sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Cabo Verde: PONTE DA CORRUPÇÃO, PIB SOBE-E-DESCE, MILHÕES PARA HABITAÇÃO




Queda da ponte na ilha cabo-verdiana da Boavista é "um ato concreto de corrupção" - oposição

25 de Janeiro de 2013, 11:26

Cidade de Sal-Rei, Cabo Verde, 25 jan (Lusa) - A queda de uma ponte na ilha cabo-verdiana da Boavista, na sequência das fortes chuvadas de setembro de 2012, é um "ato concreto de corrupção" em Cabo Verde, disse o vice-líder da oposição.

O vice-presidente do Movimento para a Democracia (MpD), Jorge Santos, de visita à ilha da Boavista, comentava os resultados do inquérito governamental ao incidente que provocou também a morte a dois cidadãos guineenses que, na sequência da queda da ponte, tentaram atravessar a Ribeira d'Água, sendo levados pela enxurrada.

Jorge Santos, citado pela Infoprpress, disse que o relatório retrata "a irresponsabilidade e incompetência" do Governo e dá "pistas para a existência de corrupção" em Cabo Verde, sendo este "um ato concreto" afirmou Jorge Santos, reivindicando que o MpD tem denunciado "ilegalidades e falta de transparência na gestão das infraestruturas" no país.

Na terça-feira, o relatório governamental sobre a queda da ponte deu conta de responsabilidades para várias empresas, entre elas a construtora portuguesa MSF, e o próprio Governo, tal como assumiu então a ministra das Infraestruturas de Cabo Verde, Sara Lopes, adiantando que se irá "agir em conformidade" em relação aos culpados.

O relatório indica que foram omitidos dados pluviométricos e hidráulicos anteriormente observados no dimensionamento da obra e que foi implementada uma modalidade de relacionamento entre projetistas, empreiteiros e fiscalização que "colide" com a legislação vigente e que "não salvaguardou a independência" da fiscalização.

A fraca capacidade de vazão do caudal, a inadequação da profundidade das bases da fundação e a presença de um aterro terão também influenciado na velocidade das águas, bem como a "não -realização com regularidade de limpezas", as chuvas "excecionais" e a ausência de ações de vistoria.

O relatório aponta responsabilidades aos empreiteiros - MSF e dois operadores espanhóis -, à Direção-Geral das Infraestruturas, ligada ao então Ministério das Infraestruturas, e à entidade fiscalizadora, a espanhola INECO.

"Aponta também falhas do projetista no dimensionamento da estrutura da ponte, do empreiteiro na execução da obra e da Inspeção-Geral de Obras Públicas e Particulares, que não terá feito as ações de inspeção previstas por lei", acrescentou.

Hoje, Jorge Santos disse haver um "conluio entre os gestores e os decisores da gestão das infraestruturas nacionais" e que tudo o que se fez na ponte é "ilegal", pois foi "desrespeitada" a Lei de Empreitadas. "Como tal, o Governo é cúmplice", acrescentou.

"É preciso responsabilizar criminalmente os autores das ilegalidades cometidas", frisou, pondo também em causa outros projetos, como os portos da Boavista e do Fogo, a estrada da Garça, em Santo Antão, e o anel rodoviário da "ilha do vulcão".

Também o presidente da câmara da Boavista, José Pinto Almeida, exigiu responsabilidades políticas, lembrando que, apesar de o então ministro, Manuel Inocêncio Sousa, atual presidente da Cabo Verde Telecom, já ter deixado o Governo, "há um primeiro-ministro", José Maria Neves.

"Veio um cardume de ministros aqui para mostrarem solidariedade, pediram à Câmara para fazer o plano de emergência, reuni-me com os técnicos, fui ao terreno com eles, fizemos o plano e fui pessoalmente levá-lo ao primeiro-ministro e à ministra das Infraestruturas. Não houve nenhuma reação até agora", criticou.

Fonte da MSF em Cabo Verde disse hoje à Lusa que a empresa não recebeu oficialmente o inquérito, referindo que só fará declarações quando o tiver em mãos.

JSD // VM.

PIB de Cabo Verde entre descidas e subidas entre 2007 e 2010 - INE

25 de Janeiro de 2013, 11:36

Cidade da Praia, 25 jan (Lusa) - As contas nacionais mostram que o PIB de Cabo Verde, em volume a preços do ano anterior, cresceu 6,7% em 2007, 2,2% em 2008 e 3,7% em 2010, revela hoje fonte oficial.

Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE) cabo-verdiano, citadas hoje pela Inforpress, os dados indicam que, no setor primário (agricultura, água e aquacultura e indústrias extrativas), houve uma diminuição de 5,8% em 2010, após um crescimento de 7,3% em 2009 e 2,6% em 2008.

O setor secundário (indústrias alimentares, bebidas e tabaco, eletricidade, atividades de construção entre outros), contrariamente ao primário, cresceu 6,1% em 2010 após uma diminuição de 1,2% em 2009.

Segundo o INE, neste mesmo período, o setor terciário (comércio, alojamento e restauração, transportes, atividades financeiras e de seguro) cresceu também 4,5% em 2010, contra os 4,3% registados em 2009 e 2008.

Instado a comentar os dados, o ministro do Turismo, Indústria e Energia cabo-verdiano, Humberto de Brito, ressalvando a importância dos resultados, prometeu que o Governo vai analisá-los e tirar as devidas ilações em termos políticos e económicos.

Em relação à agricultura que, em termos percentuais, evoluiu negativamente, Humberto Brito defendeu que nem sempre tal pode refletir a perceção que as pessoas têm a nível de um setor que, disse, tem crescido de ano para ano em Cabo Verde.

Humberto Brito baseou-se na explicação do INE para justificar que, uma vez que a produção de estatísticas agrícolas não permitiu a introdução de informações nas contas nacionais, a diminuição é "normal".

Na perceção, o ministro disse acreditar que "todos sentem claramente o peso da produção agrícola" na vida das pessoas, tendo em conta os grandes investimentos que se estão a fazer na mobilização de água e na modernização da agricultura no país.

JSD. // VC.

Programa de habitação social em Cabo Verde já absorveu 174 dos 200 ME da linha de crédito portuguesa

25 de Janeiro de 2013, 08:50

Cidade da Praia, 25 jan (Lusa) - O programa "Casa para Todos", destinado a combater o défice habitacional em Cabo Verde, já utilizou 174 dos 200 milhões de euros da linha de crédito disponibilizada em 2009 por Portugal, estando garantidos os restantes 26 milhões.

Os números foram divulgados na quinta-feira pelo ministro do Ambiente, Habitação e Ordenamento do Território cabo-verdiano, Antero Veiga, num seminário subordinado ao tema "Perspetivas do Programa «Casa para Todos» para a Banca Comercial em Cabo Verde".

Antero Veiga, citado hoje pela Inforpress, sublinhou que, apesar da conjuntura económica difícil que afeta Portugal, a linha de crédito "continua disponível" para um programa decidido no início de 2009, durante a visita oficial que o então Primeiro-Ministro português José Sócrates efetuou a Cabo Verde.

O programa pretende construir oito mil habitações de interesse social em todo o território nacional, com a ajuda, além de Portugal, também da China, com 63 milhões de dólares (50 milhões de euros), e do próprio Orçamento do Estado, com 20 milhões de dólares (16 milhões de euros).

Antero Veiga afirmou que a construção dos oito mil fogos vai diminuir o défice habitacional em 20 por cento em Cabo Verde, defendendo que, para contornar a "lacuna" habitacional, o setor privado e os municípios devem continuar o trabalho.

"Ao executar o «Casa para Todos» mostramos à sociedade, aos municípios e ao setor privado que é possível em Cabo Verde haver um programa robusto de habitação de interesse social, tendo em conta que, com o nível de rendimento, não é possível continuar a vender apartamentos a preços de especulação imobiliária", considerou.

Segundo o ministro, a legislação fornece um conjunto de "incentivos" que vão permitir que os privados deem continuidade ao programa.

Neste momento, 50 projetos para a construção de 6.009 habitação de interesse social já se iniciaram em diversos concelhos do país, estando já concluídos 336 fogos e em execução 27 empreitadas.

Liderado pelo Ministério do Ambiente, Habitação e Ordenamento do Território cabo-verdiano, o programa insere-se num plano mais vasto e ambicioso para minimizar o problema da habitação no país, onde existia, segundo dados de 2009, um défice de 80.368 alojamentos.

JSD // MLL.

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