Jornal i - Lusa, foto João Relvas/Lusa
Nuno Santos
manifestou-se hoje "consciente" de que está a "servir de
exemplo" para que "o poder político mostre à classe jornalística como
se deve 'comportar'", afirmando não subsistirem dúvidas de que foi alvo de
"saneamento político" da RTP.
"Tenho
consciência que estou a servir de exemplo, como outros serviram no passado,
para que o poder político mostre à classe jornalística como se deve
'comportar'”, afirmou o ex-diretor de Informação (DI) da RTP, numa conferência
de imprensa em que explicou a sua posição relativamente ao processo disciplinar
que lhe foi movido pelo Conselho de Administração da RTP, que pode levar ao seu
despedimento.
Quanto à natureza
"política" de um "saneamento" de que se diz alvo, Nuno
Santos afirmou que "se dúvidas subsistissem que esse saneamento existiu,
elas foram dissipadas com a decisão ilegal e ilegítima do Conselho de
Administração da RTP [relativamente ao processo disciplinar decidido contra si
pela equipa liderada por Alberto da Ponte] que teve a cobertura e intervenção
do poder político, e isso deve merecer uma reflexão profunda a todos nós,
jornalistas, e à sociedade portuguesa, em geral".
Instado a sustentar
esta afirmação, Nuno Santos remeteu para eventuais declarações a prestar
proximamente na Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC), que indicou na
semana passada a intenção de iniciar um inquérito específico ao incidente da
demissão do ex-diretor da RTP.
"Como disse no
meu primeiro comunicado, tempos conturbados aguardam a RTP com a anunciada
aquisição de parte do seu capital com o figurino que tem sido divulgado. (...)
O clima de medo instalado faz com que muitos estejam em silêncio. Que
ninguém se iluda. Depois de mim outros serão atingidos", afirmou.
O jornalista
indicou que não recebeu ainda a nota de culpa relativa ao seu processo
disciplinar, mas enumerou uma série de razões que terão estado por detrás da
decisão da equipa de gestão da RTP.
"O conselho de
administração da RTP entendeu que a circunstância de ter referido que fui
sujeito a um julgamento sumário, consubstancia a prática de grave infração
disciplinar", indicou Nuno Santos, indicando ainda que administração
"entendeu também" que a explicitação que fez das razões que
conduziram ao seu pedido de demissão - "muito específico e legalmente preservado
cargo" - de diretor de informação da RTP seria uma "prática de grave
infração disciplinar e de violação do dever de respeito".
"O Conselho de
Administração da RTP entendeu que consubstanciam a prática de grave infração
disciplinar algumas declarações que prestei sobre a ordem de serviço 14, a qual
obriga a que a aquisição de conteúdos seja autorizada com setenta e duas horas
de antecedência", acrescentou Nuno Santos.
Finalmente, entre o
elenco das razões para a abertura do processo disciplinar, Nuno Santos
acrescentou que "o Conselho de Administração repescou, ainda, a questão
dos 'brutos' [imagens não editadas] que já dera por encerrada por saber que não
tinha nem podia ter ressonância disciplinar".
Ora, neste domínio,
sustenta, "é cristalino" que a administração da empresa "não tem
competência disciplinar em matéria deontológica dos jornalistas, devendo
qualquer intervenção nesta área ser vista como abusiva - por violadora - de uma
instância própria de uma classe profissional".
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calibre?
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