sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

ANGOLA DESCARTA ENVIO DE MILITARES PARA A RCA




Kumuênho da Rosa – Jornal de Angola

O secretário de Estado das Relações Exteriores, Manuel Augusto, descartou a hipótese de Angola enviar tropas para a República Centro-Africana (RCA), mas garantiu que vai dar “todo o apoio para que as forças regionais cumpram o seu papel que é, em primeira instância, parar com os combates”.


Em declarações à imprensa, à margem da audiência que o Presidente José Eduardo dos Santos concedeu, ontem, ao ministro dos Negócios Estrangeiros da RCA, Antoine Gambi, Manuel Augusto manifestou também a disponibilidade de Angola “contribuir para a formação de um Exército na RCA que seja capaz de defender as suas fronteiras”.

O secretário de Estado das Relações Exteriores reiterou o apoio angolano ao Governo legítimo da RCA e garantiu que, como membro da CEEAC (Comunidade Económica dos Estados da África Central), “Angola assume as suas responsabilidades no apoio à força de paz na região”. 

“Participámos recentemente em Libreville numa reunião dedicada à análise da situação na RCA, onde foram tomadas algumas medidas. Infelizmente, logo após a reunião, verificou-se o agravamento da situação”, disse Manuel Augusto, assegurando que os novos desenvolvimentos no terreno vão ser agora analisados pelos Chefes de Estado da região durante uma reunião a partir do dia oito, em Libreville.

“O que se pode dizer neste momento é que por força da combinação de uma série de factores, os combates cessaram, apesar de os rebeldes manterem posições contrariando a exigência dos países da CEEAC”, disse o secretário de Estado, que confirmou “o reforço do efectivo da FOMAC, no passado fim-de-semana, com mais três companhias do Congo Brazzaville, do Gabão e dos Camarões.

Segundo Manuel Augusto, a FOMAC está na localidade de Damara, considerada “linha vermelha” antes de Bangui. “Tudo leva a crer que será na base desse ‘status quo’ que vão ter lugar as negociações em Libreville”, disse.

Mensagem de Bozizé

O Chefe de Estado angolano recebeu ontem o ministro centro-africano dos Negócios Estrangeiros, Antoine Gambi, que foi portador de uma mensagem do Presidente da República Centro-Africana, François Bozizé. No final do encontro, Antoine Gambi confirmou a “situação preocupante” que o seu país atravessa, depois do grupo rebelde Seleka ter ocupado praticamente a totalidade do território e agora ameaça derrubar o Governo de François Bozizé.

O ministro centro-africano disse que veio a Angola informar o Presidente angolano sobre o quadro actual na RCA, onde as partes procuram definir pontos para uma nova jornada de negociações na próxima semana, em Libreville. “A situação no terreno é estacionária. Não há confrontações entre as forças legais e rebeldes. Todas as forças mantêm as suas posições e as forças regionais da Comunidade Económica dos Estados da África Central,  enviadas pelo Congo, Gabão e Camarões estão em estado de alerta”, disse Antoine Gambi.

O chefe da diplomacia da RCA adiantou que nas próximas negociações as partes vão rever o acordo global de paz assinado em 2008, em Libreville, e dar seguimento às directrizes do encontro de diálogo inclusivo realizado em 2010, na capital da RCA. Antoine Gambi referiu-se à declaração feita pelo Presidente François Bozizé, de que não candidatar-se a um novo mandato, como um facto importante a ser levado à mesa de negociações, a juntar às recentes decisões quer da cimeira de Chefes de Estado da CEEAC, em Djamena, quer da reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da região, em Libreville. “É nestas condições e com estes elementos que vamos às negociações em Libreville”, declarou o ministro.

O grupo rebelde Seleka iniciou a sua ofensiva no norte da RCA a 10 de Dezembro e suspendeu a ofensiva às portas de Bangui. Entre a actual posição rebelde e a capital, está um contingente militar da CEEAC, que foi reforçado nos últimos dias.

Criada em 1981, a CEEAC entrou em funcionamento apenas em 1985. A organização integra o Burundi, Camarões, República Centro-Africana, Chade, Congo, Guiné Equatorial, Gabão, Ruanda, São Tomé e Príncipe, República Democrática do Congo e Angola.

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