domingo, 2 de dezembro de 2012

Jerónimo no XIX Congresso: NÃO PEÇAM AO PCP “QUE DEIXE DE SER O QUE É”

 


“Ninguém peça ou exija ao PCP que deixe de ser o que é” – Jerónimo de Sousa
 
O secretário-geral do PCP afirmou hoje que os comunistas não recusam o “diálogo” com outras forças mas disse que o partido não abdicar dos seus valores e que o PS se mantém comprometido com “a política de direita”.
 
“Nós dizemos que não renunciamos à convergência, ao diálogo com forças e setores democráticas em tudo o que for bom para os trabalhadores, para o povo e para o país. Mas ninguém peça ou exija ao PCP que deixe de ser o que é, que deixe de falar verdade, que deixe de lutar por outra política, que rompa com estafada alternância”,afirmou Jerónimo de Sousa.
 
O secretário-geral comunista falava no encerramento do XIX Congresso do PCP, em Almada, de onde sai com novo mandato para quatro anos, dado pelo Comité Central.
 
Jerónimo de Sousa reiterou o objetivo da criação de uma “alternativa patriótica e de esquerda” no “plano institucional”.
 
A este propósito, definiu como “questão primeira” e “incontornável” a “de se saber” se o PCP “deveria abdicar” dos valores que defende de forma “coerente e consequente” e se o PS, “comprometido com a política de direita”, “se deveria manter como está”.
 
“O PS não dá resposta à contradição fundamental que é a de saber se é possível uma alternativa verdadeiramente de esquerda, mantendo-se comprometido e identificado com a política de direita em questões estruturantes”, acrescentou, sublinhando que será “pela vontade e apoio” “dos trabalhadores e do povo português”, a quem serve, que o PCP estará “numa solução alternativa”.
 
“E não por arranjos de poder que nos exijam deixar de ser o que somos, de defender o que defendemos”, afirmou.
 
MP // SMA
 
PS disponível para dialogar mas acusa comunistas de fazerem dos socialistas o "inimigo"
 
O dirigente socialista Alberto Martins manifestou-se hoje disponível para um diálogo com o PCP, mas criticou os comunistas por fazerem do PS "o inimigo" e salientou que há "regras constitucionais" para as mudanças de Governo.
 
A posição de Alberto Martins, membro do Secretariado Nacional, foi transmitida após a sessão de encerramento do XIX Congresso do PCP, que hoje terminou em Almada.
 
"Entendemos que o PCP é um partido democrático, que se deve situar no arco do diálogo institucional e constitucional. O PS está disponível para o diálogo, mas rejeita e acha errada a política do PCP de fazer do PS o seu inimigo", declarou.
 
O ex-ministro da Justiça traçou ainda outra linha de demarcação face aos comunistas.
 
"O PS defende uma mudança política com responsabilidade. Pensamos que a ideia de rasgar o memorando da 'troika' (Banco Central Europeu, Fundo Monetário Internacional e Comissão Europeia) seria errada para Portugal, já que o país deixaria de ter o apoio financeiro necessário para resolver os problemas", sustentou.
 
Alberto Martins, porém, disse que o PS "está de acordo que, em diálogo, tudo deve ser feito para mudar esta política recessiva, esta ditadura da austeridade, que prejudica o povo português, aumentando o desemprego e não criando condições para o crescimento".
 
"Exige-se uma nova consciência coletiva, uma nova legitimação e uma mudança estrutural da política no quadro europeu", disse.
 
Alberto Martins voltou a também a demarcar-se da exigência do Bloco de Esquerda e do PCP para uma imediata demissão do Governo PSD/CDS.
 
"A demissão do Governo é uma questão que se situa no quadro constitucional. Há regras constitucionais em Portugal para as alterações do Governo. Não podemos esquecer que o PCP contribuiu para e entrada em funções deste Governo", disse, numa alusão aos episódios que conduziram ao fim do segundo executivo liderado por José Sócrates.
 
