Liliana Melo tem 34
anos - Fotografia © Vítor Rios / Global Imagens
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ANDREIA SANCHES - Público
Comunicado do CSM
foi emitido sem que todos os membros do conselho o tivessem debatido, diz Pedro
Pestana Bastos, membro designado pela Assembleia da República.
Não há acordo no
seio do Conselho Superior da Magistratura (CSM). Pedro Pestana Bastos, um dos
membros deste órgão, estranha o comunicado emitido na sexta-feira à noite sobre
o caso da mãe a quem foram retirados, em Junho de 2012, sete dos seus dez filhos.
O membro do conselho permanente do CSM disse ao PÚBLICO que, ao contrário do
que é habitual, a posição daquele órgão não foi debatida. Tão-pouco todos os 17
elementos foram informados de que haveria uma posição. “Eu não fui. E falei com
outro membro que também não foi. Não sei quem emitiu esse comunicado.”
O jurista, um dos
sete vogais do CSM designados pela Assembleia da República, diz que um dos
aspectos que lhe causam “perplexidade” no caso desta mãe é este: “Estes filhos
não foram retirados para serem levados para uma instituição” até que a família
se organizasse. “São retirados para adopção”, sem direito a visitas. Quando o
normal seria que houvesse uma medida intermédia, defende. E mais: “Se há assim
tanto perigo, que manda retirar sete, porque deixam com a mãe outros dois
filhos menores? Para mim, é incompreensível. E leva-nos a pôr em causa a
fundamentação do tribunal.”
Foi o chefe de
gabinete do CSM, o juiz desembargador José Manuel Duro Mateus Cardoso, que fez
chegar na sexta-feira às redacções um comunicado sobre a polémica que
tem marcado os últimos dias.
Nesse comunicado,
enviado a pedido do juiz José Bravo Serra, vice-presidente do CSM, segundo
explicou ao PÚBLICO Mateus Cardoso, afirma-se que a decisão do Tribunal de
Sintra “funda-se unicamente na existência de perigo concreto e objectivo para
os menores, quanto à satisfação das suas necessidades básicas de protecção e de
cuidados básicos relativos à sua saúde e segurança”.
Mais, sustenta o
comunicado do CSM: a decisão nada tem a ver com o facto de esta mulher, Liliana
Melo, de 34 anos, ter recusado laquear as trompas – medida de protecção
que foi definida, em conjunto com outras, para a família.
Pedro Pestana
Bastos, que também é membro da comissão política do CDS-PP, não vai comentar
esta posição. Mas explica que quando há casos urgentes, sem possibilidade de
reunir o conselho, se trocam propostas de comunicados e estes são enviados à
comunicação social quando há acordo. Desta vez, não foi assim.
Contactado pelo
PÚBLICO, o chefe de gabinete do CSM diz apenas que este é “um comunicado do
CSM”.
Sobre o caso em
concreto, Pestana Bastos sabe o que tem lido e visto na comunicação social. Mas
tem algumas convicções: “Houve, em 2009, um tribunal que associou uma medida de
laqueação de trompas a um acordo de promoção e protecção de crianças, um
tribunal que homologou esse acordo, quando devia ter dito: ‘Não podemos, de
modo algum, homologar isso.’” E isto é “contrário à ordem pública”.
“O comunicado
emitido pela Associação Sindical dos Juízes Portugueses confirma, de resto, que
essa medida foi homologada”, explica ainda Pestana Bastos, citando o
esclarecimento emitido pela associação esta semana, onde se lia que “a mãe,
efectivamente, não procedeu à laqueação das trompas – o que traduziu uma
violação de um compromisso assumido em acordo de promoção e protecção”.
Outro aspecto que
lhe causou “perplexidade” foi o facto de Rui Rangel, da Associação de Juízes
pela Cidadania, ter dito ao PÚBLICO que as famílias não podem ter os filhos que
querem se não têm condições para cuidar deles. “Não aceito isto! Era só o que
faltava que fosse o Estado ou o tribunal a dizer quantos filhos as pessoas
podem ter!!”
O jurista vai
propor que, nas próximas reuniões do Plenário e do Conselho Permanente do CSM,
em Fevereiro, estes temas sejam debatidos. Tanto mais que a Associação Portuguesa
de Famílias Numerosas pediu esta semana ao conselho liderado pelo presidente do
Supremo Tribunal de Justiça, Noronha Nascimento, que analisasse o caso.
Liliana Melo, de 34
anos, nasceu em Cabo Verde e vive em Portugal há 20 anos (RUI GAUDÊNCIO)
Opinião Página
Global
É frequente, é
comum, os tribunais contribuírem em grande medida para o destroçar das famílias
retirando crianças aos seus familiares por dificuldades económicas e as
consequências que isso acarreta para melhor vivência das crianças. Em vez
de reivindicarem a ativação de condições de empregos, antes
colmatados com subsídios sociais que proporcionem dignidade às
famílias, optam por desintegrar as famílias arrancando-os do seu seio familiar
e de afetos, entregando-os a instituições que muitas vezes, ao que se sabe
publicamente, lhes reserva situações de violações sexuais e de futuros
marginais que depois de crescerem passam a ser habitantes regulares de
prisões. A percentagem a comprovar isso mesmo é enorme. São os próprios tribunais
que desintegram famílias sobre pretextos de proporcionar segurança que em
muitos casos vindos a público são uma falácia por a realidade demonstrar o
contrário.
A discriminação aos
pobres é feita pela justiça portuguesa sem pudores e de modo inconstitucional,
beneficiando da possibilidade das famílias pobres nada poderem fazer por falta
de recursos financeiros para enfrentar essa mesma (in)justiça. Quem é
pobre não merece justiça, segundo esta nova vaga que invadiu a classe de juízes
e outros mais que sustentam esta trama. Não é por acaso que os portugueses em
inquéritos revelam não confiar na justiça em Portugal. Desde juízes imberbes
que nada sabem da vida, até os de meia idade já caturras e a gozar de boa vida
e de boas mordomias, a "classe" veste de negro (ou não) e decide a
seu belo prazer com a cobertura do Legislador que em muitos casos é
um profícuo produtor de leis baralhadas que tanto dão para decidir
assim como de outro modo, dependendo do "status" e da conta bancária
do réu - neste caso os familiares pobres, miseráveis profundos de uma sociedade
que gasta demais com elites gananciosas, avaras e desumanas. Claro que há
excepções. Quando souberem de alguma dêem graças. Sobre a chamada Segurança
Social, um in de negação antes da palavra segurança não será descabido - ainda
mais nos tempos do atual (des)governo. (Redação PG) – Opinião já publicada em
PG: Filhos foram retirados para evitar que corressem perigo, diz CS da Magistratura
1 comentário:
perplexo!!! estou perplexo com esta decisão do tribunal e com as palavras do Juiz Rangel! Que país é este que separa de forma violenta uma Mãe dos seus filhos e separa irmãos, quando se sabe que eles eram bem tratados embora com dificuldades económicas? Assim vai o Portugal fascista e prepotente dos tribunais!!!
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