Jornal i - Lusa
O secretário-geral
da CGTP, Arménio Carlos, afirmou hoje que o Presidente da República, Cavaco
Silva, “não tem desculpa para cometer pela segunda vez o mesmo erro” de não
vetar o Orçamento do Estado.
“Senhor Presidente,
cumpra e faça cumprir a Constituição da República Portuguesa. Tenha coragem e
vete este Orçamento do Estado. Para bem dos portugueses e de Portugal”, apelou
Arménio Carlos.
Discursando perante
milhares de pessoas concentradas na Avenida dos Aliados, no Porto, o líder da
CGTP afirmou que o”Presidente da República não pode repetir agora o que fez com
o Orçamento de Estado de 2012, quando o promulgou e viu várias normas serem
declaradas inconstitucionais pelo Tribunal Constitucional”.
Para Arménio
Carlos, Cavaco Silva “não tem desculpa para cometer pela segunda vez o mesmo
erro” quando para a CGTP “não é por acaso que aumentam o número de vozes de
todos os quadrantes políticos que consideram que este é um Orçamento de Estado
fora da lei”.
Arménio Carlos
criticou a possibilidade de diluição dos subsídios de férias e do 13º mês no
salário mensal, classificando-a de “fraudezita de algibeira” por significar um
ataque à contratação coletiva e a prazo uma redução dos salários.
Uma referência que
foi acompanhada por assobios e aplausos dos manifestantes, o mesmo acontecendo
quando se referiu a Fernando Ulrich e à declaração “ai aguenta, aguenta” que o
banqueiro proferiu sobre a possibilidade do país aguentar mais austeridade.
“Agora é hora de
eles aguentarem, é hora de taxar o capital e quanto mais depressa melhor,
porque eles aguentam camaradas, ai aguentam, aguentam“, afirmou.
Criticando o
Governo, que considerou que “compromete o futuro do país”, Arménio Carlos,
sustentou que “este não é um tempo para taticismos políticos”.
“Mais do que os
interesses partidários é necessário ter presente os interesses nacionais”
afirmou, considerando que na atual fase não há espaço para hesitações ou
afirmações inconsequentes e apelando à “construção de alianças sociais que provoquem
uma rutura com a política de direita”.
O secretário-geral
da CGTP apelou à participação numa nova manifestação marcada para o dia 15, em
Lisboa, e para que pessoas de “todos os quadrantes políticos e sindicais, se
associem à campanha em defesa das funções sociais do Estado”, na qual a central
sindical espera conseguir a petição com o maior número de assinaturas
recolhidas.
Interrogado no
final da manifestação, sobre as hesitações governamentais em torno da
possibilidade de Portugal beneficiar das facilidades concedidas à Grécia
Arménio Carlos disse que era um caso que “dá para rir”.
“O
primeiro-ministro hoje diz uma coisa amanhã diz outra, o ministro das finanças
hoje diz uma coisa, amanhã diz outra e agora temos o ministro de Estado que
subscreve e amocha perante aquilo que a troika manda fazer e depois arma-se em
paladino da defesa dos interesses do país e diz que vai escrever uma carta à
troika”, comentou o líder sindical, acrescentando não entender “para quê”.
A manifestação foi
antecedida por um marcha iniciada no Campo 24 de Agosto, que percorreu durante
mais de uma hora algumas das principais artérias do centro do Porto.
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