PMF // SMA
 
Não há Governo de esquerda sem todos os partidos de esquerda - Bloco de Esquerda
 
O Bloco de Esquerda disse registar a disponibilidade do PCP para a criação de uma alternativa política e vincou que só poderá existir um Governo progressista com a "responsabilidade" de todos os partidos de esquerda.
 
"Não há Governo de esquerda sem a responsabilidade de todos os partidos de esquerda e de todas as forças de esquerda", acentuou a dirigente Cecília Honório no final do XIX Congresso do PCP, que hoje terminou em Almada.
 
Acompanhada pelos dirigentes do Bloco de Esquerda Pedro Soares e Joana Mortágua, Cecília Honório disse que a sua força política "acompanhou com toda a atenção" o congresso do PCP, "nomeadamente a intervenção final do secretário-geral, Jerónimo de Sousa, que apresenta um compromisso com a luta pela destruição destas políticas de austeridade e pela responsabilidade na construção de uma alternativa de esquerda".
 
"Registamos a disponibilidade do PCP para, na luta popular, contra as orientações deste Governo, criar uma alternativa", frisou Cecília Honório.
 
Confrontada com a ideia de que o PCP se demarcou estrategicamente do Bloco de Esquerda ao considerar mais importante saber com que política se chega ao Governo do que discutir com quem se chega ao Governo, Cecília Honório disse não partilhar essa interpretação.
 
"Temos a noção que há uma luta que se faz na sociedade e que é preciso uma voz popular para mudar a orientação deste Governo. Mas o Bloco de Esquerda renova o sentido de compromisso e de responsabilidade na criação de uma alternativa", acrescentou.
 
PMF // SMA
 
Governo de esquerda não resultará de "diálogo e simpatia" com PS e BE - Jorge Pires
 
O dirigente comunista Jorge Pires advertiu hoje que não será possível atingir “o objetivo” de um governo de esquerda com “diálogo e simpatia”, mas sim com a "luta de massas", reafirmando o socialismo e o comunismo como horizonte.
 
Dizendo responder a dúvidas que foram colocadas por comunistas durante a preparação do Congresso sobre a forma de construir um “governo de esquerda”, Jorge Pires, da comissão política do PCP, começou por dizer que “não há nenhuma solução mágica”.
 
No entanto, advertiu, não se chegará a esse objetivo “com diálogo e simpatia” entre dirigentes de partidos à esquerda do Governo PSD/CDS-PP, ou seja, com o PS e o BE.
 
“Haverá democratas que pensam que todas as dificuldades se resolveriam com o diálogo e alguma simpatia entre dirigentes dos partidos à esquerda deste Governo. A vida confirmou que não é assim”, afirmou, sendo aplaudido pelos delegados.
 
Assim, defendeu, “o caminho mais seguro para a conquista alternativa esquerda é os democratas perceberem que são as suas aspirações por uma nova política e as suas escolhas também eleitorais que mais podem assegurar um novo e esperançoso rumo para política nacional”.
 
Jorge Pires disse que, da parte do PCP, tudo se fará para que, “com confiança e determinação seja possível transformar o enorme descontentamento em formas concretas de intervenção”.
 
O PCP dará o seu contributo para a “afirmação na sociedade portuguesa de um vasto movimento de opinião, unido em torno dos grandes valores e propósitos de uma política de esquerda”.
 
Este movimento deve, prosseguiu, “dar origem a uma ampla frente social de luta capaz de lutar por um Portugal soberano e independente, de progresso e justiça social como componentes constitutivas da democracia avançada que o PCP propõe ao povo português”.
 
“Mas sempre, como há 91 anos, com o socialismo e o comunismo no horizonte”, avisou.
 
O XIX Congresso do PCP termina hoje em Almada, com uma intervenção do secretário-geral eleito, Jerónimo de Sousa.
 
SF // MSF
 
* Notícias da Agência Lusa
 

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