José Ribeiro –
Jornal de Angola, opinião em A Palavra ao Diretor
O fórum nacional de
empreendedorismo jovem juntou em Luanda um número impressionante de jovens
oriundos de todas as províncias. Finalmente o país viu uma resposta convincente
aos esforços do Executivo para garantir a todos uma oportunidade de melhorarem o
nível de vida e enfrentarem o futuro com confiança. Há crédito fácil com juros
bonificados e processos simples e rápidos de constituir empresas. Existem
centros de formação profissional, institutos politécnicos e universidades. Há
consumidores ansiosos por produtos a preços acessíveis. Existe uma gritante
carência de serviços essenciais que só podem ser garantidos por quem domina as
técnicas. Só falta mesmo ousadia e força de vontade.
Os milhares de jovens que participaram em Luanda no fórum do empreendedorismo
provaram que acabou o comodismo. Quem deseja um emprego ou montar o seu negócio
não pode ficar sentado à espera dos “apoios” ou que outros façam o trabalho.
Quem perde a iniciativa é ultrapassado. Se deixamos criar vazios
comprometedores no tecido económico, alguém vai preencher esses vazios. Há
muito investidor estrangeiro pronto a criar empresas em Angola. O mundo dos
negócios é tão dinâmico que a oportunidade perdida hoje nunca mais volta,
porque foi de imediato agarrada por outro.
Os angolanos vivem hoje uma realidade que nada tem a ver com o passado. As
insuficiências que ontem justificavam a letargia no mundo dos negócios, as
condições que ontem estimulavam um certo parasitismo e o refúgio na mera
posição de intermediários hoje estão ultrapassadas. Quem não compreender a nova
realidade vai ficar para trás e perde as oportunidades que agora se oferecem.
Angola tem pressa e o mundo dos negócios muito mais. Quem quiser ficar à espera
que tudo lhe caia do céu, pode fazê-lo. Mas num abrir e fechar de olhos tudo
vai mudar à sua volta. É preciso que nós, angolanos, acreditemos em Angola e
nas suas potencialidades.
Os jovens que estiveram no fórum do empreendedorismo perceberam essa realidade
e vão estar atentos às oportunidades ou correr atrás das que já passaram mas
ainda estão à vista. Têm tudo para criar os seus negócios: crédito, formação,
simplicidade no processo de constituição de empresas. Só não agarra o sucesso
quem não quiser. As oportunidades estão aí, à mão de quem as quiser aproveitar.
Os políticos também têm que compreender esta nova dinâmica. A retórica, o dizer
mal por dizer, o ignorar a mutação da realidade, o estar contra só por
comodismo, desencoraja os empreendedores.
Quem quiser continuar num estilo ultrapassado, pode fazê-lo. Mas depois não
pode queixar-se da realidade esmagadora dos factos. Estou a pensar no Fundo
Petrolífero criado pelo Presidente da República. É uma medida de grande alcance
político e de excepcional interesse económico. Quem se distraiu, ainda se
agarrou à tábua de salvação do Tribunal Constitucional. Mas a rejeição da
pretensão dos deputados contestatários está suportada por um acórdão tão bem
fundamentado, tão claro e competente, que só deixa dúvidas a quem faz da dúvida
o seu modo de vida e a única razão de existir.
Este ano lectivo começou com milhares de escolas novas e mais professores. A
merenda escolar vai a todos os municípios. Há uma aposta sem precedentes no
ensino básico. Para que todas as crianças estejam no sistema público de ensino,
evidentemente. Mas também para que todos tenham bases sólidas que lhes permitam
ter sucesso nos outros níveis de ensino. Este ano lectivo é o primeiro desde
que o Executivo lançou o Plano Nacional de Formação de Quadros. É uma aposta
que define a grandeza de um regime e a qualidade dos políticos que gerem os
destinos do país. Até 2020 Angola forma mais de dois milhões de quadros. É
pouco, dirão os profetas da desgraça. Mas se tivermos em conta que ainda há dez
anos tínhamos o país em guerra, cheio de feridas mortais, este número
ultrapassa o nosso sonho mais dourado.
Angola precisa de quadros para se desenvolver. Temos de vencer a batalha do
conhecimento e da inovação. Quantos mais técnicos forem formados, mais
retiramos espaço à pobreza. Nessa área as carências são visíveis. Elas são
responsáveis pelo elevado número de desempregados que ainda temos. Quem não tem
qualificações, dificilmente garante as condições mínimas para viver. E como não
abundam os quadros qualificados, também não temos um número suficiente de
empresas que responda às necessidades da economia.Todos sabemos que ainda
importamos quase tudo o que consumimos e somos deficitários em serviços
essenciais.
Os estímulos ao empreendedorismo, a aposta na formação profissional, o plano
para criação de milhões de quadros concorrem para mudar a economia e a
sociedade nos próximos anos. Em Angola há oportunidades para todos.
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