Antonio Tozzi*, Miami – Direto da Redação
São Paulo (SP) - O
ex-presidente Lula, depois de tomar posse no Palácio do Planalto, proferiu uma
frase que se tornou famosa, ao dizer que havia recebido uma herança maldita de
seu antecessor, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Obviamente, a frase
provocou muita polêmica com os lulistas aplaudindo as declarações e os seus
opositores criticando-a, uma vez que ele recebeu o país em plena recuperação
após a implantação do Plano Real.
Agora, quem pode
repetir esta frase, sem medo de errar, é a presidente (desculpe, não consigo
usar o termo presidenta) Dilma. Cada vez mais, a mandatária precisa tomar
decisões para limpar sua barra, evitando assim que a sujeira respingue em seu
governo.
O mais recente
escândalo é a Operação Porto Seguro, onde uma secretária chamada Rosemary Nóvoa
Noronha comandava um esquema de suborno e negociatas, juntamente com os irmãos
Paulo e Rubens Vieira, que trabalhavam respectivamente na ANA (Agência Nacional
de Águas) e ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil). Eles vendiam
favorecimentos em troca de pareceres que beneficiavam empresas com interesses
em aprovações de laudos.
O esquema somente
veio à tona após uma denúncia feita por um ex-ministro do Tribunal de Contas da
União (TCU), Cyonil da Cunha Borges, que juntou evidências e até mesmo R$ 100
mil recebido como tentativa de suborno para dar um parecer favorável à empresa
Tecondini.
Na outra ponta do
esquema, estava José Weber de Holanda, segundo na hierarquia da Advocacia Geral
da União, que também foi exonerado. No entanto, ele já havia sido investigado
anteriormente por improbidade administrativa, mas continuava no governo,
demonstrando a pouca seriedade com a administração pública no Brasil.
Durante a denúncia
de Cyonil, ele revelou que Paulo Vieira usou o nome do ex-ministro José Dirceu
(sempre ele!) como interessado na aprovação do parecer. Algo que o advogado de
Dirceu qualificou de calunioso e disse que entrará com medidas judiciais contra
as pessoas que tenham usado seu nome em qualquer negociata.
Já Rosemary Noronha,
a Rose, também ex-assessora de Dirceu, tornou-se próxima de Lula, com quem fez
dezenas de viagens internacionais e ainda possuía um passaporte diplomático. O
irônico é os líderes do governo impedirem a ida de Rose e dos irmãos Vieira ao
Congresso Nacional para prestar esclarecimentos. Eles alegam que o governo agiu
rápido ao demitir e afastar os implicados, portanto, não há motivo para
convocá-los. A oposição, por sua vez, gostaria de ouvi-los para entender como
funcionava o esquema que tinha como base o escritório da Presidência da
República em São Paulo.
Mas, como
jornalista brasileiro não tem descanso, logo surgiu outro escândalo: a Operação
Durkheim. Através de uma ação efetiva da Polícia Federal foi possível desmontar
uma quadrilha que roubava informações sigilosas de pessoas influentes para
extorqui-las ou para vender as informações a outros interessados. O chefe do
bando seria Itamar Damião, um ex-prefeito da cidade de Nazaré Paulista, no
estado de São Paulo.
Entre as pessoas
que tiveram seus sigilos quebrados estão o prefeito de São Paulo, Gilberto
Kassab, e o líder do governo, o senador Eduardo Braga (PMDB-AM), além de juízes
e desembargadores. Entre os investigados pela Polícia Federal, estão vários
policiais e inclusive um agente da própria Polícia Federal. Até mesmo o
presidente da Federação Paulista de Futebol e vice-presidente da Confederação
Brasileira de Futebol, Marco Polo del Nero, teve de prestar depoimento à PF por
ter usado os “serviços” da quadrilha.
Como estamos em
tempo de diversificação de negócios, a quadrilha montou um esquema com sete
doleiros para remessa de dinheiro para o exterior, mostrando que estava,
digamos assim, atuando de maneira globalizada.
Além de jornalistas
e policiais, outra profissão em alta no Brasil é a de advogado. Afinal, com
tantas falcatruas, alguém precisa defender os autores dos crimes – e cobrar
caro por isto.
A pergunta que fica
é a seguinte: será que o Brasil consegue acabar com a corrupção ou a corrupção
é que acabará com o Brasil? Com a palavra, as autoridades.
* Foi repórter do
Jornal da Tarde e do Estado de São Paulo. Vive nos Estados Unidos desde 1996,
onde foi editor da CBS Telenotícias Brasil, do canal de esportes PSN, da
revista Latin Trade e do jornal AcheiUSA.
3 comentários:
Rosemary Noronha não era uma simples secretária. Era Chefe de Gabinete da Presidência da República (SP) de Dilma e de Lula. Com o escandâlo e sua prisão, foi demitida. Conhecido como Planaltinho, o Gabinete da Presidência era muito usado pelos dois presidentes.
Rosemary gostava de se apresentar como "namorada" de LUla. Era tanto seu poder que indicou, entre outros, o cargo de presidente do Banco do Brasil.
Namorada? Era amante do nove dedos, isso sim.
Ainda bem que no Brasil temos a Polícia Federal
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