O publicitário
brasileiro Marcos Valério, condenado como o executor do "mensalão",
afirmou num novo depoimento que a Portugal Telecom financiou o Partido dos
Trabalhadores com 2,6 milhões de euros, durante o Governo de Lula da Silva.
As informações
foram dadas por Marcos Valério ao Ministério Público brasileiro, em 24 de
setembro, já após sua condenação, e reveladas, esta terça-feira, pelo diário
brasileiro Estado de São Paulo que informa ter tido acesso direto à
transcrição do depoimento.
O pagamento de 7
milhões de reais (2,6 milhões de euros), segundo o depoente, foi negociado
diretamente entre o ex-Presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e o
então presidente da Portugal Telecom, Miguel Horta e Costa, no Palácio do
Planalto, em Brasília.
Ainda segundo o
depoimento, citado pelo diário brasileiro, a transferência do dinheiro foi
feita através de uma fornecedora da Portugal Telecom em Macau, na China, na
conta bancária de publicitários no Brasil que prestaram serviços para a
campanha eleitoral do Partido dos Trabalhadores.
Como prova das
negociações para o pagamento, Valério cita a viagem realizada por ele próprio,
acompanhado do seu ex-advogado Rogério Tolentino e do ex-secretário do PTB
(Partido Trabalhista Brasileiro) Emerson Palmiere a Portugal, em 2005.
Essa viagem já
tinha sido citada durante o processo do "mensalão". O delator do
esquema de compra de votos de parlamentares, o ex-deputado Roberto Jefferson,
disse que o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu enviou Valério a Portugal com
a tarefa de negociar a doação de recursos da Portugal Telecom ao Partido dos
Trabalhadores, então liderado por Lula da Silva.
José Dirceu,
"mentor" de todo o esquema, era tido como "braço direito"
de Lula da Silva e foi condenado a mais de dez anos de prisão, por formação de
quadrilha (associação criminosa) e corrupção ativa.
No novo depoimento,
o empresário diz ainda que Lula da Silva não só tinha conhecimento do esquema,
como deu aval para empréstimos junto de bancos brasileiros cuja função era
pagar a compra de voto de parlamentares.
Segundo o
"Estado de São Paulo", Valério também informou que parte desse
dinheiro chegou a ser utilizada para pagar "despesas pessoais" de
Lula da Silva.
Marcos Valério foi
condenado pelo Supremo Tribunal Federal brasileiro a 40 anos de prisão, além de
uma multa de 2,783 milhões de reais (1,03 milhões de euros).
Após ser condenado,
o empresário procurou espontaneamente a Procuradoria-Geral da República e
solicitou proteção judicial e redução da pena (benefício oferecido no sistema
de delação premiada) em troca de novas informações, até então desconhecidas.
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