… para país entrar
numa nova fase
MSE – FV - Lusa
Díli, 03 jan (Lusa)
- O novo representante do secretário-geral da ONU para a Guiné-Bissau, José
Ramos-Horta, disse hoje estar confiante que vai conseguir trabalhar com as
autoridades guineenses para o país entrar numa nova fase da sua vida.
"Conheço
muitos da classe política guineense, conheço os militares e estou confiante que
conseguirei trabalhar com eles para que em conjunto a Guiné-Bissau entre numa
nova fase da sua vida, realizando os sonhos, o projeto do grande africano e
guineense que foi Amílcar Cabral", afirmou.
O ex-Presidente de
Timor-Leste e Prémio Nobel da Paz falava aos jornalistas em conferência de
imprensa, realizada na sua residência em Díli, depois de na segunda-feira ter
sido nomeado pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, seu representante para
a Guiné-Bissau.
José Ramos-Horta
afirmou também que acredita que a situação na Guiné-Bissau "não é uma
causa perdida".
"Apesar das
frustrações, dos recuos ao longo de mais de uma década, há um povo muito bom
que nunca se envolveu em violência durante os períodos de instabilidade, nunca
ouve violência pelos jovens, pela população, nunca ouve distúrbios e destruição
do país e isso já é um fator que me dá esperança e muito otimismo", disse.
Sobre o seu
mandato, que terá início em fevereiro, José Ramos-Horta disse ainda estar a
aguardar instruções específicas, que lhe vão ser transmitidas em meados deste
mês, quando se deslocar a Nova Iorque para uma semana de trabalho com as Nações
Unidas.
Mas, adiantou o
ex-Presidente timorense, a ONU deve "servir como pivô de concertação de
posições de todos os atores, grupos regionais e países em relação à
Guiné-Bissau".
Só assim, disse, se
pode "encontrar uma estratégia que possa levar a Guiné-Bissau a um bom
caminho, que é a realização de eleições livres e democráticas, restauração da
ordem constitucional, fim da intervenção periódica dos militares, fim da
intromissão do crime organizado na vida do povo da Guiné-Bissau".
"A missão da
ONU na Guiné-Bissau só terá sucesso se tiver o apoio total da Comunidade dos
Países da África Ocidental, da União Africana e da Comunidade dos Países de
Língua Portuguesa", acrescentou.
Para José Ramos-Horta,
o desafio será o de trabalhar com todas aquelas instituições e encontrar um
"bom caminho e uma estratégica consensual".
José Ramos-Horta
vai substituir no cargo o ruandês Joseph Mutaboba, cujo mandato terminou a 31
de dezembro, na liderança Gabinete Integrado das Nações Unidas para a
Consolidação da Paz naquele país (UNIOGBIS).
A Guiné-Bissau,
país da África Ocidental e antiga colónia portuguesa, tem vivido momentos de
instabilidade cíclicos, o último dos quais em abril de 2012.
A 12 de abril, na
véspera do início da segunda volta para as eleições presidenciais da
Guiné-Bissau, na sequência da morte por doença do Presidente Malam Bacai Sanhá,
os militares derrubaram o Governo e o Presidente de transição.
A Guiné-Bissau está
a ser administrada por um Governo de transição, apoiado pela Comunidade
Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que pretende realizar
eleições no país em abril do próximo ano.
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