É Carlos Veiga que
o afirma
Liberal (cv)
Ao mesmo tempo que,
na Assembleia Nacional, se debatia o OGE para 2013, o governo negociava à
socapa com o FMI, acabando por ceder às pressões e reconhecendo (à força) que
as contas não batiam certas – precisamente o que a oposição vinha dizendo e
Cristina Duarte e José Maria Neves negando…
Praia, 4 janeiro
2013 – Falando esta manhã aos jornalistas, o líder do Movimento para a
Democracia (MpD) considerou que a Assembleia Nacional aprovou e o Presidente da
República promulgou um orçamento “largamente fictício”, um “orçamento de faz de
conta”, já alterado em relação à sua versão original e que, inevitavelmente,
“obrigará a um orçamento retificativo”.
Segundo Carlos
Veiga, o mais greve é que, mesmo antes da sua aprovação no parlamento, “o
Governo já sabia que não seria aquele o orçamento que ia executar”, mas mesmo
assim defendeu-o “com unhas e dentes, surdo a todos os argumentos divergentes”,
fazendo aprovar (apenas com os votos do PAICV) “um orçamento claramente irrealista
e inexequível”.
NAS COSTAS DOS
DEPUTADOS…
A situação é tão
mais escandalosa porquanto, ainda segundo Veiga, o governo “negociava à socapa,
nas costas dos deputados” com a equipa do FMI que, na altura do debate
parlamentar, se encontrava no nosso país, nomeadamente, “valores para as
receitas e despesas totalmente diferentes dos que constam do orçamento
aprovado, promulgado e publicado”. E não foi sensível aos argumentos da
oposição que, também na ocasião, já alertava para o desajuste das contas
apresentadas.
Porém, “pressionado
pelo FMI, “o governo já aceita que as receitas serão bastante inferiores ao que
consta do orçamento; e recorre ao expediente de cativação de percentagens
elevadas de verbas de despesas, nalguns casos até metade do que está previsto no
orçamento (o que é o mesmo que renegar o próprio orçamento), para diminuir as
despesas, tanto de funcionamento como de investimento, face ao irrealismo das
suas previsões de receitas”, acrescenta Carlos Veiga, achando estranho que
fosse “necessária a intervenção do FMI para chamar o governo à razão”.
FMI DESMENTE
GENERALIDADE DAS PREVISÕES DO GOVERNO
Segundo a
Declaração Final da recente missão do FMI no nosso país, mas também conforme o
Relatório de Conjuntura Macroeconómica de Cabo Verde (apresentado no passado
mês de dezembro), é possível confirmar “praticamente o diagnóstico e todos os
alertas e avisos que o MpD vem fazendo de há muito sobre os riscos para o país
das atuais políticas do governo do PAICV e que a generalidade dos atores
políticos, sociais e económicos assumiu também por ocasião do debate sobre o
Orçamento, no parlamento e fora dele”, refere o líder ventoinha, acrescentando
que o FMI e a Unidade de Acompanhamento Macroeconómico (UAM) “não só desmentem
a generalidade das previsões do governo, designadamente quanto ao crescimento
económico de 2012 e 2013 (…), como qualificam as projeções de aumento das
receitas fiscais (…) de irrealistas e excessivamente otimistas”.
Ainda segundo
Carlos Veiga, o FMI considera que “as almofadas fiscais estão esgotadas”, o que
é decorrente do nível elevado da dívida pública e que “Cabo Verde deve iniciar,
já em 2013, um importante processo de ajustamento que conduza à rápida redução
do peso da dívida pública em relação ao PIB”. Um excesso de endividamento para
o qual o MpD tem vindo a alertar há mais de dois anos, “o que vinha sendo
sempre negado” pela ministra Cristina Duarte e por José Maria Neves.
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