André Manhice - O País (mz), com foto
“A dignidade do
médico está a degradar-se a cada dia. Assistimos a um descontentamento profundo
e geral dos médicos”.
Os médicos
decidiram quebrar o silêncio e dizem estar agastados com o Governo,
alegadamente, por ter aprovado um estatuto que não espelha as suas propostas,
muito menos as expectativas, tornando este num instrumento incongruente e que
semeia injustiça na classe. Aliás, dizem não reconhecer esse estatuto, uma vez
que o Conselho de Ministros fez alterações profundas na proposta, que nada têm
a ver com o documento inicial.
Assim, a Ordem dos
Médicos e a Associação Médica de Moçambique convocaram a imprensa, neste
sábado, para denunciar falta de vontade do executivo para resolver,
pacificamente, as suas reivindicações, que incluem salário justo, subsídio de
risco, subsídio de renda de casa, entre outras.
“É inconcebível que
o Governo aprove um estatuto que não é do conhecimento dos beneficiários. Após
tantos anos de dedicação e de milhares de vidas salvas, este é o agradecimento
que o governo nos dá? Isto não está certo”, afirmou Jorge Arroz, presidente da
Associação Médica de Moçambique.
A situação está a
deteriorar-se e a criar descontentamento entre estes profissionais, uma vez que
da proposta feita houve redução entre 44 e 51 por cento.
“O salário base
constitui menos de 50 por cento do salário total, estando os subsídios entre
56,7 e 64,3 por cento. Não houve inclusão de renda de casa aos médicos de saúde
pública. Incongruência salarial entre o médico dentista e o médico familiar e
comunitário. Incongruência salarial entre médicos dentistas, por exemplo, o
médico dentista consultor e médico dentista especialista principal recebem
menos que o médico dentista assistente. Isto não está certo”, afirmou.
Eles dizem ainda estar a
ser marginalizados, apesar do alto risco que a profissão representa.
Os médicos disseram
ter endereçado várias cartas ao governo, à Assembleia da República e ao partido
Frelimo, mas não surtiram os efeitos desejados.
“A dignidade do
médico está a degradar-se a cada dia. Assistimos a um descontentamento profundo
e geral dos médicos por conta da ausência de um salário condigno, aliado ao
facto de os médicos possuírem precárias condições de habitação e estarem a ser
retirados das residências nas capitais provinciais”, considerou a fonte,
questionando “por que será que o Governo quer retirar casas aos médicos
moçambicanos se aos estrangeiros conseguem efectuar despesas estimadas em 70
mil meticais mensais de arrendamento de quarto de hotel e refeições? Por que
não pode pagar 15 a 20 mil meticais para os nacionais? Como o Governo pensa que
o médico, com o mísero salário de 20 mil meticais, vai arrendar casa para si e
sustentar sua família?”.
Leia mais na edição
impressa do «Jornal O País»
Sem comentários:
Enviar um comentário