Kumuênho da Rosa –
Jornal de Angola
O secretário de
Estado das Relações Exteriores, Manuel Augusto, descartou a hipótese de Angola
enviar tropas para a República Centro-Africana (RCA), mas garantiu que vai dar
“todo o apoio para que as forças regionais cumpram o seu papel que é, em primeira
instância, parar com os combates”.
Em declarações à imprensa, à margem da audiência que o Presidente José Eduardo
dos Santos concedeu, ontem, ao ministro dos Negócios Estrangeiros da RCA,
Antoine Gambi, Manuel Augusto manifestou também a disponibilidade de Angola
“contribuir para a formação de um Exército na RCA que seja capaz de defender as
suas fronteiras”.
O secretário de Estado das Relações Exteriores reiterou o apoio angolano ao
Governo legítimo da RCA e garantiu que, como membro da CEEAC (Comunidade
Económica dos Estados da África Central), “Angola assume as suas
responsabilidades no apoio à força de paz na região”.
“Participámos recentemente em Libreville numa reunião dedicada à análise da
situação na RCA, onde foram tomadas algumas medidas. Infelizmente, logo após a
reunião, verificou-se o agravamento da situação”, disse Manuel Augusto,
assegurando que os novos desenvolvimentos no terreno vão ser agora analisados
pelos Chefes de Estado da região durante uma reunião a partir do dia oito, em
Libreville.
“O que se pode dizer neste momento é que por força da combinação de uma série
de factores, os combates cessaram, apesar de os rebeldes manterem posições
contrariando a exigência dos países da CEEAC”, disse o secretário de Estado,
que confirmou “o reforço do efectivo da FOMAC, no passado fim-de-semana, com
mais três companhias do Congo Brazzaville, do Gabão e dos Camarões.
Segundo Manuel Augusto, a FOMAC está na localidade de Damara, considerada
“linha vermelha” antes de Bangui. “Tudo leva a crer que será na base desse
‘status quo’ que vão ter lugar as negociações em Libreville”, disse.
Mensagem de Bozizé
O Chefe de Estado angolano recebeu ontem o ministro centro-africano dos
Negócios Estrangeiros, Antoine Gambi, que foi portador de uma mensagem do
Presidente da República Centro-Africana, François Bozizé. No final do encontro,
Antoine Gambi confirmou a “situação preocupante” que o seu país atravessa,
depois do grupo rebelde Seleka ter ocupado praticamente a totalidade do
território e agora ameaça derrubar o Governo de François Bozizé.
O ministro centro-africano disse que veio a Angola informar o Presidente
angolano sobre o quadro actual na RCA, onde as partes procuram definir pontos
para uma nova jornada de negociações na próxima semana, em Libreville. “A
situação no terreno é estacionária. Não há confrontações entre as forças legais
e rebeldes. Todas as forças mantêm as suas posições e as forças regionais da
Comunidade Económica dos Estados da África Central, enviadas pelo Congo,
Gabão e Camarões estão em estado de alerta”, disse Antoine Gambi.
O chefe da diplomacia da RCA adiantou que nas próximas negociações as partes
vão rever o acordo global de paz assinado em 2008, em Libreville, e dar
seguimento às directrizes do encontro de diálogo inclusivo realizado em 2010,
na capital da RCA. Antoine Gambi referiu-se à declaração feita pelo Presidente
François Bozizé, de que não candidatar-se a um novo mandato, como um facto
importante a ser levado à mesa de negociações, a juntar às recentes decisões
quer da cimeira de Chefes de Estado da CEEAC, em Djamena, quer da reunião dos
ministros dos Negócios Estrangeiros da região, em Libreville. “É nestas
condições e com estes elementos que vamos às negociações em Libreville”,
declarou o ministro.
O grupo rebelde Seleka iniciou a sua ofensiva no norte da RCA a 10 de Dezembro
e suspendeu a ofensiva às portas de Bangui. Entre a actual posição rebelde e a
capital, está um contingente militar da CEEAC, que foi reforçado nos últimos
dias.
Criada em 1981, a CEEAC entrou em funcionamento apenas em 1985. A organização
integra o Burundi, Camarões, República Centro-Africana, Chade, Congo, Guiné
Equatorial, Gabão, Ruanda, São Tomé e Príncipe, República Democrática do Congo
e Angola.
Sem comentários:
Enviar um comentário