António Veríssimo
Felizmente que
ainda não somos obrigados a ouvir Cavaco Silva nas suas “prelecções” e
engasgues com laivos de tabus, muito menos somos obrigados a ler o que ele
disse e é veiculado pelos jornais ou outros instrumentos da internet, porque se
assim fosse seria uma enorme tortura e os vómitos suceder-se-iam pelo país
inteiro. Infelizmente tive de ler a peça que segue em baixo para perceber com
espanto que este alegado presidente da República, Cavaco Silva, não está cá, no
país da miserabilização, das golpadas BPN dos seus amigos e… As reticências são
muito importantes e (sem reticências) talvez um dia elas sejam extintas para
dar lugar à confirmação de suspeições ditas pelo país à boca cheia ou
encarceradas nas mentes de muitos que preferem nada dizer mas só pensar e
suspeitar. Digamos que é a síndrome do raciocínio por via das máfias político-partidárias.
Mas adiante, regressemos ao constante na peça mais em baixo, saída no jornal Expresso
pelas teclas manuseadas por Carlos Abreu. Avante.
Cavaco apela aos
jovens para estudarem e não desistirem. A que jovens? Aos excluídos? Só pode
ser. Quantos milhões são? Ele, o alegado PR, nem deve ter consciência disso.
Estudarem como? Como, se não lhes é garantido condições para isso? Muitos nem têm
modo de chegar às escolas porque na família o desemprego impera e aninha-se
junto à fome, à ausência de eletricidade por estarem em débito, e o gás, e a água
que falta nas torneiras pelo mesmo motivo, o débito por ausência de emprego e
até do imprenscindivel e humano subsídio de desemprego. E por todas essas carências
qualquer dia vai a casa. E Cavaco tem consciência disto? Saberá ele que há
estudantes sem conseguir ir à escola por falta de dinheiro para as viagens? Saberá
que a (in)segurança social do ministro Mota Soares usa de todos os subterfúgios
para se perder nos papéis e não pagar abonos de família, dar o devido direito às
famílias e aos alunos para usufruírem dos magros apoios sociais e escolares? Afinal
o que sabe este alegado presidente da República? É que se soubesse algo acerca
da realidade dos alunos e do país não pronunciava as palavras que constam na
peça em baixo.
Cavaco tem de ir às
escolas – mesmo que seja apupado e leve com ovos na farpela. Cavaco pode ir bem
perto, logo ali em Belém, por lá existem várias escolas que têm enxames de crianças
e adolescentes estudantes a viverem tenebrosos dramas (para os quais Cavaco
contribuiu e contribui). Um exemplo: A escola Marquês de Pombal, logo ali
vizinha de Cavaco e do seu exército palaciano bem alimentado e cheio de
mordomias, contabiliza uma taxa de cerca de 90 por cento de alunos carenciados.
Curiosamente existem os que estão sem qualquer tipo de apoio social por via das
tais já referidas “engenharias” da (in)segurança social de Mota Soares. Existem
os que vão nuns dias e noutros não porque falta dinheiro para transportes,
existem os alunos que já fazem coleção de multas da companhia Carris por serem
detetados a transportarem-se sem título de transporte. Existe a miséria, senhor
Cavaco.
Para Cavaco e
muitos outros do mesmo jaez e origens viverem à grande, com reformas douradas,
com casas douradas, com amigos dourados… Muitos destes alunos queixam-se de
dores de estômago. É fome. Mas nem têm direito a apoio escolar nem alimentar
(Mota Soares). O que eles têm é fome, senhor Cavaco.
No caso refere-se
estudantes em Lisboa mas há milhares e milhares pelo país com as mesmas
dificuldades. Quererá Cavaco fazer como o espanhol que tinha um burro a quem
negava alimento porque mesmo assim o burro trabalhava e não dava despesa. Pois
foi. E quando o burro já se habituara a não comer e mesmo assim trabalhar no
duro é que morreu.
Trabalhem, estudem,
dizem os de barriga cheia e contas bancárias a abarrotar… Falar por falar não
deveria ser o desempenho de um Presidente a sério, de um Presidente de todos os
portugueses e não só de alguns. Os daquela raça, a tal raça. Siga a peça, de
preferência sem vómitos.
Cavaco Silva apela
aos jovens: "Estudem, não desistam"
Carlos Abreu - Expresso
O Presidente da
República apelou hoje aos jovens para não desistir de estudar lembrando que é
uma das melhores formas de vencer a crise.
"Aproveitem a
oportunidade de estudar. Não desistam. Não desperdicem o que está hoje ao vosso
alcance e que dará os seus frutos quando mais precisarem". Foi com um
apelo sentido ao investimento dos jovens na sua educação que o Presidente da
República colocou um ponto final no discurso que proferiu esta manhã no Palácio
de Belém, em Lisboa, a fechar o encontro da associação Empresários Pela
Inclusão Social (EPIS).
"O tempo [de
crise] deve ser aproveitado para ir mais longe. Educar e aprender",
afirmou ainda o chefe de Estado para logo a seguir acrescentar: "Portugal
é um dos países onde é maior o retorno em educação."
Para Cavaco Silva,
"a educação é o fermento do progresso e do desenvolvimento".
"Se Portugal
esmorecesse no esforço para elevar os níveis de educação dos seus cidadãos, em
particular dos jovens, esse desperdício constituiria um novo fator de
agravamento da pobreza", acrescentou Presidente da República.
No encontro da
associação Empresários Pela Inclusão Social (EPIS), criada em 2006 com o patrocínio
do Presidente da República, foram apresentados o balanço da atividade no
triénio 2010-2012, os testemunhos de alunos, mediadores e mentores
participantes nos seus programas de combate ao abandono e ao insucesso
escolares.
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