quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Guiné-Bissau: CORREIOS EM GREVE, SERIFO NHAMADJO FAZ APELO À CPLP




Correios da Guiné-Bissau em greve de 30 dias

03 de Janeiro de 2013, 18:28

Bissau, 03 jan (Lusa) - Os funcionários dos Correios da Guiné-Bissau iniciaram hoje uma greve de 30 dias para exigir o pagamento de 12 meses de salários em atraso, disse o presidente do sindicato, Tefna Tambá.

O sindicalista adiantou que para que a greve tenha "mais efeitos" os funcionários dos Correios decidiram fechar as portas de todas as instituições que funcionam no edifício dos Correios, nomeadamente a Guine Telecom, a Guinetel (telemóveis) e a União Express.

"Nenhum funcionário de outras instituições que aqui trabalham pode entrar nesta casa a partir de hoje até que o Governo se decida a resolver os nossos problemas, com uma resposta satisfatória", notou Tefna Tambá.

O sindicalista disse que o Governo "promete mas nunca cumpre", citando a promessa de pagar algum salário antes do Natal, facto que, disse, não aconteceu.

"O Governo chamou-nos no dia 20 de dezembro, para nos dizer que compreende as nossas reivindicações mas que iria tentar fazer com que tenhamos algo com que passar as festas, mas nada disso se concretizou, ainda por cima o Governo não nos deu nenhuma justificação", afirmou Tefna Tambá.

"Estamos abertos para diálogo com o Governo, mas, hoje, depois de varias maratonas de concertação que encetamos junto do Governo, decidimos fechar as portas dos Correios e que cada um fique na sua casa", sublinhou Tambá.

O sindicalista diz também que a greve serve para demonstrar ao Governo o desacordo dos funcionários pela forma como os Correios são tratados no país.

"Não existe uma única estação dos Correios em funcionamento no interior da Guiné-Bissau. Apenas existem os serviços dos Correios em Bissau", observou Tefna Tambá, lembrando que mesmo nesse caso os serviços "não têm rentabilidade" desde que o Governo liberalizou o setor permitindo a entrada de operadores privados.

Os funcionários do Correios exigem do Governo o pagamento de uma dívida de 151 milhões de francos CFA, referentes a 12 meses de salários e subsídios em atraso e ainda reformas no setor e o enquadramento de funcionários com mais de 20 anos de serviço que ainda auferem como eventuais.

Funcionários do setor da Saúde Pública iniciaram também hoje uma greve de 20 dias para reivindicar o pagamento de salários e subsídios em atraso.

MB //JMR.

Presidente da Guiné-Bissau apela para apoio a processo transição

03 de Janeiro de 2013, 16:28

Bissau, 03 jan (Lusa) - O Presidente de transição da Guiné-Bissau, Serifo Nhamadjo, apelou hoje à Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) e a outras instituições internacionais para se juntarem aos esforços das organizações regionais africanas na estabilização do país.

Dirigindo-se aos membros do Governo de transição durante uma sessão de apresentação de cumprimentos de Ano Novo, Serifo Nhamadjo disse que a CPLP, as Nações Unidas, a União Europeia e outros parceiros do país deveriam juntar-se aos esforços da Comunidade Económica dos Países da África Ocidental (CEDEAO) no processo de transição em curso na Guiné-Bissau.

"Mais uma vez, apelo às Nações Unidas, à União Europeia, à CPLP e aos restantes parceiros para que se juntem aos esforços da CEDEAO e da União Económica e Monetária da África Ocidental (UEMOA), no apoio à nossa transição", afirmou Nhamadjo.

Depois do golpe de Estado de 12 de abril de 2012, a CPLP, as Nações Unidas, a União Europeia e a União Africana deixaram de prestar apoio às novas autoridades da Guiné-Bissau por não as reconhecerem.

Antes de receber cumprimentos de novo ano por parte do Governo de transição, Serifo Nhamadjo havia recebido os deputados ao parlamento aos quais pediu coesão e ainda reflexão sobre o andamento da democracia no país.

"Os guineenses devem refletir sobre o porquê de a Guiné-Bissau, desde 2005, nunca ter conseguido terminar um mandato legislativo, nem presidencial. Façamos uma análise profunda, que cada um de nós pergunte a si mesmo o que fez para contribuir para a resolução dos problemas do país", exortou o chefe de Estado de transição.

Serifo Nhamadjo disse esperar que a Assembleia Nacional Popular (o parlamento guineense) seja um lugar de concertação entre os partidos sem deixar de lado a sociedade civil, factor que, afirmou, "é um imperativo para o sucesso da transição".

Em relação ao desempenho do Governo de transição, Nhamadjo destacou "os esforços que tem vindo a empreender", nomeadamente pagando os salários aos funcionários públicos "apenas com as receitas internas", mas ainda assim disse que seria mau se no final do seu mandato não conseguisse realizar eleições gerais.

"Não se pode pedir tudo a um Governo de curta duração que não dispõe de tempo suficiente para aplicar reformas, sobretudo na política fiscal, mas toda ação deste Governo ficaria ensombrada se chegar ao fim do seu mandato sem conseguir realizar eleições gerais nos termos e nas condições previstas no Pacto e no Acordo de Transição", sublinhou o Presidente guineense.

O Pacto e o Acordo Politico de Transição são dois instrumentos que regem legalmente o período de transição e foram instituídos pela maioria de partidos do país, com os militares e algumas organizações da sociedade civil na altura do golpe de Estado de 12 de abril.

O Presidente guineense de transição recebeu também hoje cumprimentos de Ano Novo das chefias militares e do poder judicial.

MB //JMR.

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