Henrique Monteiro –
Expresso, opinião, em Blogues
Portugal é um país
corrupto? Bem, é mais do que devia, mas menos do que a maioria dos países. Isto
é quase um slogan, mas é a mais pura das verdades. Estar em 33º lugar é mau,
porque se está ao nível do Butão e do Porto Rico; é menos mau, porque ainda assim
se está acima de muitos países da Europa, como a Itália, a Grécia, a República
Checa, etc.
A verdade é que os
portugueses acham o seu país, provavelmente, ainda mais corrupto do que ele é.
E têm razão para isso. Porque as leis não são claras, porque quase ninguém vai
preso (alô, alô, presidente Isaltino Morais), porque há gente que fica
subitamente rica sem se perceber como. Mas convém lembrar uma coisa: a maior
parte da corrupção deve-se à falta de autoridade do Estado, ao facto de este
estar capturado por corporações que também cativaram os partidos políticos.
Sempre que se fala em PPP ou em privatizações, muita gente se atira aos privados
como se fossem eles a causa da corrupção. Não são. Ainda que muitos sejam
corruptores, toda a fonte de corrupção está na forma como o Estado se relaciona
com a sociedade. O crime de corrupção, aliás, só existe nos setores que vivem
ou dependem de dinheiros públicos.
A mim preocupa-me que
a diplomacia económica portuguesa tenha, nos últimos anos, e independentemente
dos Governos, apostado tanto em países como a China, Angola e a Venezuela.
Vejam o ranking que se publica aqui: a China está em 80º
lugar; Angola é o 157º e a Venezuela o 165º. Em 174 países isto pode ter um
significado. Portugal não está a tentar fazer negócios com os países mais
reprodutivos, mas com aqueles onde é mais fácil ir buscar dinheiro e lavá-lo
por cá. Será isso?
Leis mais claras,
justiça mais célere e implacável e opinião pública mais exigente. Só assim
saberemos onde andam, verdadeiramente, os corruptos. É aliás esta a combinação
dos países com menos corrupção no mundo.
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