
Projecto KAZA-TCFA.
Tudo isto enquadra
as capacidades de unidade nacional, de identidade nacional e das possibilidades
do exercício de soberania, sendo de salientar que é no triângulo cuja base é o
litoral atlântico, um triângulo cuja massa não está em contacto com as
fronteiras, onde se situa a maior parte da população, onde se forjam os
principais vínculos da angolanidade.
Isso quer dizer que
os elementos mais fortes da identidade nacional são intrínsecos,
distanciando-se e distinguindo-se dos países limítrofes e funcionando com um
enorme poder de atracção em relação às comunidades que estão em contacto com os
vizinhos, até por que os principais pólos de desenvolvimento consolidados estão
no triângulo do litoral.
A perspectiva de
intervenção nos outros três triângulos resulta daí, beneficiando sempre duma distribuição
muito equilibrada da água no interior, por via das cinco bacias
hidrográfico-abientais que têm suas raízes principais no centro, no planalto do
Bié.
A biodiversidade em
Angola tem tudo a ver com as bacias hidrográficas (e ambientais) de Angola.
Só os rios
Chiloango (em Cabinda), o Congo (junto à sua foz e na fronteira com a RDC) e o
Zambeze, (que atravessa de norte para sul o saliente de Cazombo) não têm
nascente em Angola.
Todos os demais,
pertencendo às bacias do Congo, do Zambeze, do Okawango, do Cuvelais e os que
desaguam no Atlântico de forma independente, têm nascentes dentro do espaço
nacional.
Isso é muito
sensível: os vizinhos dependem muito mais da água que nasce em Angola, da vida
que emerge desde o centro do espaço nacional, do que Angola depende de águas
provenientes de fora do seu território!
Quanto das
políticas de paz para toda a região poderão ir beber aos recursos naturais, em
especial o recurso que é vida?
Quanto Angola, em
função desses recursos, poderá alimentar essas políticas de paz?
Quanto a SADC pode
socorrer os interesses da RDC, quando a sua bacia principal, a bacia do Congo,
tem sido tão ameaçada?
Desde o início da
revolução cubana que as características físico-geográficas e humanas foram
estudadas cientificamente pela inteligência cubana, o que deu uma contribuição
enorme para o exercício da soberania, para a defesa da paz, para a resistência
ao bloqueio e ao conjunto de medidas nele inseridas, conforme temos vindo a
detalhar.
Em África, tendo em
conta as fronteiras artificiais impostas pela Conferência de Berlim e a
tentativa contemporânea de se gerarem novas identidades nacionais por via das
políticas de capitalismo neo liberal, com fronteiras novas, os mesmos processos
de inteligência são indispensáveis no respeito para com a vida, para a
prossecução da paz e para todas as medidas que visam alcançar equilíbrio, dar
luta às assimetrias, dar luta ao subdesenvolvimento crónico e histórico,
respeitar a natureza e o ambiente, bem como potenciar a programação com base
numa economia real, de desenvolvimento sustentável, que traga benefícios para
as futuras gerações!
A consultar:
- Palestra
realizada pela FAAN revela preocupação do Dr. Agostinho Neto com o Ambiente – http://www.agostinhoneto.org/index.php?option=com_content&view=article&id=856:palestra-realizada-pela-faan-revela-preocupacao-do-dr-agostinho-neto-com-o-ambiente&catid=37:noticias&Itemid=206
- Geografia de
Angola – Wikipedia – http://pt.wikipedia.org/wiki/Geografia_de_Angola
- Geografia de
Angola – http://www.angolanembassy.gr/Portugues/GEOGRAFIA.htm
- Recursos hídricos
de Angola – Manuel Quintino – Director Nacional dos Recursos Hídricos –
Ministério da Energia de Angola (pdf).
- Breve monogafia
angolana – hidrografia – http://5---breve-monografia-angolana.blogspot.com/2006/08/55-hidrografia.html
- "Grandes
Bacias Hidrográficas de Angola" em livro do agrónomo Castanheira Diniz – http://www.agroportal.pt/x/agronoticias/2003/01/14c.htm
- Recursos hídricos
em Angola – http://www.abc.org.br/impressao.php3?id_article=821
- Governo e FAO vão
executar programas agro-pecuários – http://www.panapress.com/Angola--Governo-e-FAO-vao-executar-programas-agro-pecuarios--3-391376-45-lang1-index.html
- Geografia de Cuba
– http://es.wikipedia.org/wiki/Geograf%C3%ADa_de_Cuba
- Rios de Cuba – http://www.ecured.cu/index.php/R%C3%ADos_de_Cuba
- Instituto
Nacional de Recursos Hudráulicos – http://www.hidro.cu/
- UNESCO – Água – http://www.unesco.org/new/en/natural-sciences/environment/water/
- FAO – http://www.fao.org/index_en.htm
- World Water
Council – http://www.worldwatercouncil.org/
- Iniciativa
Maiombe – A paz numa cadeia de esforços – http://tudoparaminhacuba.wordpress.com/2012/12/01/iniciativa-maiombe-a-paz-numa-cadeia-de-esforcos-angola-cuba-venezuela/
- Visão 2050 para o
mundo e a SADC – I – http://paginaglobal.blogspot.com/2012/06/visao-2050-para-o-mundo-e-sadc-i.html
- Visão 2050 para o
mundo e a SADC – II – http://paginaglobal.blogspot.com/2012/06/visao-2050-para-o-mundo-e-sadc-ii.html
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