... que vai
para a Guiné-Bissau
Lisboa -
"Brasileiros, colombianos e venezuelanos façam mais para evitar a saída da
droga da América do Sul". O pedido é do ex-presidente do Timor-Leste e
ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 1996 José Ramos-Horta, representante nomeado
das Nações Unidas em Guiné-Bissau. O país africano é rota de passagem de
cocaína para a Europa.
"Os nossos
irmãos africanos, sobretudo da África Ocidental, sempre aparecem mal na fita
quando, na realidade, nenhum país africano produz droga. Isto é produzido na
América Latina. Em nenhum país africano há grande consumo de droga.
Consumidores há na América do Norte e na Europa", disse citado pelo Portal
África 21.Para José Ramos-Horta, o problema de drogas na Guiné-Bissau seria
resolvido se "os nossos irmãos da América Latina fizessem maiores esforços
para controlar a produção da droga, e os nossos irmãos europeus fossem mais
eficazes em controlar suas fronteiras", disse, segunda-feira (21), ao sair
de reunião na sede da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), em
Lisboa.
Na última década,
Guiné-Bissau passou a ser utilizada como rota de narcotráfico para a Europa,
crime que, segundo o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc),
tem sido mais rentável que os Estados Unidos, em especial no caso da droga produzida
na Colômbia e na Venezuela.O relatório do Unodc de 2012 aponta para o trânsito
de drogas entre países falantes da língua portuguesa. "Uma parte da
cocaína enviada para o Brasil é contrabandeada para a África (sobretudo o oeste
e o sul da África), tendo a Europa como destino final. Por causa de afinidades
linguísticas com o Brasil e alguns países africanos, Portugal emergiu como área
significativa para o trânsito de cocaína", descreve o documento.
O tráfico de drogas
se aproveita da extrema pobreza de Guiné-Bissau, herdada do período de
colonização portuguesa, iniciada antes do descobrimento do Brasil. Há o
problema da fragilidade das instituições de Estado de direito, marcadas por
movimentos recorrentes de golpes de Estado - em quase 40 anos nenhum presidente
eleito chegou ao fim do mandato. Em abril do ano passado, militares atacaram a
residência do então primeiro-ministro e principal candidato às eleições
presidenciais de Guiné-Bissau, Carlos Gomes Júnior. Os militares têm a
hegemonia política do país desde a independência. Ramos-Horta promete
procurá-los e também outros setores para dialogar. "Serei muito ativo no
diálogo, no ouvir as pessoas. Serei ativo sem ser intervencionista",
disse, seguindo a orientação da ONU e afinado com a CPLP, que não reconhece o
governo de transição instalado no país desde abril do ano passado. Ramos-Horta
vai na segunda semana de fevereiro para Bissau (capital de Guiné-Bissau). Um
dos objectivos das Nações Unidas é que o país se pacifique internamente e
promova novas eleições. "As eleições não são um fim em si, mas um
instrumento de escuta da sociedade. Para além do ato eleitoral, tem que haver
um processo de diálogo e de organização das eleições para que o resultado venha
a ser aceite sem qualquer questionamento", disse, sem prever quando os
guineenses voltarão a ter eleições.
Numa recente
reunião dos 23 países que integram a Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul
(Zopacas), realizada no Uruguai, o Brasil se posicionou em favor do diálogo
interno na Guiné-Bissau para dirimir conflitos.
* Publicado no TLN,
mais noticiário sobre Timor-Leste, Ásia e Oceânia em TIMOR
LOROSAE NAÇÃO
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