Jovens da
Guiné-Bissau denunciam "abate indiscriminado" de árvores por
madeireiros chineses
25 de Janeiro de
2013, 08:47
Bissau, 25 jan
(Lusa) - O presidente da Associação de Jovens de Fulacunda, no sul da
Guiné-Bissau, denunciou hoje o "abate indiscriminado" de árvores de
grande porte nas matas da zona por madeireiros chineses que dizem ter
autorização do governo central.
Contactado por
telefone pela agência Lusa, Lamine Mané, presidente da Ajaudes (Associação de
Jovens, Amigos Unidos para o Desenvolvimento do Setor de Fulacunda), afirmou
que "grupos de chineses estão a derrubar árvores" numa mata de cerca
de 15 quilómetros quadrados.
"Cortam as
árvores de forma indiscriminada, sobretudo o pau de carvão, mas também arrancam
as raízes das árvores. É um desastre o que os chineses estão a fazer nesta
zona. É um crime", disse, Mané, emocionado e irritado.
"É mesmo para
chorar. Dói o que se vê por aqui. Os chineses estão a dar cabo da nossa
floresta. O problema é que até têm documentos passados pelo governo central e
contra isso não se pode fazer nada", sublinhou o jovem.
O presidente da
Ajaudes diz que o representante do governo no setor, o administrador, até está
do lado dos jovens que estão contra os madeireiros chineses, mas diz que não
pode fazer nada para parar o abate das árvores "porque a ordem vem de
Bissau".
"A floresta,
que queríamos que fosse considerada floresta comunitária e protegida, da zona
de Mbasso já está completamente destruída. Há dois anos que os chineses estão a
cortar árvores naquela floresta, hoje aqui está com uma clareira enorme",
notou Lamine Mané.
No passado mês de
dezembro os jovens de Fulacunda passaram das ameaças aos atos, parando, à
força, os madeireiros, mas estes, dias depois voltaram a cortar árvores
mediante uma nova autorização passada pelo governo central, contou o jovem
Mané.
"Qualquer dia,
se isto continuar assim, com os chineses a cortarem as nossas árvores, com o
consentimento do governo, pode haver aqui um conflito perigoso com a
população", avisou o responsável da associação dos jovens de Fulacunda.
Lamine Mané lembra
que a floresta de Mbasso fica situada numa zona considerada área protegida mas
mesmo assim, diz, são as próprias autoridades que concedem autorização para ser
desmatada.
"Os chineses
além de cortarem as arvores e arrancarem as raízes, não estão a reflorestar
como manda a lei, cortam e metem as troncos nos contentores e vão-se embora,
sem dar nenhuma contrapartida para o nosso setor e ainda por cima recusam-se a
empregar os jovens", afirmou Lamine Mané.
Os jovens prometem
viajar para Bissau para falar com o Presidente interino do país, Serifo
Nhamadjo para tentar parar o abate das árvores de Mbasso.
A Lusa tentou
contactar a empresa chinesa responsável pelo corte de árvores mas tal não foi
possível.
O responsável de
outra empresa madeireira chinesa que opera na região, que pediu para não ser
citado, disse à Lusa que a sua empresa não teve até agora problemas com a
população local mas que soube do caso envolvendo jovens de Fulacunda.
"Há bom
relacionamento com a comunidade, estamos a dar apoio social nas escolas",
disse, acrescentando que as empresas madeireiras operam legalmente e que cada
carga é inspecionada pelas autoridades competentes.
"As
comunidades entendem que a exploração da madeira na sua região tem de dar
contrapartidas, reclamam que são eles quem tem de proteger a floresta. É
preciso negociar e dar contrapartidas, embora isso não esteja na lei, para não
gerar problemas", disse.
MB/FP // PJA
Cardiologista
português consulta 350 pacientes na Guiné-Bissau
25 de Janeiro de
2013, 12:34
Bissau, 25 jan
(Lusa) - Um cardiologista português pretende consultar em Bissau, de forma
gratuita, 350 doentes guineenses que inicialmente aguardavam para serem transportados
para Portugal.
O médico português,
levado a Bissau pela Fundação Ricardo Sanhá, iniciou na quinta-feira as
consultas no hospital Simão Mendes e no mesmo dia atendeu 92 pacientes com
problemas cardíacos, revelou Ricardo Sanhá.
Até ao final do dia
de hoje, o cardiologista português vai atender 69 pacientes, indicou ainda o
patrono da Fundação Ricardo Sanhá, cuja ação principal tem sido, desde a sua
criação em 2009, reduzir o número de doentes guineenses que vão em junta médica
para Portugal.
Originário da
Guiné-Bissau mas formado e residente em Portugal há vários anos, Ricardo Sanhá
lamenta que em certos casos alguns doentes que são levados para Portugal podiam
ser tratados na Guiné-Bissau.
O responsável da
fundação dá o exemplo de que o especialista português acabou por descobrir que
o hospital Simão Mendes tinha equipamentos que podiam perfeitamente ser usados
para tratar os doentes com problemas cardíacos.
"Descobrimos
que há equipamentos mas os próprios técnicos que estão no hospital desconheciam
que esses equipamentos existiam lá. São equipamentos de ponta que vamos usar
para tratar os doentes. É pena que esses equipamentos estejam aqui há três anos
sem que fossem usados para atender os doentes", afirmou Ricardo Sanhá.
Os doentes que
precisarem de intervenções cirúrgicas serão transportados para Lisboa ou para
Dacar, no Senegal, a expensas da Fundação, disse o responsável, que em poucos
dias de atendimentos enalteceu o trabalho do especialista português que tem
sido coadjuvado pelos médicos guineenses.
MB // VM.
Sem comentários:
Enviar um comentário