terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Brasil: DIRCEU DEFENDE LEGADO DE LULA E DA REVOLUÇÃO DE 30




Beto Almeida - de Brasília – Correio do Brasil, opinião

“É função do PT defender o legado deLula, mas também da Revolução de 30, dos movimentos progressistas da nossa história, o Tenentismo, os Revolucionários de 1924, a Era Vargas, os que lutaram pelas Reformas de Base, os que resistiram ao golpe ditatorial de 1964. A função do PT é defender o Brasil e o povo brasileiro, sua história de luta, suas conquistas. E é por isso que estamos aqui defendendo o legado deLula e toda esta trajetória. De cabeça erguida, de pé.”

Este foi um dos momentos mais empolgantes do pronunciamento do ex-ministro José Dirceu, em ato denominado “Em defesa do legado de Lula”, que abarrotou completamente o auditório da Câmara Legislativa do Distrito Federal, nesta terça-feira. Na mesa, o presidente da Câmara Distrital, deputado Wasny De Roure, do PT, o senador Suplicy e vários deputados federais, além do diretor da CUT, Jacy Afonso, e do chefe da Casa Civil do governo Agnello, Swendenber Barbosa, juntamente com outros secretários do GDF. Na plateia, uma militância composta por petistas, sindicalistas, movimentos sociais como o MST, profissionais de mídia – o evento foi aberto à imprensa – além dos embaixadores Maximilien Alverlaiz, da Venezuela, e Samuel Pinheiro Guimarães, ex-ministro de Assuntos Estratégicos do Governo Lula.

Na mesa também estava um membro da juventude do PT, que também fez uso da palavra, anunciando que foi protocolada uma representação na OEA contra o STF, “em razão da condenação sem provas de cidadãos brasileiros”. Pertencente à corrente interna ‘O Trabalho’, o jovem não fez qualquer crítica que culpasse a política de alianças – defendida por Lula e Dirceu – como a causa da crise apelidada de mensalão. Certamente, não seria uma crítica bem recebida, até porque Dirceu, um dos articuladores da política de alianças, lembrou e homenageou seguidas vezes o vice-presidente José Alencar, como prova do acerto desta política tática que viabilizou a chegada de Lula ao Palácio do Planalto.

Dirceu não concentrou seu discurso em hostilizar o STF, ao contrário, fez um balanço das conquistas alcançadas pelo governo Lula, com destaque para os programas sociais, como o Bolsa Família, que reduziram a miséria, a política de valorização do salário mínimo, a expansão do trabalho formal com milhões de novas contratações, e a ampliação do mercado interno. Falou ainda dos investimentos em saúde e educação, que, conforme frisou, permitiram aos pobres e negros o ingresso na universidade e também o acesso ao tratamento dentário como o programa Brasil Sorridente. Fez destaque também à política externa, mencionando o fortalecimento do Mercosul com o ingresso da Venezuela e, proximamente, da Bolívia e do Equador.

Não somos continuidade de FHC

“Não tem o menor sentido afirmar que o governo Lula é uma continuidade do governo FHC porque teria usado os mesmos instrumentos” , protestou, argumentando que, desde o primeiro momento, Lula, representando toda uma história de lutas do PT, colocou como prioridade os interesses do povo. “Hoje o povo brasileiro está do lado de dentro do Brasil, recuperou sua autoestima, tem orgulho de ser brasileiro. A diferença é que os pobres não apenas votam, como estão governando”, disse.

Dirceu lembrou que FHC praticamente quebrou o país, multiplicando a dívida pública, entregando patrimônio conquistado ao longo da história pelo povo e “foi ao FMI de pires nas mãos, pois tinha torrado toda a reserva externa”, apontou, lembrando que Lula, ao contrário, fortaleceu os bancos públicos, colocou o BNDES como instrumento de financiamento da produção, e democratizou o crédito, assinalando que esta foi a resposta brasileira à crise internacional.

Um movimento sólido

“Nós apenas iniciamos um processo de transformações sociais no Brasil e, para dar continuidade, é preciso um movimento de massas sólido, capaz de dar sustentação a essas mudanças, pois há ainda muito caminho a percorrer”, disse ele, lembrando que o PT ainda não tem maioria e, em razão disso, deve manter a política de alianças, até porque, como disse, por menor que sejam os partidos, eles representam alguma característica da sociedade brasileira, tão diversa e tão plural.

Ao elencar as metas que ainda precisariam, segundo sua visão, ser alcançadas, mencionou, entre outras, a eliminação do déficit habitacional, a redução da dependência tecnológica, a redução do custo de produção, o aumento da massa salarial para pelo menos 60% da renda nacional. O ex-ministro de Lula também rejeitou as críticas constantes feitas pela oposição e pela mídia acusando os governos do PT de corrupção, lembrando que são exatamente os que falam de desvios nas campanhas eleitorais os que não querem a reforma política, muito menos o financiamento público exclusivo de campanhas eleitorais.

E preciso se preparar politicamente

Ele finalizou lembrando que todas as ações da oposição destinam-se a impedir a continuidade deste projeto de mudanças, e entre essas ações citou as campanhas midiáticas e a Ação Penal 470, julgada pelo STF. “Não são fatos isolados, a oposição quer impedir a continuidade de um rumo de mudanças que está percebido e apoiado pelo povo brasileiro”, disse ele, convocando os militantes, os movimentos sociais e não apenas os petistas, para defender o rumo que o Brasil conquistou, com democracia e soberania, conforme destacou.

Nesta altura, previu que outras ações da oposição serão realizadas e que é preciso estar politicamente preparado para elas. Sinalizando que, para sustentar este curso de transformações que deve continuar, representando o legado não apenas de Lula , mas de todos os movimentos de cunho progressista da história brasileira, insistiu: “Temos que ter um movimento de massas sólido, forte, amplo, que dê sustentação a essas transformações sociais e garanta a sua continuidade em favor do povo brasileiro, eliminando a miséria e assegurando a soberania do Brasil”, concluiu.

*Beto Almeida Jornalista, Membro da Junta Diretiva da Telesur.

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