Deutsche Welle
Primeiro na
Inglaterra e Irlanda, agora na França e Suécia: refeições congeladas da firma
Findus vendidas nos supermercados continham até 100% de carne equina, embora a
embalagem prometesse vaca.
Após provocar
escândalo no Reino Unido, carne de cavalo não declarada foi também detectada em
produtos congelados na França e na Suécia. A firma fornecedora, Findus, foi
forçada a retirar do mercado francês três de suas refeições prontas: a lasanha
à bolonhesa, o assado de carne moída e purê de batatas e a mussaca. Suas
lasanhas também foram retiradas dos mercados da Suécia.
O problema não é o
consumo de cavalos, em si. Além de não representar qualquer risco á saúde, essa
carne magra é até mesmo considerada uma iguaria em alguns países. No entanto, o
consumidor precisa poder confiar que a embalagem realmente contém o que anuncia
a etiqueta.
Tabu para os
ingleses
Já em meados de
janeiro, a constatação de carne equina em hambúrgueres supercongelados vendidos
nos supermercados da Grã-Bretanha e Irlanda provocou insegurança entre os
consumidores. As autoridades nacionais investigam o caso desde então.
A Food Standards
Agency (FSA), órgão de controle alimentar britânico, também verificou que a
carne das lasanhas examinadas da Findus continham até 100% de carne equina, embora
na etiqueta constasse "carne de vaca". De um total de 18 produtos
testados, 11 continham cavalo. Em reação, a FSA ordenou o exame laboratorial de
todas as refeições congeladas que oficialmente conteriam carne bovina.
A FSA exigiu de
comerciantes e fabricantes a comprovação de que seus produtos contêm o descrito
na embalagem. O órgão aconselhou, ainda, a população a evitar o consumo dos
produtos implicados, os quais também estão sendo examinados quanto à eventual
presença de medicamentos.
Ao contrário de
outros países, na Inglaterra o consumo de carne de cavalo é socialmente mal
visto. Consequentemente, as reações no país ao recente escândalo são bastante
exacerbadas. O primeiro-ministro David Cameron referiu-se ao episódio como
"chocante" e "completamente inaceitável". Embora
assegurando que não há risco de saúde, o governo anunciou que irá rever suas
normas relativas a alimentos.
Investigação
difícil
Os caminhos de
distribuição de gêneros alimentícios são muito difíceis de retraçar, já que os
parceiros encarregados do fornecimento variam, de país para país. Segundo a
Findus, os produtos em questão foram fornecidos pelo fabricante francês
Comigel. A carne de cavalo seria originária da Romênia, sendo entregue pela
unidade de processamento de carne Spanghero, com sede no sudoeste da França.
Em contrapartida,
os órgãos de saúde luxemburgueses declararam que a carne proveniente da França
seria processada para a Comigel pela firma Tavola, estabelecida em Luxemburgo.
Durante décadas, a Findus pertenceu à multinacional alimentar Nestlé. No
entanto, em 2000 esta vendeu uma grande parcela dos negócios ao Findus Group,
uma gestora de private equity que atualmente opera a partir de
Londres.
Em reação aos
achados nos supermercados britânicos, franceses e suecos, as autoridades da
Alemanha anunciaram que pretendem ampliar seus controles alimentares. No
passado, a fornecedora Comigel também distribuía para os supermercados do país.
AV/afp/dpa/rtr - Revisão: Clarissa Neher
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