Forças Armadas de
Cabo Verde têm "marca" de Portugal, reconhece Governo cabo-verdiano
14 de Dezembro de
2012, 14:10
Cidade da Praia, 14
dez (Lusa) - A grande maioria dos oficiais das Forças Armadas de Cabo Verde tem
"a marca" da cooperação portuguesa, no quadro das relações no setor
da Defesa e Segurança, disse hoje à agência Lusa fonte governamental cabo-verdiana.
Em declarações à
Lusa, o ministro da Defesa cabo-verdiano, Jorge Tolentino, salientou que as
relações bilaterais nesse domínio têm "evoluído bastante
positivamente", sendo prova disso os dois novos acordos assinados na II
Cimeira Portugal/Cabo Verde, a 02 deste mês, permitindo "evoluir",
apesar das atuais contingências económico-financeiras.
"A cooperação
já é antiga e é o setor que eu ousaria considerar como o que saiu largamente
ganhador (na cimeira). Avançámos para dois documentos extremamente importantes:
o Acordo de Cooperação no Domínio da Defesa, que datava de 2006, e outro, novo,
sobre Operações de Busca e Salvamento", sublinhou.
Salientando a
importância de Portugal nas Forças Armadas cabo-verdianas, Jorge Tolentino
destacou que os dois documentos assinados com o seu homólogo português, José
Pedro Aguiar Branco, permitiram desbloquear o processo de entrega de um
conjunto de seis botes para os Fuzileiros Navais de Cabo Verde.
"Iremos
receber, já no primeiro trimestre de 2013, dois botes para os Fuzileiros
Navais, entendimento que já tínhamos fixado na visita de Aguiar Branco
(efetuada a 01 de dezembro de 2011) e que vai começar a concretizar-se. Os
restantes quatro serão entregues até ao final de 2013", lembrou.
Outro "ponto
importante" da cimeira foi o enquadramento da participação das Forças
Armadas de Cabo Verde em operações de manutenção de paz juntamente com
Portugal, "dado absolutamente novo" na relação bilateral, disse.
"Há ainda a
cooperação técnico-militar com as Forças Armadas e cujo resultado se poderá
ver, por exemplo, no grande número de quadros, oficiais, que são formados em Portugal. As Forças
Armadas são claramente devedoras e têm a marca da cooperação de Portugal",
reconheceu.
Jorge Tolentino
lembrou ainda a presença permanente de militares portugueses no Centro de
Instrução Militar do Mindelo (ilha de São Vicente) e que há outras áreas a
funcionar "normalmente".
"Há a saúde
militar, a segurança marítima, seja com meios navais e aéreos, seja como
pessoal qualificado, seja ainda em matéria de economia da defesa, um setor novo
que estamos a desenvolver com Portugal e em que já realizámos duas missões
técnicas, uma em Lisboa e outra na Cidade da Praia", afirmou.
O montante global
para o Programa Quadro de Cooperação 2012/14, de 300 mil euros, ficou definido
há um ano, no âmbito da visita oficial que Aguiar Branco efetuou a Cabo Verde.
JSD // VM.
Cabo Verde vai
comprar mais um navio patrulha para fiscalizar águas territoriais
14 de Dezembro de
2012, 14:29
Cidade da Praia, 14
dez (Lusa) - A China desbloqueou hoje cinco milhões de dólares (3,8 milhões de
euros) a Cabo Verde para que o país compre mais um navio patrulha para
fiscalizar as águas territoriais, disse hoje à agência Lusa fonte oficial.
Segundo o ministro
da Defesa cabo-verdiano, Jorge Tolentino, a verba enquadra-se no Acordo Geral
de Cooperação bilateral de 1997 e que permite a Cabo Verde, de dois em dois
anos, beneficiar de financiamentos para a aquisição de materiais.
"Temos
relações na área técnico-militar, enquadradas por um acordo geral assinado em
1997. De dois em dois anos, assinamos os acordos de financiamentos, que apontam
para a aquisição de materiais à escolha de Cabo Verde", sublinhou.
"O montante do
acordo de financiamento assinado hoje será canalizado para a aquisição de um
navio patrulha para a Guarda Costeira, tendo em mira uma maior capacidade
interna de resposta às ameaças que são cada vez mais reais e prementes em
termos de controlo marítimo", explicou.
Questionado sobre
se não é um contrassenso adquirir mais um navio patrulha quando o Governo de
Cabo Verde acaba de assinar com uma empresa privada britânica que irá
fiscalizar as águas territoriais cabo-verdianas, Jorge Tolentino salientou que
a lógica prevalecente é a de garantir que o espaço marítimo seja "o mais
seguro possível".
"Estamos a
funcionar numa lógica de conjugação de diferentes fatores, tendo como objetivo
garantir que o espaço marítimo de Cabo Verde seja o mais seguro possível. Não
temos a capacidade interna que desejaríamos ter", respondeu, assegurando
que Cabo Verde já conta com uma "segurança cooperativa" com seis
países atlânticos, entre os quais Portugal.
A segurança
cooperativa pressupõe, acrescentou, a presença de meios aéreos e navais de
Portugal, Brasil, Estados Unidos, Espanha, Itália e Reino Unido em exercícios
conjuntos de patrulhamento e segurança da Zona Económica Exclusiva (ZEE) local.
"A segurança
naval privada é outro pilar no conjunto de preocupações. Entre as ameaças, não
podemos esquecer a pirataria, que é real e que tem atingido outras regiões de
forma mais intensa. Temos indicações de que a tendência é que avance mais para
norte, mais para a nossa região, e temos de tomar as necessárias
cautelas", realçou.
Jorge Tolentino
lembrou, por outro lado, que os países que têm marinha mercante e que passam
com frequência pelas águas cabo-verdianas têm "todo o interesse" em
que a zona seja "segura".
O ministro da
Defesa cabo-verdiano disse ainda à Lusa não haver "nenhum caso concreto de
pirataria" nas águas cabo-verdianas, mas admitiu, sem pormenorizar, que há
"sinais" transmitidos pelos serviços secretos que são, depois,
levados em linha de conta.
O futuro navio
patrulha, cuja data de chegada não foi adiantada, vai juntar-se ao
"Guardião", adquirido por Cabo Verde em janeiro deste ano, vai
permitir reforçar as operações da Guarda Costeira na ZEE cabo-verdiana,
incluindo operações de busca e salvamento, fiscalização, combate ao tráfico
ilícito e pesca ilegal.
JSD // VM.
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